Tratamento de povo antigo dá pista para combater superbactérias
Quando alguém ficava doente, os povos tradicionais de uma região da Irlanda do Norte costumavam enrolar uma porção de terra do solo em um tecido e aplicar na área afetada por nove dias. De alguma forma, este era um jeito de curar várias condições, como dores de dente e infecções.
Este tratamento foi o pontapé para um estudo que buscava formas de controlar as superbactérias, micro-organismos que são resistentes aos antibióticos que temos disponíveis. A pesquisa, publicada no periódico Frontiers in Microbiology, investigou as propriedades do solo da região de West Fermanagh Scarplands, em que a cura era aplicada, e descobriu que ele era rico em uma linhagem de Streptomyces, um gênero de bactéria produtor de antibióticos.
Ao estudar a linhagem Streptomyces sp. myrophorea, encontrada na região, os cientistas descobriram que ela era capaz de inibir a reprodução de três superbactérias: Acinetobacter baumannii resistente ao antibiótico carbapenema, Enterococcus faecium resistente a vancomicina e Staphylococcus aureus resistente a meticilina.
As superbactérias são diferenciadas de outros micro-organismos, pois já não se podem tratar com a maioria dos antibióticos tradicionais. Ao longo do tempo, o uso destes remédios vai promovendo mutações nas bactérias tratadas por eles, que vão se reproduzindo cada vez mais resistentes.
Assim, quando uma pessoa é infectada com uma superbactéria, seu tratamento fica bem mais difícil. É por isso que o uso de antibióticos é controlado em muitos países.
A pesquisa foi feita em parceria entre cientistas do Instituto Ruder Bodkovic, na Croácia, e das Universidades de Swansea e de Ulster, no Reino Unido. O próximo passo é descobrir quais componentes desta linhagem de Streptomyces é responsável por inibir as superbactérias.
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