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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Dr. Google pode prejudicar pacientes, ainda mais quando o assunto é câncer

Gracia Lam/The New York Times
Imagem: Gracia Lam/The New York Times

Jane E. Brody

Do New York Times

25/01/2019 14h35

Ao se deparar com um diagnóstico concreto ou potencial de câncer, a maioria das pessoas tende a consultar o dr. Google, muitas vezes antes mesmo de consultar um especialista de carne e osso. Infelizmente, o dr. Google nem sempre sabe tudo.

Na geração passada, o paciente dependia praticamente apenas de médicos para informar-se sobre doenças tais como o câncer. Hoje há a internet, carregada com uma verdadeira avalanche virtual de informações oferecidas por todo tipo de fonte, desde especialistas munidos de fatos baseados em evidências até pessoas vendendo produtos, ou mesmo completos charlatães. O segredo é saber a diferença, mesmo porque um conselho errado pode se tornar uma questão de vida ou morte.

"As pessoas podem facilmente acessar um site cujas informações as induzam a tomar decisões que nem sempre são de seu interesse", me informa a dra. Lidia Schapira, médica oncologista do Centro Médico da Universidade de Stanford. Ela é editora do www.cancer.net, um site totalmente confiável dirigido a pacientes, suas famílias e amigos, com informações claras e cientificamente comprovadas sobre o câncer e seu tratamento.

Como especialista em câncer de mama, Schapira já tratou de mulheres que recusaram terapias pós-operatórias com medicamentos como o tamoxifeno ou um inibidor de aromatase, pois haviam lido na internet que esses tratamentos eram prejudiciais, apesar de extensas pesquisas comprovarem sua eficácia na prevenção da recorrência do câncer de mama. "A convicção de que essas terapias são danosas é uma reação emocional, e o médico tem muita dificuldade em transmitir fatos por cima das emoções", ela explica.

A Sociedade Americana contra o Câncer (ACS) alerta: "Quando o assunto é câncer, uma informação incorreta pode piorar a situação. Na internet, muito do que é passado como informação se baseia em opiniões, estratégias de venda e testemunhos pessoais --coisas sem fundamento na ciência criteriosa. Qualquer um pode publicar qualquer tipo de informação ou passar adiante informações limitadas, imprecisas ou totalmente incorretas. E ainda há os que tentam enganar."

Caso você esteja preocupado com algum sintoma sem explicação, a internet oferece mais de vinte "diagnósticos online" e um paciente pode entrar em pânico se, ao checar seus sintomas, terminar achando que a causa mais provável é o câncer. Praticamente qualquer sintoma pode ser causado por câncer, desde tosse persistente até constipação crônica, mas um médico qualificado logo descartará essa hipótese após um exame médico adequado e uma avaliação da história pessoal e familiar do paciente.

Um ano atrás, no jornal "The Hartford Courant", o médico familiar David W. Wolpaw, de Manchester, Connecticut, contou que um rapaz de uns 20 anos teve dor de garganta por uma semana; após uma pesquisa na internet, passou a crer que tinha câncer bucal. O médico relatou que o rapaz não tinha fatores de risco para câncer, e um exame confirmou que sua doença não era nada pior que uma gripe.

"Não se deve esperar que um website substitua um médico", Wolpaw escreveu. Além de ter estudado durante anos e ter experiência prática, "seu médico conhece você, seu histórico médico e familiar, fatores de risco, etc., muitíssimo melhor do que a internet", acrescentou. Além disso, escreveu: "Um site pode aparentar ser de confiança até mesmo quando publica informações sem base em evidências científicas."

Quem procurar o mais novo elixir milagroso certamente o encontrará na internet. Fuja! A ACS recomenda muita cautela com sites que afirmam ter uma "descoberta científica", um "ingrediente secreto", uma "cura milagrosa" ou um "remédio tradicional", assim como com vendas de produtos que garantem seu dinheiro de volta, disponíveis em apenas uma fonte ou que afirmem curar uma ampla variedade de moléstias.

Dito isso, as pessoas que enfrentam o câncer podem muitas vezes conseguir informações valiosas e apoio por intermédio da internet. "A internet permite acesso a informações cientificamente comprovadas. Ela pode ajudar o paciente a se preparar melhor para uma consulta com um especialista. E, após a consulta, o paciente pode verificar o valor da opinião do médico", afirma Schapira.

Ela sugere confiar mais nos recursos da internet que não tenham interesses comerciais. Até mesmo um site publicado por uma instituição médica pode ser autopromocional. Além do www.cancer.net, que é elaborado por membros da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, Schapira recomenda as informações oferecidas pela já mencionada Sociedade Americana contra o Câncer (www.cancer.org) e pelo Instituto Nacional do Câncer (www.cancer.gov), bem como a seção gratuita para pacientes num site chamado UpToDate, que traduz em termos leigos as melhores informações da medicina.

O Instituto do Câncer menciona que as três letras anexadas ao nome de domínio de um site são um indício da independência e validade das informações passadas por eles; em vez de .com, prefira endereços terminados em .edu ou .gov.

Além de trazer valiosas informações e orientações de fontes confiáveis, a internet ajuda o paciente a encontrar suporte psicológico em grupos online. Numa análise de 170 estudos de pacientes usuários de informática, Danielle Gentile, do Instituto Levine da Atrium Health, em Charlotte, Carolina do Norte, e seus coautores concluíram que as comunidades de mídia social podem ser muito úteis a um paciente com câncer, especialmente caso não tenha apoio familiar ou social. O paciente com câncer pode conversar com outros, anonimamente ou não, sobre questões emocionais e espirituais, além de obter dicas em primeira mão de como lidar com problemas relacionados ao tratamento.

Mas enquanto algumas comunidades online "são administradas por profissionais de medicina, outras são mantidas por pessoas sem nenhum conhecimento científico", avisa Schapira. As informações colhidas pelo paciente nessas comunidades devem ser discutidas com o médico, para evitar que o paciente seja induzido a seguir conselhos errados.

Ela também sugere que não se pressione o paciente a pesquisar sobre a doença, a menos que ele já esteja preparado emocional e intelectualmente para lidar com as informações que encontrar.

"Talvez seja melhor deixar que outras pessoas busquem informações. Pessoas diferentes precisam de informações diferentes em momentos diferentes. Algumas não conseguem digerir a informação toda logo no começo, o que é totalmente normal. Algumas preferem receber a informação, mas deixar as decisões para os médicos, enquanto outras querem ter a opção de tomar decisões elas mesmas."

Não tenha receio de discutir remédios alternativos com os médicos que estão tratando seu câncer, e sempre os informe sobre qualquer remédio que você queira experimentar, caso este possa ter uma má interação com o tratamento já prescrito.

"Atualmente, quase todos os grandes centros médicos têm departamentos de medicina integrativa, e os oncologistas de hoje estão conscientes de que a mente pode influenciar a saúde física", conclui Schapira.

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