Seu genes podem dizer se você terá dengue severa ou não
Não existe um tipo bom de dengue, mas alguns casos podem ser mais graves que outros, e os médicos tem dificuldade em determinar quais são os pacientes com uma recuperação mais tranquila e quais podem ficar em um quadro severo quando infectados.
Para tentar facilitar o diagnóstico dos diferentes tipos, cientistas da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, vasculharam a expressão genética de pacientes infectados pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti tentando achar sinais que deem pistas sobre a gravidade do quadro. O resultado da análise foi publicado na revista científica Cell Reports.
Em todo o mundo, de 5% a 20% dos casos de dengue avançam para severos. Atualmente, o padrão de atendimento se resume em atender o paciente e esperar sintomas específicos e resultados de exames laboratoriais que surgem nos estágios finais da doença.
"Essas práticas não são suficientemente sensíveis ou precisas, e alguns pacientes acabam internados no hospital desnecessariamente, enquanto outros são dispensados prematuramente", disse Shirit Einav, professor de medicina, microbiologia e imunologia envolvido no estudo.
Os pesquisadores usaram cinco artigos publicados anteriormente que relatavam dados sobre cerca de 450 pacientes com dengue de vários países para identificar qual era o conjunto de genes que expressava a dengue grave.
Eles buscaram pelos genes que independentemente do histórico do paciente, da idade e da genética do próprio vírus em diferentes regiões do globo apareciam sempre em resposta molecular em uma infecção por dengue. Em seguida, compararam os genes de casos de infecções não complicadas por dengue e aquelas com dengue grave.
Depois do longo trabalho de análise, os cientistas identificaram 20 genes que podem prever a probabilidade de um indivíduo desenvolver uma forma grave de dengue com cerca de 80% de precisão. Os genes mostraram um padrão de expressão específico: 17 eram pouco expressivos, enquanto três eram hiperativos.
Com tais dados foi possível criar um sistema de pontos que pode variar dependendo da expressão desses 20 genes, mas quanto maior o escore, maior o risco de dengue grave.
Foram feitos testes só analisando os exames de pacientes, mas também existiram análises em 34 pacientes que se consultaram no Centro de Pesquisa Clínica da Fundação Valle del Lili, na Colômbia. O resultado foi um sucesso ao prever os pacientes com dengue severa e falhar em poucos casos.
Os pesquisadores planejam realizar ensaios maiores para levar a avaliação ao uso clínico. Eles já estão expandindo os testes para o Paraguai. Os avanços podem até resultar em uma nova terapia para dengue, mas ainda é preciso tempo e estudo para respostas mais concretas.
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