Neymar usa método com próprio sangue para acelerar recuperação. Funciona?
Neymar sofreu uma lesão no pé e precisou deixar os gramados para se cuidar. O PSG (Paris Saint Germain) anunciou que os médicos optaram por um tratamento conservador para corrigir a fratura no quinto metatarso do pé direito (local que ele operou ano passado), e não houve menção a cirurgias.
Para tentar acelerar a recuperação, a equipe do jogador investiu em um tratamento chamado PRP (plasma rico em plaquetas) que promete melhorar a área lesionada. Neymar passou pelo procedimento em Barcelona, na Espanha, na semana passada e voltou para Paris, na França, para continuar a recuperação em casa.
"No método, o paciente vai ao consultório e tira um pouco de sangue, como se estivesse fazendo um exame de rotina. Essa dose é colocada em uma centrífuga que separa os elementos do sangue e consegue isolar o plasma," diz Alexandre Stivanin, ortopedista membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Em seguida, os médicos injetam o plasma coletado do próprio paciente na área lesionada --que pode ser qualquer tecido, como tendão, cartilagem, músculo.
É interessante colocar o plasma na lesão por ele ser rico em plaquetas, que são responsáveis pela coagulação do sangue.
"No PRP separam o sangue venoso e, dependendo do tipo de procedimento, é possível pegar células tronco, mas pode ser que não venha nenhuma dessas células menos diferenciadas. De qualquer forma, o método distingue sangue concentrado, plasma e plasma rico em plaquetas. Disso tudo, o que mais importa são os fatores de crescimento derivados das plaquetas, que são fortes fatores de cicatrização," explica Pedro Sasaki, fisioterapeuta pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e atuante no Instituto do Joelho do HCor (Hospital do Coração).
O procedimento não é só sobre plaquetas, também conta com outros componentes de recuperação, mas elas estão em maior concentração e quanto mais plaquetas, melhor a cicatrização.
A PRP parece promissora, mas existem ressalvas. "Não é um procedimento inédito, o Ronaldinho e o Nadal já usaram, mas ele não tem comprovação científica, então sua eficácia ainda é questionada," diz Thiago Righetto, ortopedista com especialização em traumatologia do esporte que foi médico pelo Comitê Paralímpico Brasileiro na Paralimpíada do Brasil em 2016.
"Na Europa é mais comum, a Espanha é a maior produtora de artigos científicos sobre PRP no mundo. Mas no Brasil, por exemplo, o CMF (Conselho Federal de Medicina) não liberou esse tratamento em caráter definitivo justamente por não ter pesquisas que comprovem a eficácia", comenta Sasaki. "Existem os textos que apoiam, os que dizem que é indiferente e os que dizem que os fatores de crescimento podem aumentar o processo inflamatório em um efeito rebote," completa Sasaki.
A dificuldade em obter estudos conclusivos ocorre pois o resultado depende do local da lesão, do histórico do atleta, das quantidades aplicadas e até da centrifuga utilizada.
A ideia pode ter soado apelativa no caso de Neymar por ser simples, pouco invasiva e não demandar muito tempo longe dos gramados como uma cirurgia. Segundo Marcio Fonseca, ortopedista da Clínica Megamed, a área que o jogador machucou pela segunda vez costuma ter menos circulação de sangue, o que leva a uma consolidação mais lenta, onde estratégias que visam a aceleração do processo são bem-vindas.
Logo após o procedimento, as recomendações são evitar esforço e atividades de reabilitação mais puxadas nas 48 h seguintes, nada que alguém lesionado já não faça. E nada disso quer dizer que o atacante vá voltar a jogar mais cedo. "Uma fratura demora cerca de um mês, um mês e meio para se consolidar, fora o tempo de mais algumas semanas para a reabilitação que o atleta precisa para voltar a forma física e lidar com a perda muscular do repouso. Mesmo com a PRP, os médicos dão cerca de dois meses de afastamento para o craque, o método não faz milagre" afirma Righetto.
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