Meghan Markle diz que fará hipnoparto; método não é comprovado pela ciência
Depois do casamento real, o nascimento do filho do duque e da duquesa de Sussex é o novo centro das atenções no Reino Unido (e em boa parte do mundo), já que o parto promete fugir dos métodos tradicionais. Em uma entrevista à revista Vanity Fair, fontes que se dizem próximas ao casal afirmam que Meghan Markle planeja um parto normal. Para isso, ela teria contratado uma doula --profissional que presta assistência à gestante durante e após o nascimento do bebê --, iniciado sessões de acupuntura para "acelerar o fluxo sanguíneo para o útero" e começado a desenvolver técnicas de hipnoparto.
O nome é a tradução para HipnoBirthing, termo cunhado pela hipnoterapeuta Marie Mongan para um método que envolve técnicas de auto-hipnose e relaxamento e promete fazer com que as grávidas se sintam melhor durante o trabalho de parto. A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), procuradas pelo UOL VivaBem, não reconhecem a prática do hipnoparto e não apoiam seu uso.
De acordo com Alexandre Puppo, obstetra, membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein e membro do projeto Parto Adequado, o método é uma terapia alternativa, assim como a aromaterapia ou a cromoterapia. "A questão é que as terapias alternativas não devem se sobrepor a um tratamento cientificamente comprovado. Porém, se elas não causarem malefício, a mulher pode ou não optar por escolha própria", diz o especialista.
Puppo continua: "Eu jamais indicaria como uma medicação, não prescreveria, mas posso sugerir para o bem-estar, conforto da paciente. Tem trabalhos mostrando que pessoas religiosas reagem melhor à dor, por exemplo. É a mesma coisa. Não vou dizer a ela que não pode rezar, desde que não troque a oração pelo tratamento que cientificamente se comprove eficaz".
O Conselho Federal de Medicina (CFM) especifica que a hipnose pode ser utilizada para condições psicossomáticas, liberação de memórias reprimidas, alívio de dor, controle de hábitos (como tabagismo) e para amenizar ansiedade, estresse ou depressão.
E não é qualquer pessoa que pode praticar, não basta ter um curso de hipnose se o profissional não for formado previamente em específicas áreas da saúde. De acordo com o CFM, a hipnose deve ser "executada por médicos, odontólogos [para dor] e psicólogos, em suas estritas áreas de atuação". O profissional precisa ter uma base sobre como o cérebro funciona para não desencadear complicações e administrar as consequências da hipnose.
Mas o que é exatamente o hipnoparto?
Segundo Osmar Colas, médico obstetra, ex-docente do Departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina e atual presidente da Associação Brasileira de Hipnose, a técnica não é nova e se espalhou pelo mundo, inclusive no Brasil, no século passado. "Era conhecida como método psicoprofilático do parto, mas hoje chamamos de condicionamento psicofisiológico para o parto", explica ele.
A ideia do método é reduzir as dores e a ansiedade da mãe no trabalho de parto por meio de uma série de exercícios de respiração. A indicação é que a mulher procure pelo treino dessa técnica de auto-hipnose e relaxamento quando tiver mais de cinco ou seis meses de gravidez, já sem riscos de perder o bebê, que é o caso de Megan, que está no sexto mês de gestação.
A prática envolve uma combinação de técnicas de respiração profunda, visualização e solicitações de meditação. "É como um mindfulness, que não deixa de ser uma auto-hipnose", diz Colas. Ele explica que o hipnoparto ensina a mulher que ela não deve pensar na dor entre as contrações e sim focar na respiração, imaginar o rosto do bebê calmo e tranquilo, agradecendo-a pelo esforço.
Puppo ressalta que a mulher grávida tende a estar ciente de que vai enfrentar uma situação que talvez seja a mais difícil de sua vida e, portanto, costuma buscar subterfúgios para se apoiar nesse momento. "O trabalho de parto consiste num músculo involuntário que se contrai ao longo de horas, geralmente entre oito e 18 horas. É normal algumas pacientes buscarem meios de diminuir a dor, como meditação, a imersão na banheira e, como é o caso, a hipnose", diz o obstetra.
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