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Remédio contra HIV é eficaz em doenças do envelhecimento, diz estudo

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Imagem: iStock

Do UOL VivaBem, em São Paulo

08/02/2019 15h13

Um estudo publicado no periódico científico Nature mostrou que um medicamento de HIV pode ser eficaz no tratamento contra doenças ligadas ao envelhecimento, como o Alzheimer

"Isso é promissor no tratamento de desordens associadas à idade, incluindo a doença de Alzheimer", disse John Sedivy, um dos autores do estudo. "E não apenas a doença de Alzheimer, mas muitas outras doenças: diabetes tipo 2, Parkinson, degeneração macular, artrite, todas essas coisas diferentes. Esse é o nosso objetivo".

Os cientistas fizeram os testes em camundongos e descobriram que o tratamento de HIV reduz significamente a inflamação relacionada à idade e outros sinais de envelhecimento.

Os pesquisadores descobriram como acontecem as inflamações das células velhas. De acordo com os cientistas, sequências de DNA são capazes de se reaplicar e se mover para outros lugares.

A equipe mostrou que uma classe chamada L1 "escapou" do controle celular e começou a se replicar em ambas as células senescentes-células velhas que não se dividem mais em ratos velhos. 

No trabalho científico, a equipe mostrou que as cópias de L1 são detectadas por uma resposta imune antiviral e desencadeia a inflamação nas células vizinhas. 

"O uso de medicamentos que inibem uma enzima chamada de "transcriptase reversa" (usados em pacientes com HIV) impede esse processo inflamatório e podem ser considerados como novos alvos terapêuticos para o envelhecimento e doenças neurodegenerativas", ressaltou Stevens Rehen, cientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino.

Relação com HIV

As cópias de DNA L1 precisam de uma proteína específica chamada transcriptase reversa. O HIV e outros retrovírus também exigem que as proteínas dessa proteína se repliquem.

No ano passado, pesquisadores que a capacidade do AZT, primeiro medicamento desenvolvido para tratar HIV, em interromper a transcriptase reversa que ocorre não só no vírus como nas mudanças de DNA das células neuronais, processo que leva à produção de proteínas beta-amiloides

Os atuais coquetéis multi-medicamentos usados para tratar ou prevenir o HIV ainda contêm inibidores específicos da transcriptase reversa. Os autores pensaram que esta classe de drogas pode impedir a replicação do L1, semelhante ao vírus, e assim prevenir a resposta imune inflamatória.

Teste com proteína 

Os pesquisadores testaram seis diferentes inibidores da transcriptase reversa do HIV para verificar se eles poderiam bloquear a atividade do L1. Uma droga genérica contra HIV, a lamivudina, se mostrou eficaz pelos baixos efeitos colaterais. 

O crescimento de células humanas na presença de lamivudina não teve impacto quando as células atingiram a senescência ou as mataram. 

"Quando começamos a dar este remédio para o HIV a ratos, notamos que eles tinham esses incríveis efeitos anti-inflamatórios", disse Sedivy. 

Embora os resultados sejam promissores, ainda é necessário mais estudos para investigar a relação entre HIV e doenças do envelhecimento. 

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