Gracyanne Barbosa treina até as pernas tremerem; prática é eficaz e segura?
No último domingo (10), Gracyanne Barbosa compartilhou em seu Instagram um vídeo em que aparece treinando as pernas, com cara de muito sofrimento. A musa fitness faz uma sessão de seis repetições lentas na cadeira extensora e chega a ficar com as pernas tremendo de tanto esforço. Ao lado, o personal grita: "Deixa tremer".
Cenas como essas já viraram rotina em diversas academias por aí. O tremor das pernas ou de alguma parte do corpo é conhecido como fasciculação muscular e ocorre por falta de energia ou fadiga muscular. Geralmente, isso acontece quando a pessoa faz musculação ou algum exercício de força e está submetido a um peso maior do que consegue suportar. Mas será que chegar a esse ponto significa que o treino está sendo eficaz?
De acordo com Roberto Bizaco, médico do esporte e preceptor da Medicina Esportiva do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), a prática, se feita de maneira excessiva, pode provocar diversos problemas. O ideal é não deixar que algum membro do corpo trema muito. "Isso é um treinamento intenso, acaba pegando mais pesado que o músculo consegue suportar, podendo provocar lesões", alerta.
"Nem sempre malhar com muita intensidade e chegar a tremer e fazer caretas de dor é sinal de que o treino está sendo eficaz. Essa perspectiva de sofrimento é ineficiente e existe um limite para a fadiga muscular", ressalta Paulo Gentil, profissional de educação física, doutor em ciências da saúde e professor da UFG (Universidade Federal de Goiás).
Quando há grande estresse muscular, o nível dos hormônios anabólicos (responsáveis pela construção do músculo e tecidos) cai e o nível de hormônios catabólicos (responsáveis pela destruição dos tecidos e músculo) sobe, o que tende a prejudicar os resultados. O corpo humano precisa de um equilíbrio e quando você treina, o foco é em aumentar o anabolismo de modo que exceda o catabolismo. No entanto, quando há muito treino, os níveis de hormônios catabólicos ficam em excesso no organismo gerando um balanço negativo.
"Nós observamos que nem sempre cargas pesadas são responsáveis pelos resultados pós-treinos. Em uma pesquisa recente, vimos que muitas séries em um treino não garantem os melhores resultados", diz Gentil.
O estudo apontado por Gentil foi publicado no periódico Medicine & Science in Sports & Exercise e mostrou que menos pode ser mais quando o assunto é resultado nos treinos. A pesquisa acompanhou 40 mulheres durante 24 semanas e quis comparar os volumes de treinamento resistido e o desempenho muscular e hipertrofia. O trabalho dividiu as voluntárias em grupos que realizavam cinco séries com 5, 10, 15 e 20 repetições de séries por semana.
No final da pesquisa, os cientistas puderam observar que quem treinava menos (com 5 e 10 séries por semana) apresentou resultados satisfatórios para obter ganho de músculo e melhora na força muscular, enquanto quem praticava séries maiores tinham resultados piores no pós-treino.
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