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O que pode ser?

A partir do sintoma, as possíveis doenças


Dor de garganta: álcool, refluxo e até respirar pela boca são causas

A dor de garganta geralmente se resolve rapidamente, sem maiores complicações - Di Vasca/ Arte UOL VivaBem
A dor de garganta geralmente se resolve rapidamente, sem maiores complicações Imagem: Di Vasca/ Arte UOL VivaBem

Cristina Almeida

Colaboração para o UOL VivaBem

19/02/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Além de deixar a garganta dolorida, vermelha e inchada, problema pode gerar tosse, moleza, febre...
  • A doença geralmente é causada por vírus ou bactérias, mas também pode ser gerada por álcool, tabagismo, poluição e exposição ao ar-condicionado
  • Tratamento geralmente é feito com antitérmicos, analgésicos e anti-inflamatórios
  • Manter-se bem hidratado, cuidar da higiene bucal e ter uma alimentação saudável ajuda a evitar problema

A dor de garganta é uma queixa comum e que geralmente se resolve rapidamente, sem maiores complicações. Mas pode acontecer de o incômodo persistir por um longo tempo. Nesse caso, a intervenção médica é essencial. Isso porque a solução do problema, por vezes, prevê o uso de antibiótico, um tipo de medicamento que precisa ser utilizado com cautela.

A garganta, também chamada de faringe, é a região que fica atrás da sua boca, logo abaixo das fossas nasais e acima do esôfago e da traqueia. Trata-se de uma passagem muscular que facilita a passagem dos alimentos e do ar.

Como percebemos a dor

A sensação pode ser localizada, acometer as amígdalas, a parede posterior da faringe e seguir até a laringe. A intensidade varia de pessoa a pessoa. Você sente dificuldade para engolir e pode notar que os gânglios da região do pescoço estão aumentados. A garganta fica mais vermelha e inchada e é possível visualizar pontos de pus, que podem cobrir todo o órgão.

Além disso, você pode ter:

  • Dor de cabeça e no corpo;
  • Dor reflexa no ouvido ou no pescoço;
  • Sensação de que há algo preso na garganta;
  • Tosse;
  • Pigarro;
  • Rouquidão;
  • Mal-estar;
  • Moleza;
  • Falta de apetite;
  • Febre;
  • Calafrio.

Quais as causas do problema

De acordo com dados do Centro Nacional de Informação em Biotecnologia, do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NCBI-NIH), 50% a 80% das faringites (dores de garganta) têm como fator desencadeante uma infecção bacteriana ou viral.

As causas mais comuns podem ser classificadas como irritativas ou não infecciosas e infecciosas.

Irritativas ou não infecciosas:

  • Baixa umidade do ar;
  • Exposição ao ar-condicionado e poluição;
  • Tabagismo;
  • Uso inadequado ou excessivo da voz;
  • Abuso de álcool;
  • Respiração pela boca por causa de alergias ou nariz entupido;
  • Refluxo do ácido do estômago que sobe para a garganta (refluxo gastroesofágico);
  • Lesão causada por ingestão de alimento cortante (casca de pão, espinha de peixe), corte e contusão

Infecciosas

- Vírus: resfriados, gripes, inflamações nas amígdalas (amigdalites), na faringe (faringites) e laringe (laringites) virais são as situações mais vistas nos consultórios e, frequentemente, se relacionam ao adenovírus, rinovírus, vírus sincicial respiratório e influenza (causador da gripe). Embora sejam mais raros, também pode haver infecção pelos vírus Epstein-Barr (mononucleose) e citomegalovírus.

- Bactérias: faringites e amigdalites são causadas mais comumente por Estreptococos do grupo A. Outros agentes bacterianos conhecidos são: Mycoplasma pneumoniae, Staphylococcus aureus e Haemophilus SP.

Como se dá a infecção?

De pessoa a pessoa. Isto é, você pega de alguém que já está infectado. Por exemplo, quando uma pessoa tem uma gripe e espirra ou tosse perto de você, ela emana partículas infecciosas no ar que poderão alcançá-lo.

Quem precisa ficar atento

O grupo mais afetado é o formado por indivíduos com idade abaixo dos 15 anos. As mais prejudicadas são as crianças menores de 5 anos. Adultos também apresentam o sintoma, mas em menor escala e, geralmente, devido a causas irritativas.

Contudo, os especialistas chamam a atenção para o aumento de casos de inflamação do tipo irritativa nos pequenos e adolescentes, o que revela uma relação com as condições climáticas e hábitos alimentares da vida moderna.

Quando procurar ajuda médica

Em geral, a dor de garganta, seja ela de origem viral ou bacteriana, se resolve sozinha (é autolimitada), e no período de três, cinco até sete dias. A inflamação acomete os dois lados da região, mas não obstrui as vias aéreas.

Nesses casos, o problema pode ser tratado em casa com analgésicos como o paracetamol, que também ajuda a controlar a febre. A boa hidratação é recomendada. Na hipótese em que a sensação é intensa, persiste por mais de 48 horas, e ainda está associada aos sinais e condições abaixo indicados, a melhor coisa a fazer é procurar um médico para avaliação:

  • Febre intensa (39 °C), por mais de 48 horas;
  • Dor no corpo;
  • Queda do estado geral;
  • Dificuldade de abrir a boca, se alimentar ou respirar;
  • Você faz uso de medicamentos que prejudicam o sistema de defesa do corpo;
  • Você tem HIV.

O que acontece na consulta

No pronto-socorro ou no consultório, o médico fará o exame clínico, ou seja, ele ouvirá o seu relato, observará os sinais que você apresenta e examinará o seu corpo. Quando há suspeita de algum tipo de complicação, outros exames serão solicitados, como por exemplo, teste sanguíneo, tomografia de pescoço e face e testes rápidos de bactérias da boca.

Como é feito o tratamento

Os especialistas afirmam que a terapia dependerá da causa da dor de garganta. Entretanto, como a maior parte dos agentes causadores desses sintomas são virais (gripes, resfriados etc.), o tratamento se resume no uso de antitérmicos, analgésicos e anti-inflamatórios.

Nem sempre é necessário o uso do antibiótico, que deve ser usado somente quando os sintomas são mais intensos e prolongados —indicando a presença de uma doença bacteriana. Aí, nesses casos, o antibiótico será a medicação correta.

Ao escolher esse fármaco, o objetivo do médico é melhorar as condições gerais do paciente, reduzir o período de contágio e prevenir complicações. Alimentação adequada e hidratação também fazem parte dessa estratégia.

Cada corpo responde de um jeito às terapias medicamentosas. Mas, em geral, a faringite se resolve no período de sete a dez dias. A exceção são os casos de resistência ao antibiótico, uso indevido da medicação (você não toma o remédio da forma como o médico prescreveu), ou a continuidade do convívio com pessoas contaminadas sem tratamento.

Conheça melhor sua garganta

O órgão é revestido por uma membrana que produz muco e têm minúsculos cílios (filamentos), parecidos com os dos seus olhos. São eles os responsáveis pelo transporte das partículas até o esôfago, permitindo que você os engula.

Nos dois lados da parte posterior da boca é possível visualizar as amígdalas. Adiante da fossa nasal se situam as adenoides —essas estruturas têm função imunológica (ajudam a combater as infecções) na infância.

Você também pode observar facilmente a úvula, aquela saliência pendente na parte de trás da garganta, entre as amígdalas. O trabalho dela é da mais alta importância: conter alimentos e líquidos para que eles não entrem na fossa nasal enquanto você come ou bebe.

E a garganta ainda está acompanhada pela laringe —o órgão da voz, e da epiglote — que abre e fecha, prevenindo que alimentos e líquidos avancem pela traqueia até os pulmões.

Quando a retirada das amígdalas é a melhor solução?

Alguns adultos e crianças apresentam esse sintoma muitas vezes em curto prazo. E pode acontecer de ter de usar antibióticos de cinco a sete vezes no período de 12 meses. Isso é a porta de entrada para o que os especialistas definem como resistência ao medicamento, que tem como consequência o uso de remédios cada vez mais fortes.

Quando essa abordagem se torna uma desvantagem para o paciente, a cirurgia para a retirada das amígdalas, que se chama tonsilectomia, poderá ser indicada. A ideia é melhorar a qualidade de vida do indivíduo.

Complicações

Elas são raras e afetam menos de 1% das pessoas com dor de garganta. Quando a queixa persiste, mesmo após os cuidados médicos, é preciso voltar a falar com o seu médico —ele é a única pessoa capaz de investigar se há algo mais grave por trás do sintoma.

Como prevenir infecções

A dor de garganta tem como causas principais a infecção por vírus ou bactéria. Por isso, pode ser difícil preveni-la. Mas as chances de infecção diminuem se você praticar a boa higiene e mantiver as vias áreas protegidas, adotando as seguintes atitudes:

  • Vacine-se contra gripes;
  • Invista em uma alimentação saudável e balanceada;
  • Pratique atividade física regularmente;
  • Mantenha uma rotina que garanta a qualidade do seu sono;
  • Evite ambientes com concentração excessiva de pessoas;
  • Capriche na hidratação diária (beba de 2 a 3 litros ao dia);
  • Faça lavagens nasais com soro fisiológico a 0,9%;
  • Mantenha a casa limpa e arejada;
  • Use umidificadores em períodos de baixa umidade;
  • Afaste-se de pessoas que estejam tossindo ou espirrando;
  • Lave bem as mãos ao chegar em casa e após as refeições;
  • Tenha boa higiene bucal;
  • Procure não roer as unhas;
  • Proteja sua boca e o nariz ao tossir ou espirrar com um lenço se estiver gripado;
  • Evite partilhar utensílios como talheres, copos;

Quando a dor já se instalou, você pode ajudar no tratamento tomando as seguintes medidas:

  • Faça uso correto de analgésico e antitérmico. Se os sintomas não cederem, procure ajuda imediata
  • Repouse;
  • Prefira alimentos e bebidas em temperatura ambiente --nem muito quente, nem muito frio. Isso evita irritar ainda mais a garganta;
  • Aproveite para experimentar pastilhas para dor de garganta. Adultos e crianças que saibam fazer uso de balas duras podem ser beneficiados;
  • Faça gargarejo com água morna e sal. A prática pode aliviar a dor;
  • Mantenha-se hidratado, especialmente se tiver febre;
  • Evite fumar ou ambientes onde haja fumaça.

Fontes: Aline Garcia Fagan, otorrinolaringologista da Clínica Croce (SP); Fausto Nakandakari, médico do Hospital Sírio Libanês (SP), especialista em otorrinolaringologia pela AMB (Associação Médica Brasileira) e pela ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico- Facial), além de especialização em laringe e voz pelo HCFM-USP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Mayra de Freitas Centelhas Martinelli, otorrinolaringologista, membro da ABORL-CCF e do corpo clínico da Amil (SP).
Revisão técnica: Aline Garcia Fagan e Fausto Nakandakari.

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