Cuidado no Carnaval: sífilis não passa só no sexo oral e na penetração
Resumo da notícia
- É possível pegar sífilis, clamídia e gonorreia no braço e até pescoço se você carregar a garota no ombro e a bactéria entrar em contato com a pele
- A melhor prevenção é fazer os testes com frequência e usar camisinha sempre
- A infecção não tem rosto e muitas vezes nem sintoma. É bom as pessoas saberem que elas podem pegar IST de um indivíduo que aparentemente não tem nada
Você deve estar cansado de ler sobre os riscos de contrair uma IST (Infecção Sexualmente Transmissíveis) no Carnaval e já decorou a recomendação para se proteger: use camisinha. Mas saiba que, quando o assunto é sífilis, gonorreia e clamídia, as chances de pegar essas doenças ultrapassam o sexo sem preservativo.
Essas três infecções causadas por bactérias são as com maior transmissibilidade, ou seja, são mais fáceis de pegar. Quer um exemplo bizarro, mas que não é impossível de acontecer? Pegar sífilis no pescoço, ao carregar a garota no ombro durante o bloquinho, por exemplo. Sim, de acordo com Rico Vasconcelos, médico infectologista pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), pode ocorrer.
"Óbvio que esses casos curiosos são raros, mas são possíveis. Isso porque o Treponema pallidum [bactéria que causa a sífilis] consegue entrar na pele íntegra, sem machucados, e infectar o pescoço, o braço ou a boca da pessoa. É só haver contato", conta Vasconcelos. A clamídia e a gonorreia não são diferentes e também podem ser transmitidas apenas por contato, sem lesões. Portanto, se a garota tiver e ficar "esfregando" a região genital no seu pescoço, as bactérias presente nas secreções podem infectar você.
É claro que as chances de ser infectado são maiores durante a relação sexual --e pode incluir sexo oral e masturbação aí. O contato da mão e da boca com o lugar onde a bactéria vive aumenta as chances de transmissão.
Quem vê cara não vê sífilis
O pior de tudo é que há uma grande porcentagem de pessoas que têm essas bactérias e não apresentam sintomas, de acordo com Vasconcelos. "Imagine você, no meio do Carnaval, recebendo sexo oral de uma pessoa que não tem sinal algum. Na hora que ela encosta a boca em seu genital você já corre o risco de ser infectado", explica ele.
"Quando o indivíduo tem a forma sintomática da sífilis, como o cancro, a transmissibilidade é maior. O problema é que, quem não tem sintoma e não vai ao médico, nunca vai saber que tem a bactéria e a espalha por aí".
Segundo Aluisio Segurado, coordenador do Comitê de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Sociedade Brasileira de Infectologia, para uma pessoa transmitir as infecções ela não precisa estar doente, só precisa ser portadora da bactéria.
É por esse motivo que a melhor prevenção é justamente o portador saber que tem a bactéria. E aqui voltamos à história de que não basta usar camisinha, é preciso fazer os exames com frequência.
Se der algo positivo, mesmo assintomático, o indivíduo trata a doença e quebra a cadeia de transmissão. Se ele usar camisinha, os parceiros (e ele) estarão seguros.
"É importante a gente orientar que as pessoas que fazem sexo sem proteção precisam saber o estado de sua saúde sexual, porque elas podem ter a bactéria da gonorreia, por exemplo, e passar para os outros. Quem tem muita exposição, ou melhor, faz sexo sem proteção com muita frequência tem que fazer os testes periodicamente (geralmente a cada seis meses ou um ano, conforme o estilo de vida de cada indivíduo)", alerta Segurado. "A infecção não tem rosto e muitas vezes nem sintoma. É bom as pessoas saberem que elas podem pegar IST de um indivíduo que aparentemente não tem nada".
Segundo Vasconcelos, 2% da população usam camisinha no sexo oral. Portanto, realizar os testes é uma forma de se prevenir e impedir que a infecção se espalhe. "Sabemos que o sexo oral e a masturbação desprotegidos têm menos riscos de contaminação por HIV, mas para essas outras IST as chances são maiores".
Quer uma dica certeira para curtir o Carnaval sem preocupações? Faça os exames para IST agora, antes de se jogar nos bloquinhos, e um mês depois, para saber se pegou algo. Não espere ver algum sintoma para fazer os testes. Além disso, mantenha as vacinas para hepatite A e B em dia. Apesar de ser provocas por vírus, essas infecções também são facilmente transmitidas e, novamente, não precisam de penetração para ser repassadas.
Conheça as IST mais fáceis de serem transmitidas:
Sífilis
Caracteriza-se pelo surgimento de lesões, primeiramente nos órgãos genitais, e depois em todo o corpo. Porém, é possível ter a infecção de forma assintomática. Ou seja, a pessoa possui a bactéria no organismo, mas o problema não se manifesta. E mesmo assim ele pode ser transmitido. Se não tratada, em anos, as manifestações podem deixar sequelas, com acometimento do sistema neurológico, olhos, ossos e outros órgãos. O tratamento da sífilis varia de acordo com a fase da infecção, sendo a penicilina a melhor opção. A sífilis precisa ser monitorada por exames por dois anos após o tratamento. Em muitos casos, há falhas no tratamento ou reinfecção. É comum os pacientes não terminarem o tratamento ou tomarem as doses no prazo errado.
Gonorreia
Provoca a inflamação do canal urinário e pode se alastrar para outros órgãos. As infecções, quando não tratadas, podem causar infertilidade (dificuldade para ter filhos), dor durante as relações sexuais e gravidez nas trompas. Costuma gerar mais sintomas nos homens, que sentem ardor e esquentamento ao urinar, corrimento ou pus e dor nos testículos. Quando as mulheres apresentam sinais da doença, tem dor ao urinar ou no baixo ventre (pé da barriga), corrimento amarelado ou claro e dor ou sangramento durante a relação sexual. O tratamento é feito por meio de antibióticos: pode ser utilizado o ciprofloxacino ou medicamentos mais fortes para as bactérias resistentes.
Clamídia
Provoca inflamação nos canais genitais e urinários e pode causar infertilidade. Os sintomas também podem ser brandos, mas quando aparecem vêm em forma de corrimento vaginal e ardência ao urinar nas mulheres; e corrimento no pênis, dor ao urinar e inflamação do testículo nos homens. O tratamento é simples. A infecção pode ser tratada com dose única injetável de antibióticos ou com comprimidos, como azitromicina ou doxiciclina.
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