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Coração partido? Veja dicas da ciência para superar um término

Estudos mostram atitudes que são eficazes para esquecer o ex - iStock
Estudos mostram atitudes que são eficazes para esquecer o ex Imagem: iStock

Simone Cunha

Colaboração para o UOL VivaBem

01/03/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Terminar um relacionamento não é fácil, mas algumas táticas comprovadas por estudos podem ajudar
  • Olhar para o lado negativo do relacionamento e fazer algo visando melhorar são algumas delas

A dor de um coração partido é uma metáfora, afinal não há término que realmente parta o coração ao meio. Porém, o sentimento de perda machuca tanto que transforma esse período em uma sensação física como se o coração estivesse mesmo rompido. E quem já passou pela situação, sabe bem o quanto essa dor é dilacerante. 

Um coração partido pode provocar reações físicas como insônia, perda de apetite, dor de estômago, tensão muscular. E não existe um remédio para fazer essa dor desaparecer. Por isso, encarar o problema é o primeiro passo: pode chorar, sofrer e vivenciar este luto com toda a sua intensidade. 

Só não vale deixar o sofrimento virar seu companheiro diário, ou seja, é essencial reagir. E o melhor: é possível se livrar dessa fase dolorosa, afinal ninguém morre de amor. E na lista de antídotos para aliviar essa dor estão o tempo, o apoio social, as atividades relaxantes, os novos projetos e até um novo amor. Veja a seguir dicas da ciência para curar um coração partido: 

1. Procure lembrar das partes negativas 

Um estudo publicado no Journal of Experimental Psychology apontou que encarar o ex sob uma ótica mais negativa pode ser interessante para se recuperar dessa fase e diminuir este sentimento de amor pelo outro. 

Na prática, a proposta não é ficar enumerando os defeitos do ex, mas reavaliar o relacionamento e ter a consciência de que nada é perfeito. "Na fase pós-rompimento, a pessoa tende a ficar relembrando apenas as coisas boas e prazerosas", afirma Andrea Lorena da Costa Stravogiannis, neuropsicóloga e coordenadora de setores no Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI) do IPq da FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

A sugestão, no entanto, não é alimentar a raiva, mas focar no negativo e perceber que não há motivo para querer voltar. "A dor da perda é muito mais reflexo de uma idealização. A pessoa sente falta da rotina da relação e não, necessariamente, do outro", diferencia Tereza Cristina Saldanha Erthal, professora do departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Não vale alimentar pensamentos focando nos defeitos da pessoa e não conseguir concretizar a separação. Ou seja, não adianta resolver externamente, se no interno você se mantém ligada ao ex pela raiva. "É preciso usar o negativo para minimizar o sofrimento e realmente se libertar". Nada de ficar alimentando pensamentos do passado e deixar de viver o presente, use isso apenas como uma alternativa para 'sacudir a poeira'. 

Os rituais também podem ajudar muito nessa fase. Queimar fotos, livrar-se de cartas e lembranças e sair das redes sociais ajudam a marcar essa fase, com um antes e depois. "Promova situações que ajudem a materializar este rompimento", frisa Dora Tognolli, psicóloga, psicanalista e membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP).

2. Faça algo que te fará se sentir melhor

De acordo com um estudo publicado no Journal of Neuroscience, o segredo para se sentir melhor é simples: faça algo, qualquer coisa que considere positivo e poderá te ajudar, porque provavelmente vai. 

Buscar atividades prazerosas, companhias que tragam novas conversas, sem ficar falando apenas do passado, fazer uma atividade física, meditar, viajar. "Cuide de si, retome aquele projeto esquecido, trace metas para novos objetivos", ensina Stravogiannis. 

No estudo citado acima, os autores utilizaram um spray nasal indicando-o para aliviar uma dor emocional, no caso da rejeição romântica. Mas na verdade era um efeito placebo. E foi constatado que, aqueles que acreditaram que o spray pudesse ter alguma substância para este alívio, realmente se sentiram melhores. Ou seja, o estudo conclui que expectativas positivas podem ser suficientes para influenciar áreas do cérebro normalmente desencadeadas por substâncias químicas de bem-estar.

3. Tente se reencontrar

De acordo com a ciência, um dos maiores problemas dos términos é a busca de quem somos sem a outra pessoa. Durante o relacionamento a pessoa começa a compartilhar amizades e atividades com a outra pessoa, e há uma sobreposição dos conceitos pessoais de cada um. 

De acordo com um estudo publicado no Personality and Social Psychology Bulletin em 2009, quando a separação ocorre, esses autoconceitos acabam sendo modificados, o que deixar a pessoa perdida por um tempo.

A pessoa precisa de um período para processar tudo isso. "Este é um luto que precisa ser vivido, portanto imediatismo está descartado", fala Tognolli. E o tempo será o melhor indicador para mostrar que a dor realmente passou. Porém, se esse sofrimento perpetuar é válido buscar ajuda profissional para conseguir libertá-lo. 

4. Adianta buscar outra pessoa?

O antropólogo Gustavo de Castro Silva, docente da Universidade de Brasília (UnB) acrescenta que a dor provocada por um coração partido exige uma visão sistêmica que envolve dependência, afeto e cotidiano. "A dor é acentuada por tais questões e exige um processo de desintoxicação do outro". Portanto, ele defende que não há nada de errado buscar alívio em outros relacionamentos. 
Stravogiannis diz que, para algumas pessoas, é mais difícil superar essa fase sozinho. "O importante é compreender o rompimento e quais foram as suas responsabilidades nisso. Usar essa fase para um autoconhecimento", sugere. 

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