Mídias sociais influenciam crianças a consumirem mais alimentos calóricos
Resumo da notícia
- Crianças que assistem a vídeos desses 'influencers' consomem até 32% mais kcal provenientes de lanches não saudáveis e 26% a mais kcal no total
- Pesquisadores sugerem restrições mais rígidas em todo o marketing digital de alimentos não saudáveis que as crianças são expostas
- Os pais têm um papel fundamental na educação alimentar de uma crianças; é em casa que ela aprende a se alimentar de forma balanceada
O impacto da publicidade infantil nos hábitos das crianças não é exatamente uma novidade, mas dessa vez um novo estudo mostrou que as mídias sociais também influenciam os pequenos, principalmente quando o assunto é alimentação.
Publicada no periódico Pediatrics nesta segunda-feira, a pesquisa, realizada por cientistas da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, avaliou o efeito do marketing realizado por vloggers do Instagram nos hábitos alimentares das crianças.
Os resultados mostraram que os pequenos que assistiam a vídeos desses 'influencers' consumiam até 32% mais quilocalorias provenientes especificamente de lanches não saudáveis e 26% a mais quilocalorias no total.
"Estes resultados sugerem que a comercialização de alimentos não saudáveis por meio de páginas de vloggers no Instagram aumenta o consumo de calorias entre as crianças", diz Anna Coates, que conduziu o estudo. Segundo ela, restrições mais rígidas são necessárias em todo o marketing digital de alimentos não saudáveis que as crianças são expostas, e não deve ser permitido que os vloggers promovam esses alimentos.
Como o estudo foi feito
- 176 crianças com idade entre 9 e 11 anos foram divididas em três grupos aleatoriamente.
- Páginas de vloggers no Instagram criadas artificialmente foram mostradas a cada uma delas. Enquanto um grupo assistiam a vídeos de pessoas que falavam de lanches não saudáveis, outro viu imagens de um vlogger com lanches saudáveis e, por último, o terceiro grupo viu vloggers que não falavam de produtos alimentares.
- Logo após a apresentação das páginas, os participantes puderam escolher diversos tipos de lanches, entre saudáveis e não saudáveis.
- As crianças do grupo de viu imagens dos vloggers falando dos alimentos não saudáveis consumiram 32% mais kcals de lanches não saudáveis e 26% mais kcals no geral (de lanches saudáveis e não saudáveis).
- Não houve diferença significativa na ingestão total kcal, ou ingestão de kcal lanche saudável, entre as crianças que viram o perfil de Instagram com imagens saudáveis ??e aqueles que viram as imagens não alimentares.
Como fazer seu filho comer melhor?
Somos com frequência bombardeados de propagandas de alimentos industrializados e de embalagens sedutoras, que indicam um conteúdo falsamente saudável --quando, na verdade, é recheado de aditivos. "Mas é um processo", indica Kapim. "Óbvio que a criança não vai trocar o sorvete pelo jiló de um dia para outro, mas tem que encarar, apresentar a ela outras possibilidades."
A nutricionista explica que a iniciação aos sabores deve ocorrer desde cedo: "Quando fazemos introdução de alimentos com o bebê, geralmente se introduz primeiro a papinha doce e depois a salgada. Mas ninguém ensina para ele o sabor azedo e amargo."
Segundo Kapim, há o discurso de que as crianças hoje não saem mais de casa, só comem mal e vivem em frente à TV. "Mas elas são apenas reflexos dos adultos. Não ensinamos eles. Quanto mais demorada a apresentação a esses sabores, mais eles não vão gostar. A papila gustativa vai se adaptando, mudando, daí a importância de fazer com que elas recebam essa informação desde cedo."
'Não vemos os riscos dos industrializados'
De acordo com Paula Mendonça, assessora pedagógica do Projeto Criança e Natureza do Instituto Alana*, os pais acabam privando o filho de comer bem e experimentar outros paladares. Isso porque eles aceitam que a criança só come macarrão ou bife com batata frita, então não dão outra opção a elas.
Gabriela Kapim, nutricionista e apresentadora do GNT*, concorda: a partir do momento que esse valor está no adulto, a criança absorve isso com naturalidade. "Por exemplo, tenho certeza que nenhuma mãe deixa o filho andar sem cinto de segurança, porque o risco de vida é notório. Ao comer um salgadinho, batata frita, nuggets, salsicha todos os dias, a criança não corre um risco de vida instantâneo, mas ele existe", afirma ela. "Eu atendo crianças com colesterol, diabetes, hipertensão, que antes eram doenças de adultos."
As especialistas concluem que o valor deve estar nos pais. Segundo elas, não adianta fazer ovo frito e arroz para o filho e o pai comer tabule com agrião. "Todos têm que comer bem e o mesmo prato. Isso sem é praticidade", diz Lara Folster, fundadora da Lanche&Co, empresa especializada em fornecer comida saudável para escolas*. Se a dúvida é por onde começar, comece por si mesmo. "Aprenda o que é alimentação saudável ensine as crianças. No mundo ela vai encontrar de tudo, mas o que ela tem dentro de casa consolida quem ela é e qual o seu valor."
E a comida deve fazer parte do dia a dia. Kapim pede para que os pais não deixem o contato da criança com o alimento apenas para a hora da refeição. Qualquer participação dela no processo faz diferença, do supermercado à preparação do prato. "Isso vai despertar a atenção dela para um alimento sem horário específico. Falar só na hora de comer é chato", diz ela.
A escola também entra nesse núcleo de conexão alimentar. "Se a criança não criar uma relação afetiva com o verde, como vai entender, querer ou estar motivada a fazer reciclagem do lixo ou mexer com alimentos vivos? A escola tem responsabilidade e potencial muito grande de trabalhar essas relações. O pátio tem que ser verde, oferecer diversidade de plantas, hortas", diz Mendonça.
"Nossa conexão com a natureza é através do alimento. Quando perdemos conexão é quando comemos industrializados. O pai tem que exigir da escola uma comida saudável, por exemplo, é um direito", conclui Leila.
*Fontes consultadas em matéria do dia 04/08/18.
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