"Só vi que camisinha ficou presa na vagina após 4 dias"; quais os riscos?
Resumo da notícia
- Caso pode acontecer sempre que a camisinha é maior ou menor do que o pênis
- Maiores riscos são doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada e infecções
- É possível retirar o preservativo em casa, mas se não conseguir em até 24 horas, o recomendado é procurar um médico
Minha cabeça deu um nó quando ouvi de uma amiga que ela havia passado quatro dias com uma camisinha dentro da vagina — e o pior, sem saber. Seu parceiro simplesmente não se importou em revelar que o preservativo tinha sumido, e só depois, em uma ida ao banheiro, ela notou um corpo estranho saindo de si. Ela me contou que chegou a pensar que estava abortando e ficou incrédula quando percebeu o que era — e eu também ao escutar a história!
Logo comecei a investigar o caso: será que isso acontece com frequência? E existem riscos em ficar com o produto por horas ou até dias no corpo? Conversando com a ginecologista Patrícia Gonçalves, mestre pela USP (Universidade de São Paulo), descobri que o caso costuma acontecer sempre que a camisinha é maior ou menor que o pênis, ficando mal colocada. Além disso, minha amiga, que não sofreu nenhuma sequela, teve sorte.
Após no máximo 24 horas, quando a mulher não consegue retirar em casa a camisinha, é recomendado procurar um hospital que tenha pronto atendimento com ginecologista, ou médico de saúde da família, que pode exercer a função na rede pública.
Riscos
Os perigos iniciais, para quem não ficou com o preservativo durante muito tempo, são os mesmos de uma relação sexual sem proteção: doenças e gravidez. "Se sua preocupação são as ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), vale agendar exames para garantir que está tudo bem e consultar um médico que avalie se é necessário uso de medicações para profilaxia", esclarece Rogério Felizzi, médico ginecologista do Hospital Oswaldo Cruz.
O risco de gestação indesejada, no entanto, só acontece se a mulher estiver em período fértil, geralmente entre 14º e 18º dia do ciclo.
Mesmo se esse for o caso, ou se paciente não tiver o ciclo regulado, a pílula do dia seguinte só é necessária se nenhum outro método contraceptivo —como DIU, pílula anticoncepcional injeção ou adesivo — for usado. "A pílula do dia seguinte é uma bomba de hormônio e só deve ser tomada em casos de extrema necessidade, por que tem o poder de desregular o organismo feminino", explica Gonçalves.
Já para quem ultrapassou 24 horas com o objeto estranho dentro de si, os riscos vão desde corrimento e alergias até casos mais graves de infecções. "Pode ocorrer vaginite, candidíase, e até infecções bacterianas ginecológicas, que acometem as trompas, o útero... Em quadros extremos, é possível até que a mulher fique infértil", explica Rico Vasconcelos, médico infectologista pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
Como retirar
O primeiro passo é relaxar. "Se você estiver nervosa, a mucosa vaginal fica tensa e começa a edemaciar (inchar), impedindo que você chegue até o preservativo", aponta Gonçalves.
O melhor caminho é usar os dedos, e é possível retirar sozinha ou pedir ajudar para o parceiro, sempre com o cuidado de higienizar bem as mãos. "Insira apenas o dedo indicador ou ele e o dedo médio dentro da vagina, formando uma pinça e pescando o objeto. Vá pelas paredes vaginais até sentir a camisinha", ensina a especialista. "O ideal é pegar pela borda para tentar manter o sêmen dentro, mas o que importa é retirar."
Após concluir o processo, lave o local com água e sabão. "O ideal é não usar artifícios no banho, como ducha, pois ela pode levar os fluidos seminais para o útero, aumentando os riscos", indica Felizzi.
Se não for possível fazer o processo em casa, no hospital os médicos inserem o espéculo vaginal para visualizar toda a região. Após encontrarem a camisinha, o objeto é puxado com uma pinça especial, e é realizado uma limpeza com produto antisséptico próprio para o local, o que deixa a mulher menos vulnerável à vaginite.
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