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Inteligência artificial detecta doença silenciosa que causa cegueira

Novo sistema permite que suspeita da doença seja levantada antes mesmo do paciente passar em um oftalmologista Imagem: iStock

Marcus De Rosa

Do Jornal da USP

08/03/2019 10h23

Em recente pesquisa, os professores Edson Satoshi, da Poli (Escola Politécnica) da USP e Vital Costa, da Unicamp, desenvolveram uma ferramenta que utiliza inteligência artificial capaz de detectar o glaucoma.

O diagnóstico do glaucoma é complexo e requer uma diversidade de exames. Além disso, a doença é assintomática em seu estágio inicial. Segundo Satoshi, o uso de IA tornará a detecção mais rápida e precisa.

O sistema funciona analisando um grande volume de dados fornecidos pelos exames de pacientes com suspeita da doença. Após processar essas informações, a máquina pode afirmar se o caso é ou não uma suspeita de glaucoma. O objetivo é fornecer auxílio aos médicos da área no diagnóstico do glaucoma - o professor da Poli vê a IA como "uma terceira opinião".

Visando reduzir a taxa de erros em diagnósticos, a inteligência foi desenvolvida com um método chamado 'aprendizagem supervisionada'. "O algoritmo pode obter resultados iguais aos do médico. Nós o alimentamos com dados clínicos, ou seja, as características de alguém que têm ou não têm glaucoma, e ele faz o diagnóstico positivo ou negativo, então parâmetro é estabelecido pelo médico. O sistema então usa as informações iniciais para analisar novos dados, e assim ele aperfeiçoa o processo."

Estes dados são obtidos a partir dos exames de campo visual e tomografia de coerência óptica, sendo este último usado para verificar a espessura da fibra nervosa óptica, dado fundamental para o diagnóstico. "Baseado nesses exames, o sistema tem uma chance maior de acertar o diagnóstico que o oftalmologista-geral", diz o professor Vital Costa, que é chefe do setor de glaucoma da Unicamp.

A vantagem, segundo Satoshi, seria a possibilidade de um profissional de saúde não-especializado poder realizar um diagnóstico mais rápido, e realizar o encaminhamento para o médico oftalmologista.

Uma alternativa acessível

Edson Satoshi apresenta o desenvolvimento de uma ferramenta independente como um avanço para a acessibilidade na saúde. Para o professor da Poli, a possibilidade do diagnóstico ser realizado por um oftalmologista-geral torna o atendimento mais democrático frente às dificuldades na área da saúde. "Ter um médico especializado em cada posto de saúde é inviável. Na prática, ter um equipamento é mais factível. O ideal, claro, seria ter uma pessoa, mas está difícil."

Além da rapidez e precisão, portanto, o uso de um software para o diagnóstico da doença torna o processo de tratamento também mais barato. "Esse uso da IA beneficia principalmente as pessoas atendidas", diz Edson Satoshi.


Vital Costa informa que o glaucoma afeta 2% da população mundial com mais de 40 anos. No Brasil, esse número soma mais de 40 mil pessoas, e 33% dos pacientes que buscam tratamento para a doença já estão em estágio avançado, no qual a doença causa a cegueira. "Já que não há dor nem incômodo, o paciente só procura um médico quando percebe algo errado com a visão", explica o médico.

O próximo passo

O professor da Poli explica que a nova tecnologia permite a medição da probabilidade de glaucoma, porém a dificuldade estaria na interpretação desses dados pelo médico, rapidamente e sem erro. "O próximo passo para a pesquisa é a interpretação de imagens por essa inteligência", essa função tornaria a máquina ainda mais sofisticada, e capaz de dar mais apoio ao médico.

Mesmo assim, a presença do profissional se faz essencial. O sistema tem como objetivo auxiliar o médico, e não substituí-lo. "Tem que ter um médico no final", diz Satoshi. "O objetivo dessa pesquisa é mostrar que é possível fazer isso automaticamente, por meio de algoritmos no computador."

Segundo o professor da Unicamp, "não há dúvidas que isso causa um impacto positivo na área da saúde", e para o pesquisador, esse impacto atinge a área médica como um todo. "O uso da inteligência artificial para auxiliar na medicina já é uma realidade", diz Costa.

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