Ela teve depressão após aborto: "Treino foi o melhor remédio que encontrei"
Resumo da notícia
- A funcionária pública Ludmila Quirino, 37, viveu um período conturbado em 2016 e entrou em depressão
- Para tratar a doença, ela usou uma medicação que a fazia se sentir muito mal
- Como não queria viver à base de antidepressivos, Ludmila decidiu começar a treinar e o esporte mudou completamente sua vida
- A seguir, ela conta como praticar atividade física foi o melhor remédio que encontrou para superar a depressão
"O início de 2016 foi bastante tumultuado para mim. Passei por algumas situações que contribuíram para eu desenvolver um quadro depressivo. O primeiro gatilho foi o sobrepeso. Engordei 14 kg em nove meses, durante a amamentação do meu filho Álvaro. A comida era a minha válvula de escape, comia para me sentir bem. Cheguei a pesar 94 kg, fiquei com a autoestima baixa e não me olhava mais no espelho.
Quando meu filho tinha nove meses de idade, descobri que estava grávida. Foi inesperado, mas fiquei feliz com a novidade. Cheguei a escolher o nome Isabel, caso fosse uma menina. Com três meses de gestação, sofri um aborto espontâneo. Foi difícil, não aceitava o que tinha acontecido. Procurava não pensar e nem falar no assunto com ninguém. Eu me sentia culpada por ter perdido o bebê. Fiquei com tanto medo que não cogitava a possibilidade de ter outro filho, com receio de acontecer o mesmo. Um tempo depois, minha cachorra de estimação, a Belinha, morreu e meu estado depressivo piorou ainda mais.
Além de tudo isso, meu casamento estava um pouco conturbado desde o nascimento do Álvaro. Eu morava com o nosso filho em Camanducaia (MG) e meu marido, Murillo, passava a semana inteira em São Paulo por causa do trabalho. Essa distância dificultava ainda mais as coisas. Todos esses acontecimentos desencadearam uma crise em mim e no meu relacionamento. Eu e o Murillo decidimos nos separar. Eu me sentia frustrada com toda essa bagunça que estava vivendo, tinha um sentimento de autopiedade.
O treino mudou a minha vida
Nesse período, eu me isolei dos meus amigos e fiquei dentro de uma bolha. Minha rotina era levar meu filho para a creche, voltar para casa, comer, dormir, e à tarde ir trabalhar.
Fazia terapia com o psicólogo, com a psicanalista e fui encaminhada ao psiquiatra. O médico disse que eu estava em um estado depressivo e me receitou um remédio. Tomei a medicação por duas semanas, mas passei mal.
Não queria ficar tomando antidepressivo para me acalmar e me curar. Desejava mudar a minha realidade. Foi quando o esporte surgiu para mudar completamente minha vida
Era sedentária, não praticava nenhuma atividade física, mas sentia a necessidade de me exercitar. Eu me lembrei de uma das sessões em que o psicólogo havia dito para eu parar de olhar um pouco para os outros e fazer algo por mim. Na época, ele me perguntou o que eu gostaria de fazer. Eu respondi: correr. Nesse momento de reflexão, percebi que essa era a hora de colocar esse desejo em prática.
Como estava com obesidade grau 1, procurei um endocrinologista, e ele me orientou a perder 10 kg para poder iniciar a atividade. Ele explicou que a corrida é um esporte de alto impacto, e isso poderia agravar minhas dores na coluna. Em um mês, eliminei esse peso com pilates, tratamentos estéticos e uma dieta equilibrada.
Com 10 kg a menos na balança, a vontade de correr só aumentou, mas eu não queria fazer sozinha, precisava de um incentivo, de companhia. Convidei meus colegas do trabalho para entrar em uma equipe de treinos em uma cidade vizinha. Eles aceitaram e passamos a praticar atividade física três vezes por semana durante três horas: fazíamos aquecimento, alongamento, treino funcional e corrida.
O exercício, especialmente a corrida, foi um marco em minha vida. Treinar me ajudou a superar a depressão, principalmente por ter aberto várias portas e dar um novo sentido a tudo: minha mente e meu corpo mudaram. Eu emagreci 23 kg em um ano, resgatei minha autoestima e passei a me relacionar melhor comigo e com as pessoas.
Corri a São Silvestre em dezembro de 2016. A cada um dos 15 km do percurso fui deixando para trás e jogando fora todas as coisas ruins que eu tinha passado naquele ano turbulento. Era a realização de um sonho, que até um tempo atrás era inatingível para mim. Quando concluí a prova, foi incrível, me senti vitoriosa e confiante para fazer qualquer coisa que eu me propusesse.
Estilo de vida saudável inspirou o marido
Em meio a esse processo, eu e meu marido demos uma nova chance ao casamento e reatamos. Meu estilo de vida mais saudável o inspirou a começou a correr. Ele disse que estava cansado de me acompanhar nos treinamentos e ficar só lá parado me esperando. Em 2017, ele recebeu uma proposta de emprego na cidade onde moramos e veio para cá. Foi bom porque passamos a treinar juntos e a estimular um ao outro. Hoje em dia, ele é mais disciplinado do que eu e chama minha atenção quando dou uma relaxada (risos).
Já participamos de várias corridas de rua juntos e completei quatro meias maratonas (21,097 km) em São Paulo e no Rio de Janeiro. Agora, eu e o Murillo estamos nos preparando para a nossa primeira maratona, em Paris, em abril deste ano. Serão 42,195 km de muita emoção.
O treino traz liberdade e estimula a superação
Minha rotina de treinamento é intensa, corro quatro vezes por semana e faço pilates, spinning e musculação duas vezes por semana para melhorar o meu condicionamento físico. Em 2021, minha meta é disputar o Ironman 70.3 (prova com 1,9 km de natação; 90 km de ciclismo; e 21,1 km de corrida).
Correr me dá a sensação de liberdade, me estimula a sempre querer mais e a me superar a cada desafio. Gosto de colocar meu corpo no limite. O esporte ajudou a me curar da depressão. Para mim, foi o melhor remédio contra essa doença."
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