Falhas do contraceptivo hormonal são causadas pelos genes da mulher
Resumo da notícia
- Novo estudo sugere que, em alguns casos, os genes da mulher podem colocá-la em risco de uma gravidez, mesmo durante o uso do contraceptivo hormonal
- 5% das mulheres testadas tinham uma variante rara do gene CYP3A7 que quebra os hormônios no controle da natalidade
- Os pesquisadores alertam que os ginecologistas devem ouvir as pacientes e considerar se há algo nos genes dela que causou a gravidez indesejada
Mulheres que engravidam mesmo usando anticoncepcionais podem ter um gene que quebra os hormônios dos contraceptivos, de acordo com um estudo publicado no periódico Obstetrics & Gynecology na terça-feira (12). As razões pelas quais os contraceptivos hormonais falham nunca foram totalmente explicadas e as mulheres geralmente são culpadas por não usarem a medicação corretamente. Essa foi a primeira vez que uma variante genética foi associada ao controle de natalidade.
Os pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, analisaram os genes de 350 mulheres saudáveis que tinham uma média de 22,5 anos e usavam um implante contraceptivo há 12 ou 36 meses.
O estudo descobriu que cerca de 5% das mulheres tinham uma versão relativamente rara de um gene chamado CYP3A7 e tendiam a ter níveis de hormônios necessários para o controle da natalidade 23% mais baixos no sangue, em comparação com mulheres que tinham versões mais comuns do gene.
Além disso, entre as mulheres com a versão rara do gene, 28% delas tinham níveis de medicação no sangue abaixo do limiar da quantidade que os médicos consideravam necessária para o implante funcionar corretamente.
Os pesquisadores acreditam que as descobertas também se aplicam às mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais hormonais, porque os hormônios no implante e na pílula são semelhantes e quebram a similaridade no corpo.
Como o estudo foi feito
- Foram analisados os genes de 350 mulheres com idade média de 22,5 anos e que usavam implantes hormonais há pelo menos um ano;
- Os cientistas coletaram as características das participantes, mediram as concentrações de etonogestrel (medicamento de progestina) e genotiparam cada uma das mulheres para 120 variantes em 14 genes que codificam proteínas envolvidas no metabolismo, na regulação ou na função de hormônios esteroides (isto é, estrogênios e progestinas);
- Os resultados revelaram que 5% das voluntárias tinham uma variante rara do gene CYP3A7 que quebra os hormônios encontrados na contracepção, como o estrogênio e a progesterona;
- Os pesquisadores acreditam que esse colapso mais rápido pode aumentar o risco de gravidez de uma mulher durante o controle da natalidade, especialmente se ela estiver usando uma contracepção hormonal de baixa dose.
Como escolher o melhor anticoncepcional para você
Antes de escolher sozinha ou por indicação de alguma amiga, é fundamental conversar com o ginecologista e estudar o anticoncepcional que se adeque a sua rotina. A seguir, listamos fatores importantes para você levar em consideração.
Pílula
Esse é o método mais usado no Brasil. Ela pode ser muito eficaz, porém, se você tem um dia a dia sem horários bem definidos, estressante e sempre esquece o momento de tomar o remédio, ele não é o mais indicado. Isso porque, não ingerir o medicamento todos os dias no mesmo horário reduz sua eficácia e aumenta o risco de gravidez. Antibióticos e remédios para epilepsia são agravantes e prejudicam a eficácia do remédio.
Como os hormônios da pílula elevam a chance de formação de placas nas paredes dos vasos sanguíneos, alguns especialistas não recomendam seu uso por mulheres que já tiveram trombose e fumantes, pois o medicamento aumentaria o risco de problemas cardiovasculares. Quem sofre com enxaqueca com aura também deve evitar esse anticoncepcional.
DIU Mirena
O método tem ação local e uma absorção de progesterona mínima, agindo somente no útero. Ele é indicado para quem tem uma vida muito agitada, não toma remédios em horários regrados e não deseja engravidar pelos próximos cinco anos, pois ele é retirado após esse período.
Mulheres que possuem alterações no útero e sentem muita sensibilização ao fazer exames ginecológicos devem evitar essa opção. Caso a pessoa tenha alguma doença sexualmente transmissível, deve se tratar primeiro antes de colocar o dispositivo, pois se não a doença pode evoluir para o colo do útero.
Implante subdérmico
Também é indicado para quem quer evitar uma gravidez indesejada e não tem o hábito de tomar medicamentos em horários específicos. Ele não causa desconforto e é colocado, normalmente, no braço esquerdo, liberando progestagênio (que imita a progesterona). Geralmente diminui o fluxo menstrual, mas pode provocar escapes, que são pequenos sangramentos fora de época. Deve ser trocado a cada três anos.
Adesivo
Quem sofre com dermatites ou problemas na pele deve evitar. Isso porque o contraceptivo fica em contato com a pele por uma semana --deve ser trocado semanalmente -- e pode irritar ainda mais a região.
Além disso, ele é contraindicado para pessoas com mais de 90 kg. Motivo: alguns especialistas defendem que a camada de gordura pode "roubar" o hormônio e impedir que ele chegue à corrente sanguínea, o que vai prejudicar a eficácia do método.
Injeção
Para as esquecidas, ela pode ser uma boa saída, já que precisa ser aplicada mensalmente ou a cada três meses. Porém, se usada por muito tempo, provoca uma disfunção menstrual e a mulher pode menstruar por mais de 20 dias, sem intervalo.
E o novo DIU de prata?
O método é novidade e ainda pouco difundido entre as mulheres. Ele combina cobre e prata com o intuito de diminuir a oxidação do cobre no organismo --que faz com que algumas mulheres passem a ter mais cólica e aumento do fluxo na menstruação.
O dispositivo não tem hormônio --os íons de cobre formam uma barreira que dificultam a motilidade dos espermatozoides no útero, impossibilitando a fecundação do óvulo -- e pode ser uma opção para quem o estrógeno é contraindicado (fumantes ou mulheres que tiveram trombose, por exemplo) ou se esquece de tomar medicamentos regularmente.
O DIU de prata é retirado cinco anos após colocado. Logo, não é recomendado para mulheres que querem engravidar antes desse período.
Fontes: André Malavasi, coordenador dos representante da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo) e membro da diretoria médica de ginecologia do Hospital Pérola Byington; Renata de Camargo Menezes, ginecologista, obstetra e membro das Sociedade Brasileira de Reprodução humana e Reprodução Assistida, ambos consultados em matéria do dia 10/09/18.
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