Animais podem ajudar no tratamento de depressão, doenças do coração e mais
Resumo da notícia
- Animais influenciam no sistema límbico, ajudando no tratamento de doenças emocionais e mesmo físicas
- Eles podem ser aliados no tratamento de doenças cardiovasculares e problemas psiquiátrico, junto com os medicamentos, é claro
A zooterapia é uma linha terapêutica que usa animais para ajudar no convívio e recuperação das pessoas. Essa terapia é feita no Brasil desde a década de 1960 quando a psiquiatra Nise da Silveira, usava um gato e um cachorro em suas sessões. Observando a interação dos pacientes com os animais, ela percebeu que ficavam mais calmos.
A zooterapia trata desde os problemas físicos, emocionais e psicológicos. Os especialistas explicam que quando em contato com os bichos, o ser humano ativa o sistema límbico, responsável pelas emoções mais instintivas. Ocorre assim a liberação das endorfinas, gerando a sensação de tranquilidade, bem-estar, melhora da autoestima, entre outros. Em vários hospitais, os pacientes em estados graves e terminais tem a visita dos animais melhorando os seus quadros de saúde.
Os tratamentos de zooterapia envolvem animais mais próximos dos humanos, como os cachorros, cavalos, gatos, pássaros, mas podem incluir espécies mais inusitadas, como escargots, galinhas, moluscos, insetos, entre outros. Entenda melhor quem pode se beneficiar com ele:
Problemas cardíacos
Um estudo de 1980 realizado por Erika Friedmann da Universidade da Pensilvânia apontou que os donos de animais de estimação que foram hospitalizados com problemas cardíacos mostraram um ano mais tarde uma taxa de sobrevivência maior do que o grupo sem animais.
Em 1999, uma pesquisa feita nos Estados Unidos sob a coordenação da cardiologista Karen Allen da Universidade do Estado de Nova York revelou que o contato com os animais de estimação faz bem para o coração. O trabalho consistia em dividir um grupo de 48 estressado em dois e dar para um deles cães e gatos. Resultado: o grupo com animais apresentou taxa normal de pressão e estresse reduzido. Outro estudo publicado na revista científica The American Journal of Cardiology, constatou que pacientes com animais se recuperam rapidamente e estão menos sujeitos a problemas cardíacos.
Depressão, ansiedade e outros problemas psiquiátricos
O contato com animais é muito indicado como terapia complementar no tratamento de distúrbios psiquiátricos como: esquizofrenia, desordens de personalidade, ansiedade e depressão. Esses pacientes apresentam melhora nas estratégias de lidar com pessoas e situações e conseguem também evoluir na sua criação de vínculos. A convivência com os cavalos faz com que as pessoas desenvolvam um carinho grande pelo animal e também se sintam confiantes por conseguirem dominá-los.
Para os idosos é comprovado que ter animais de estimação diminui a incidência de depressão. Os pacientes com HIV também beneficiam com a companhia de animais, isso é o que demonstrou outro estudo desenvolvido pela psicóloga americana Judith Siegel, da Universidade da Califórnia. Os casos de depressão entre os infectados foram duas vezes mais numerosos nos que viviam sós.
Solidão
Uma tese publicada no Journal of Gerontology: Medical Sciences afirma que idosos donos de cachorros superam melhor a falta de companhia. Muitos médicos têm recomendado aos seus pacientes aposentados que adotem um cão ou gato. A finalidade é incentivá-los a manter atividades regulares, já que o animal dá uma razão para que eles se levantem da poltrona e pensem na necessidade de se alimentar (e seu cão), bem como de sair para passear com os animais, o que os leva também a estar em contato com outras pessoas que saem às ruas. Pesquisadores calcularam que possuir um desses animais representa um ganho de 22 minutos de caminhada a mais por dia, ou seja 2760 passos suplementares.
Luto
O biólogo inglês Rupert Sheldrake, doutor em bioquímica por Harvard e autor de Os cães sabem quando seus donos estão chegando, da editora objetiva vai mais longe e se dedicou a estudar o afeto e o consolo que os animais podem dar ao homem. Apoiado em várias pesquisas, entre elas a da Universidade de Cambridge, que constatou na maioria das pessoas com cães um aumento de autoestima, ele descobriu também nesses casos uma melhor superação a perda de um ente querido. Esses cães interagem com os pacientes dando carinho e atenção, auxiliando assim as suas recuperações.
Dificuldades de relacionamento
O contato com animais também ajuda crianças que dificuldades de aprendizado e concentração. Um estudo conduzido pela FMVZ-USP (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo) utilizou escargots em atividades de 40 minutos realizadas a cada 15 dias com crianças de escolas públicas e particulares em Pirassununga. Interagir com o molusco as ajudou a trabalharem questões sobre ética e a terem melhores resultados na concentração e relaxamento.
Fontes: Rita Calegari, psicóloga da Rede de Hospitais São Camilo, em São Paulo; Danielle Lopes Palermo, psicóloga do Hospital Paulistano; Monica Melinsk, biomédica e gerente de atendimento do Hospital Paulistano; Rebeca Abellini Astolpho, assistente social e gerente de atendimento do hospital Madre Theodora em Campinas; Maria de Fátima Martins, professora e coordenadora do Laboratório de Pesquisa, Ensino e Extensão em Zooterapia e Helicicultura da FMVZ-USP (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo).
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