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Mudanças de humor não tornam você bipolar: veja como identificar a doença

"Será que sou bipolar?" Oscilação de humor não é suficiente para responder essa pergunta - iStock
"Será que sou bipolar?" Oscilação de humor não é suficiente para responder essa pergunta Imagem: iStock

Simone Cunha

Colaboração para o UOL VivaBem

22/03/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Ter flutuações de humor não indica um transtorno bipolar, a duração dos sintomas é importante
  • Fases de euforia costumam durar entre dias e semanas e períodos depressivos podem perdurar por meses
  • Entenda os tipos de transtorno bipolar e conheça melhor seus sintomas

Sentir-se eufórico em um momento motivado por uma situação, um elogio, ou até mesmo acordar de bem com a vida e depois estar cabisbaixo e sem pique para nada são emoções naturais que permeiam a vida de qualquer pessoa. Portanto, é um erro chamar de 'bipolar' qualquer indivíduo que apresente um humor instável, afinal a oscilação emocional é algo normal e, não necessariamente, um sinal de doença.

A bipolaridade caracteriza-se pela oscilação de humor, no entanto, essas mudanças não ocorrem de uma hora para a outra: "Os episódios de humor no transtorno bipolar são longos, questão de dias a semanas, e os episódios de depressão podem durar meses", explica Leonardo de Almeida Sodré, médico Psiquiatra, PhD e professor adjunto da Universidade Federal de Brasília (UnB).

Decifrando a doença

A bipolaridade é um transtorno de humor que pode se apresentar de maneiras e intensidades diferentes. Em geral, trata-se de uma predisposição a apresentar episódios de humor depressivos e outros que apresentam sintomas de humor exaltado, que pode ser eufórico ou irritado. Essas euforias são chamadas de hipomania ou mania (a depender da intensidade), podendo ter duração de quatro a sete dias, pelo menos. "É um transtorno crônico, que pode ainda ter episódios mistos, caracterizados por sintomas dos dois tipos", diz Carolina Hanna, psiquiatra do Hospital Sírio-Libanês.

De acordo com Doris Hupfeld Moreno, do Programa de Transtornos do Humor do Instituto de Psiquiatria (IPq) da Universidade de São Paulo, o transtorno bipolar tem mais de um tipo. O mais grave é o tipo I que acomete 1% da população geral, sendo mais raro. "Nessas condições aparecem alucinações, sintomas paranoides (desconfiança), delírios de grandeza (acreditar ser uma pessoa famosa que teria dons que na realidade não possui) ou religiosos (achar-se um enviado por Deus, com poder de salvar pessoas)", exemplifica.

Atingindo 5% da população geral, no tipo II acontecem hipomanias durante a vida, alternadas com períodos de depressão. Os sintomas da hipomania são os mesmos da mania, mas a pessoa não tem delírios ou outros sintomas da psicose. O tipo I acomete igualmente homens e mulheres, e o tipo II é mais frequente no sexo feminino.

Existe também a ciclotimia que começa na infância/adolescência e se caracteriza por sintomas leves de hipomania e depressivos alternados, durante pelo menos dois anos.

Como reconhecer a doença?

O paciente tem mais facilidade de perceber-se doente quando está no episódio depressivo da doença. E é nessa fase, que muitos portadores de transtorno bipolar procuram o tratamento.

Os principais sintomas durante os episódios de depressão são:

  • Tristeza profunda;
  • Apatia;
  • Alterações de sono;
  • Esquecimentos;
  • Falta de sentido para a vida;
  • Ideação suicida, em casos extremos

Já o estado maníaco a pessoa se sente muito mais agitada e ativa, mas de uma forma descontrolada. Essa fase costuma vir acompanhada de uma perda da crítica sobre o próprio quadro. Para ajudar nessa autoavaliação, Moreno sugere observar algumas situações bem específicas em sua história de vida:

  • Episódios em que trabalhava horas a fio, mais que o normal;
  • Realizava exercícios físicos mais que o habitual, custando a se cansar;
  • Fases em que gastava mais, bebia mais, sentia maior necessidade de sexo.

"O transtorno bipolar é uma doença que vai e volta. Pode desaparecer espontaneamente por algum tempo, até anos, mas volta. Por isso, exige atenção e tratamento contínuo", diz a especialista.

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