Veja a diferença entre intolerância à lactose e alergia à proteína do leite
Você já deve ter ouvido falar de intolerância à lactose, certo? E da alergia à proteína do leite da vaca (APLV), também? Apesar de serem desencadeadas pelo mesmo alimento, essas condições são bem diferentes entre si.
A começar pelo nome, afinal intolerância é diferente de alergia: a primeira ocorre quando o corpo não é capaz de digerir um certo nutriente (no caso, a lactose, que é o açúcar do leite). Isso ocorre devido à falta de uma enzima chamada lactase, que quebra esse açúcar em versões menores. "Sem a enzima, a lactose vira alimento para bactérias no intestino, o que provoca fermentação", explica Ricardo Correa Barbuti, gastroenterologista, médico assistente do Departamento de Gastroenterologia do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e membro da diretoria da FBG (Federação Brasileira de Gastroenterologia).
Já a segunda é uma reação do sistema imunológico ao consumo do alimento, que o encara como um risco ao organismo. Em um dos tipos, isso causa reações anafiláticas, já no outro o sistema imune e ataca o sistema digestivo. Qualquer um pode desenvolver esse tipo de alergia ao longo da vida, mas ela é muito mais comum nos primeiros meses de vida e tende a desaparecer logo nos primeiros anos da infância.
Sintomas são bastante parecidos
Os sintomas também podem ser bastante semelhantes. A intolerância é marcada por sinais como:
- Dores de barriga;
- Desconforto abdominal;
- Gases;
- Diarreia.
A lactose também vai causar um desequilíbrio da microbiota intestinal, o que pode levar a sintomas que vão além do sistema digestivo como: enxaqueca, fadiga crônica e dores articulares.
Já na alergia à proteína do leite de vaca, os sintomas variam conforme o tipo de alergia. Quando ela aciona o anticorpo imunoglobulina E (IGE), o organismo produz anticorpos contra o leite. É como se o corpo entendesse que precisa atacar essa proteína para se defender. Os sintomas são imediatos e ocorrem até uma hora após a ingestão do alimento. Os principais são:
- Inchaço nos olhos e boca;
- Manchas vermelhas pelo corpo;
- Urticárias;
- Desmaio;
- Falta de ar;
- Tosse;
- Vômito;
- Diarreia;
- Choque anafilático.
Outro tipo de alergia ocorre quando a proteína do leite entra em contato com a mucosa intestinal. Nesse caso, há uma ativação do sistema imunológico que produzirá sintomas locais que demoram mais tempo para desaparecer, como:
- Diarreia;
- Má absorção dos alimentos;
- Inflamação;
- Sangue nas fezes;
- Vômito;
- Desnutrição.
O terceiro tipo mistura um pouco dos sintomas das duas. Podem ocorrer desde diarreia até o choque anafilático.
Ambos precisam parar de tomar leite?
Em ambos os casos é recomendado evitar leites e derivados. No entanto pessoas com intolerância podem ainda consumir alguns itens que tenham menos lactose, como queijos muçarela, parmesão e provolone. Já itens como o leite, o leite em pó desnatado, requeijão, queijos como o branco, cottage, ricota carregam quantidades maiores desse açúcar.
Pessoas com intolerância também podem tomar a enzima lactase sintética antes de consumir leite e derivados. Também há a possibilidade de suplementação diária com cepas probióticas que podem ajudar na digestão da lactose e aliviar os sintomas.
Já na alergia, por despertar o sistema imunológico e em alguns casos estar ligada à anafilaxia, pede uma dieta rigorosa, sem nenhum contato com a proteína do leite de vaca. Em alguns pacientes, o cheiro da fervura do leite, o beijo de alguém que acabou de consumir o alimento podem resultar em reações. Uma esponja que lava a louça com o alimento pode levar resquícios para os utensílios do alérgico.
Como é o diagnóstico?
A alergia e a intolerância costumam aparecer em fases diferentes da vida: a primeira se manifesta mais em crianças (os casos em que ela começa em adultos são mais incomuns), enquanto a segunda é bem mais comum nos adultos. Por isso, normalmente não há muita confusão nos diagnósticos.
Nos casos de intolerância, o médico primeiro pode suspender o leite e derivados por 20, 30 dias para observar a ocorrência e o desaparecimento dos sintomas. Além disso, há quatro tipos de exames:
- Exame sanguíneo, no qual o paciente toma uma solução de lactose e faz um exame de sangue na sequência para aferir os níveis de glicose no sangue. O indicador permanece inalterado para quem tem o distúrbio;
- Exame respiratório, em que se examina os níveis de hidrogênio expirados após a ingestão de uma dose concentrada de lactose;
- Biópsia do intestino, procedimento no qual é analisado se há a enzima lactase em um fragmento do órgão;
- Teste genético, que identificará se a pessoa tem os genes responsáveis pela ativação da enzima, e a predisposição para desenvolver a condição em algum momento da vida.
Já o segundo tipo, que atinge a mucosa intestinal, é diagnosticado mediante a análise do quadro clínico e pela resposta do paciente à dieta de exclusão do alimento.
Fontes: Ricardo Correa Barbuti, médico gastroenterologista e membro da FBG (Federação Brasileira de Gastroenterologista); Ana Carolina Reali, alergista, imunologista e membro do Departamento de Alergia Alimentar da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia); Elza de Mello, nutróloga e membro da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).
SIGA O UOL VIVABEM NAS REDES SOCIAIS
Facebook - Instagram - YouTube
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.