Aquecer alimentos no micro-ondas aumenta risco de câncer? Entenda melhor
Inventado em 1947 nos Estados Unidos e popularizado no Brasil no começo dos anos 1990, o forno de micro-ondas hoje é parte natural da lista de eletrodomésticos de muitas casas. Mas, ainda assim, até hoje desperta questionamentos sobre sua segurança para preparar alimentos ou mesmo em ficar por perto dele durante seu funcionamento.
Há quem acredite que ficar diante do forno de micro-ondas em funcionamento cause câncer. Outros acham que a comida perde nutrientes ao ser feita nele. Muita gente morre de medo de ferver água no micro-ondas, por causa de um possível risco de "estouro".
A seguir, veja dicas práticas para o preparo de alimentos neste tipo de forno.
Os alimentos perdem os nutrientes quando são preparados no micro-ondas
VERDADE. Porém, isso também ocorre quando os alimentos são cozidos, assados, fritos ou grelhados no fogão ou no forno convencional. Muitos nutrientes são sensíveis ao calor e sofrem alterações nutricionais quando expostos a altas temperaturas, qualquer que seja sua natureza. Por muitas vezes, esse cozimento rápido pode reduzir a perda nutricional.
Aquecer alimentos sempre no micro-ondas aumenta o risco de ter câncer
MITO. O nível da emissão de radiação interna para o aquecimento dos alimentos também segue padrões de segurança. Se o micro-ondas for certificado pelo InMetro, não há motivo para essa preocupação.
É perigoso ferver água pura no micro-ondas
VERDADE. Todo aquecimento por micro-ondas se dá pela agitação de moléculas de H20 (água) de dentro para fora. Nos alimentos, há normalmente uma barreira de casca, pele ou outras estruturas que impedem que essa água "estoure". Já quando se trata de um copo simplesmente cheio d'água, não há barreira de segurança total. A radiação aquece a água internamente e, dependendo do tempo de aquecimento, pode ocorrer um acúmulo de calor no centro das moléculas, em formato de bolha, que explode quando sacudida. Um período seguro de fervura de água no micro-ondas é de no máximo 60 segundos.
Ficar parado diante do micro-ondas em funcionamento causa câncer
MITO. Há uma barreira segura contra a emissão em níveis preocupantes de ondas eletromagnéticas potencialmente cancerígenas para o ambiente. Ocorre um pequeno escape, é verdade, mas em um nível tolerável e não muito diferente da emissão dos aparelhos celulares, por exemplo. Todos os micro-ondas certificados pelo InMetro têm a segurança necessária para o uso doméstico.
Não se deve aquecer alimentos em pratos metálicos ou de inox no micro-ondas
VERDADE. Placas metálicas são refletoras de ondas, acumulam radiação, perturbam o campo de emissões dentro do forno e causam estouros que podem até quebrar estruturas internas. O mesmo vale para talheres metálicos ou de inox: eles nunca devem ser colocados no micro-ondas. No entanto, algumas embalagens metálicas são feitas com uma tecnologia que permite o uso no micro-ondas. Para evitar riscos, é importante verificar com o fabricante antes de colocar no aparelho.
A comida nunca fica bem cozida no centro quando é feita no micro-ondas
MITO. Assim como qualquer preparo de receita, a de micro-ondas precisa de alguns cuidados. O principal deles é parar a cocção de quando em quando para mexer o alimento e misturar o que está no centro com o que está nas bordas. Ninguém simplesmente deixa a comida cozinhando em uma boca de fogão ou no forno, deixa? As receitas sempre pedem regulagem do fogo (brando ou alto), que se mexa com regularidade ou sempre... No micro-ondas não é diferente.
Alimentos cozidos e assados ficam melhores quando feitos no fogão
MITO. No fogão, as preparações ficam mais charmosas e douradas, enquanto no micro-ondas elas tendem a ficar mais uniformes. Mas, aparência à parte, são nutricionalmente equivalentes.
Não se deve fritar alimentos no micro-ondas
VERDADE. Seja de óleo, manteiga ou azeite, a gordura acumula muito calor quando aquecida no micro-ondas e pode causar estouros, tal como no aquecimento da água. O forno de micro-ondas não foi feito para frituras: esta é a única exceção em que o fogão é a única possibilidade para o preparo do alimento.
O ovo pode explodir quando cozido no micro-ondas
VERDADE. O interior do ovo tem umidade e gordura em grande quantidade e a pressão causada pelo aquecimento de dentro para fora, típica do micro-ondas, pode fazer com que ele exploda caso a casca do ovo em questão não seja grossa e firme o suficiente. Os ovos tipo caipira têm a casa mais resistente, mas mesmo eles estão sujeitos a esse efeito.
Formas práticas e saudáveis de preparar alimentos no micro-ondas
A seguir, veja cinco dicas práticas para o preparo de alimentos no micro-ondas ser bem-sucedido, saudável e muito gostoso.
Ovo frito sem óleo no micro-ondas
Quebre o ovo e coloque-o em um pires de vidro. Tempere a gosto, cubra o pires com uma tampa de vidro (ou com outro pires) e leve ao micro-ondas por 1 ½ minuto, na potência alta. Prontinho! Sem óleo e perfeito.
Chips de batata-doce no micro-ondas
Distribua fatias de batata-doce sobre uma folha de papel toalha sem sobrepô-las e as leve ao micro-ondas por três minutos em potência alta. Passado esse tempo, retire tudo do forno, vire as fatias em outra folha de papel toalha e volte ao micro-ondas por dois minutos, também em potência alta. Tempere a gosto e pronto.
Omelete no micro-ondas
Unte um prato fundo de vidro com manteiga ou óleo, despeje ali dois ovos já mexidos, tempere a gosto, cubra o prato com plástico filme e leve ao micro-ondas por 30 segundos em potência alta. Misture as partes mais cruas ao restante da omelete e volte o prato ao micro-ondas por mais 30 segundos. Recheie como preferir e está pronta sua refeição.
Bacon sequinho no micro-ondas
Disponha as fatias de bacon sobre uma folha de papel toalha, sem sobrepor umas às outras, e as cubra com outra folha do mesmo tipo de papel. Coloque esse "embrulho" no micro-ondas por dois minutos em potência alta. Depois desse tempo, tire e verifique se as fatias estão crocantes. Caso não estejam, recoloque-as no forno e faça a rechecagem a cada 20 segundos, até ficarem no ponto ideal para seu paladar.
Fontes:
- Álvaro César Camargo, engenheiro de alimentos e professor titular do curso de Engenharia de Alimentos da PUC-PR
- Edeli Abreu, nutricionista e pesquisadora na área de alimentos e saúde pública da FMU
*Com matéria publicada em 16/04/2019
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