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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Nunca estaremos 100% felizes, e tudo bem! Veja como usar isso a seu favor

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Imagem: iStock

Amanda Massarana

Colaboração para o UOL VivaBem

23/04/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Alcançar a felicidade plena é impossível, é natural buscar sempre mais, mas isso pode ser frustrante
  • Além disso, esperar por momentos apoteóticos (como um casamento ou promoção) pode nem sempre sair como o esperado
  • Por isso, o ideal é aproveitar os pequenos momentos de felicidade e não colocá-la como um objetivo de vida, e sim como algo para ir desfrutando

Parece que sempre tem algo errado: se o trabalho vai bem, é a vida amorosa que está parada; se o bairro em que você vive é tranquilo, ele fica longe do trabalho e envolve um deslocamento gigante. É difícil estar 100% feliz com o que se tem. Além disso, muitas vezes vivemos à espera daquela realização que irá completar nossa existência, que nos tornará felizes no sentido mais hollywoodiano da palavra. Mas não é preciso ter muita experiência nessa busca para perceber que, quanto mais nos aproximamos desse ideal, quase que automaticamente surge algo novo que nos coloca novamente mais distantes dele e ainda não nos torna totalmente felizes.

Se por um lado essa busca nos dá força para querer mais, para evoluir e crescer, por outro, ela pode nos colocar em um lugar perigoso de grande frustração. "Esse modelo é baseado na ideia de que a felicidade é possível quando alcanço o estado ideal", explica a psicóloga Angelita Corrêa Scardua, pesquisadora do Departamento de Psicologia Social da USP (Universidade de São Paulo).

Modelo de felicidade fracassado

Viver esperando que determinados momentos aconteçam, acreditando que, assim, poderá desfrutar da plena felicidade é uma forma de viver que pode ser bastante decepcionante. Muitas vezes porque aqueles momentos que idealizamos tanto, que achamos que serão apoteóticos, não ocorrer como imaginamos, devido ao estresse ou circunstância fora do controle. "Quando baseamos a nossa felicidade nesses momentos, a gente se frustra mais do que tem felicidade", afirma a psicóloga.

O psiquiatra Fernando Fernandes, do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), diz que não existe fórmula alguma que garanta felicidade, porém, o único fator que, mesmo sem garantir, está relacionado isoladamente à felicidade é a qualidade dos relacionamentos que as pessoas nutrem e estabelecem ao longo da vida. "Em se tratando de felicidade, dois mais dois não são quatro", ele completa.

Como resultado de tanta expectativa pela conquista do que falta, ao menor sinal de algum problema normal, já sentimos o fracasso e a insatisfação crescerem dentro de nós. "Sentimos como se a vida nunca fosse o suficiente o bastante, porque nunca é perfeita", ressalta Scardua.

Como equilibrar as expectativas para ser feliz de verdade?

Scardua explica que muitos estudos apontam que, se não aprendermos a usufruir das pequenas coisas, do simples do dia a dia, dificilmente conseguiremos nos sentir felizes e satisfeitos com a vida. "Ser capaz de apreciar coisas básicas da vida, como acordar, ter saúde, ter um trabalho, é fundamental", ela conta.

Aprender a apreciar o dia a dia é um mecanismo para tornar a vida mais feliz e está relacionado com a gratidão. O "segredo" está em reconhecer o que já está aí na sua vida e valorizar isso. Quem vive pensando no que falta não consegue aproveitar tudo o que já tem e nem o que ainda não tem, ou seja, não aproveita nada da vida.

Além disso, em vez de colocar certas conquistas como determinantes para sua jornada até a felicidade, sua grande meta de vida, você já parou para se questionar se esse é realmente o seu objetivo maior?

Todos nós já ouvimos muito --e sem questionar muito -- que o objetivo da vida é ser feliz. Mas Fernandes cita o psiquiatra Viktor Frankl, que acreditava que antes da busca da felicidade deve vir a busca de um sentido para a vida. "A felicidade, para ele, enquanto um fim, seria de fato inalcançável. Mas a devoção da nossa vida a um sentido maior seria o verdadeiro meio para se encontrar motivação e satisfação em viver", considera o especialista.

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