Sofrer um infarto é mais perigoso para quem tem menos de 40 anos?
Muitos jovens não se preocupam com a saúde do coração, mas deveriam. Um estudo da Universidade Harvard (EUA), apresentado este ano no encontro científico anual do Colégio Americano de Cardiologia, mostrou que o número de pessoas com menos de 40 anos que sofreram infarto cresceu num ritmo de 2% ao ano durante os 10 anos de pesquisa ?e 20% dos sobreviventes de infarto entre 2000 e 2016 estavam dentro da faixa etária.
No Brasil, ataques cardíacos e AVC são as doenças que mais matam antes dos 60 anos, e é comum ouvirmos que o infarto costuma ser mais "perigoso" em adultos jovens e de meia-idade. Será mesmo que o risco de morte devido ao problema no coração é maior nessa fase da vida?
Infarto é mais perigoso em pessoas com menos de 40 anos?
O estudo de Harvard apontou que, mesmo para quem está na faixa dos 20 aos 30 anos, o risco de o ataque cardíaco ter um desdobramento ruim é o mesmo de quem tem mais do que 40 anos. Porém, a questão é polêmica e muitos especialistas não concordam com isso.
O infarto se dá pela interrupção da circulação de sangue nos vasos de uma ou mais partes do coração. O problema, que ocorre principalmente devido ao acúmulo de placas de gordura nas artérias responsáveis por irrigar o órgão, pode provocar danos ao músculo cardíaco ou levar à morte.
Idosos (ou quem já sofreu um ou mais infartos) tendem a ter uma espécie de proteção natural ao problema. Trata-se da chamada circulação colateral, uma rede de vasos que se forma para compensar as "veias" obstruídas por placas de gordura (aterosclerose) e, assim, garantir que o sangue sempre chegue ao coração, o que poderia reduzir o risco de morrer após um infarto.
Porém, é essencial ter em mente que, em grande parte das vezes, o que determina as sequelas de um infarto ou se ele será fatal não é idade e, sim, a agilidade nos primeiros socorros e o tempo para o restabelecimento do fluxo de sangue ao coração ?a primeira hora é vital para minimizar sequelas.
Recuperação de jovens tende a ser melhor
Na resposta ao tratamento, o condicionamento geral do paciente conta mais do que a idade. Aí, sim, possuir menos de 40 anos pode ser uma vantagem, já que o jovem tende a ter os demais órgãos (como pulmão e rins) funcionando bem e menos problemas de saúde comuns do envelhecimento.
Por que os jovens estão sofrendo mais infartos?
A predisposição genética responde por boa parte dos episódios precoces de infarto, mas o principal culpado é o estilo de vida (má alimentação, tabagismo, sedentarismo e estresse). A obesidade, doença que aumenta o risco de ataque cardíaco, afeta 20% dos brasileiros, de acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados em 2018, quase dobrou nas faixas etárias entre 18 e 44 anos na última década.
O cigarro também é um problema. Enquanto o número de fumantes caiu 36% no país, os grupos entre 18 e 24 anos e 35 e 44 anos foram os únicos que apresentaram crescimento no tabagismo entre 2015 e 2016, segundo os índices mais recentes do Ministério da Saúde.
Além disso, os especialistas apontam que o uso de drogas, principalmente cocaína (e as variações sintéticas fabricadas a partir dela), tem papel relevante no aumento das ocorrências de infarto em jovens, mesmo que não haja fatores de risco associados. Dados do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia do Estado de São Paulo revelam que a cocaína é responsável por cerca de 25% dos infartos agudos em pacientes entre 18 e 45 anos, sendo que nos primeiros 60 minutos após o consumo o risco é mais de 20 vezes maior.
A substância induz ao aumento da frequência cardíaca e provoca picos na pressão arterial, o que sobrecarrega o coração. Ao mesmo tempo, causa a vasoconstrição de artérias coronárias e limita o suprimento de oxigênio para o órgão. Some-se a isso o fato de que quem usa a droga muitas vezes também fuma ou bebe álcool, o que favorece ainda mais o perigo de doenças cardiovasculares. Vale saber que um único episódio de consumo de cocaína pode ser letal pelos efeitos no coração.
Fontes: Ludhmila Abrahão Hajjar, coordenadora da UTI cardiológica do Hospital Sírio-Libanês; Germano Emílio Conceição de Souza, cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Sociedade Americana de Cardiologia.
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