Ela chegou a ter 35 kg por causa da anorexia e venceu doença com exercício
Diagnosticada com anorexia nervosa, Carolini Maciel se achava gorda e não media esforços para emagrecer: dormia para enganar a fome, ficava dias sem comer e só tomava água. Na fase mais grave da doença, ela chegou a pesar 35 kg. Mas ela encontrou na musculação uma grande aliada no seu tratamento. Hoje, aos 23 anos, é personal trainer e ajuda outras pessoas a também ter mais saúde com o treino. A seguir, Carolini relata sua história:
"Aos 13 anos idade tive uma crise existencial e entrei em depressão. Só ia para a escola por obrigação, me afastei dos meus amigos, chorava e não tinha vontade de viver. Minha autoestima estava baixa, não me sentia adequada dentro do meu corpo por já ter os seios maiores e os quadris mais largos em comparação às minhas colegas. Eu me olhava compulsivamente no espelho e me achava gorda, tinha uma imagem distorcida da minha aparência, via algo que não existia.
Eu era magra, meu peso oscilava entre 45 kg e 48 kg, mas coloquei na cabeça que tinha de emagrecer. Eu me sentia culpada por comer e me punia deixando de me alimentar corretamente. Não jantava mais, depois, passei a pular as refeições principais e a comer só um pacotinho de bolacha de água e sal. Eu tinha apetite, mas, com o tempo, meu organismo se acostumou.
Eu lia os rótulos das embalagens e estabeleci que não podia ultrapassar a ingestão de 400 calorias diárias. Ficava dias inteiros em jejum, só à base de água
Além disso, dançava, caminhava cerca de 5 km no parque e fazia 200 abdominais todos os dias para tentar emagrecer. Com esses péssimos hábitos, sequei 10 kg em dois meses.
Como estudava em período integral e me trancava no quarto ao chegar em casa, meus pais não notaram o problema de imediato, só perceberam quando foram alertados por vizinhos que comentaram que eu estava muito magra. Meu pai me deu um sermão, disse que eu precisava comer, mas respondi que não. Falei que se ele quisesse me bater e me colocar de castigo, tudo bem, mas não ia adiantar. Não me considerava doente, para mim, estava normal, eles é que estavam doidos por achar que havia algo de errado comigo.
Minha mãe me levou a uma psicóloga especialista em transtorno alimentar e fui diagnosticada com anorexia nervosa. Durante dois anos, passei por vários especialistas, fiz tratamento, tomei remédios, mas nada funcionou.
Um médico chegou a dizer que eu tinha de me alimentar ou ia morrer. Na pior fase, tive queda de cabelo, parei de menstruar e atingi 35 kg aos 15 anos. Não podia mais continuar nessa situação
Minha mudança veio a partir da sugestão de uma nutricionista. Ela perguntou se eu gostava de praticar atividade física. Falei que sim, que já tinha feito dança e jogado vôlei. Ela recomendou que eu fizesse musculação para ganhar peso e massa muscular. A psicóloga apoiou a ideia, disse que seria uma forma de eu me socializar. Segui a dica delas, fiz uma aula e gostei. Foi prazeroso! O que mais me atraiu era o fato de me exercitar sozinha, no meu ritmo, apenas com a orientação do instrutor.
Passei a frequentar a academia duas vezes por semana e, em cerca de um mês e meio, engordei 4 kg. No meu retorno à nutricionista, comentei que estava feliz com a prática, me sentia produtiva, disposta, havia feito novas amizades, estava mais confiante e preenchido o vazio que havia dentro de mim. Ela me disse que isso era bom, mas me alertou que se eu não comesse, não poderia continuar a atividade porque não teria energia o suficiente.
Levei a sério essa explicação, estava disposta a mudar e a melhorar. Voltei a fazer as refeições principais e a seguir o cardápio dela. Em seis meses, recuperei meu peso, ganhei massa magra e fiquei com o corpo mais definido.
Saí da zona de risco de desnutrição, alcancei o índice de massa corporal adequado à minha idade, altura e peso e recebi alta do tratamento.
A musculação foi o remédio mais eficaz na cura da anorexia. Um ensinamento que adquiri é que nada vem fácil no esporte, é preciso lidar com as dores, treinar, se esforçar e ter disciplina para alcançar o resultado
Aplico esse princípio na minha vida, se eu tenho um objetivo, não posso ficar na zona de conforto ou pegar apenas a carga leve, preciso batalhar para atingir meus sonhos.
Eu me apaixonei tanto por essa área de treinamento que fiz faculdade de educação física. Hoje, sou personal trainer e procuro ajudar e mostrar às pessoas que o exercício é muito mais do que um meio para ficar magro ou musculoso. Esporte é saúde, um antidepressivo natural e grande aliado no combate a doenças físicas e emocionais.
Passados dez anos do diagnóstico de anorexia e com 59 kg, meu foco é ser saudável. Eu me enxergo como alguém que renasceu com o esporte. Aprendi a ter um novo olhar sobre o meu corpo, não me cobro mais em relação à minha aparência, nem vejo mais a comida como vilã, sinto prazer em comer. Eu me aceito e gosto de mim do jeito que eu sou".
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