Infarto, verruga, câncer: 10 doenças que HPV causa e talvez você não saiba
Resumo da notícia
- O HPV é facilmente transmitido no sexo oral, vaginal, anal e até na masturbação
- Apesar de muitas vezes não provocar problemas no corpo, o vírus causa verrugas e lesões que podem evoluir para diversos tipos de câncer
- O HPV também já é relacionado com problemas cardiovasculares e infertilidade
Por muitas vezes não gerar problemas ou apresentar sintomas, o HPV (papiloma vírus humano) não costuma preocupar algumas pessoas. Mas deveria.
De transmissão fácil, que ocorre no contato entre a pele, o vírus pode ser contraído durante o sexo vaginal, anal e oral, e até na masturbação. Existem mais de 150 diferentes subtipos de HPV, divididos em baixo e alto grau e, ter uma ideia do poder desse causador de IST (infecções sexualmente transmissíveis) em se espalhar, saiba que mais da metade da população com idade entre 16 e 25 anos tem o vírus, segundo estudo feito pelo Ministério da Saúde.
Em grande parte dos casos, nosso sistema imunológico consegue eliminar o HPV do organismo, mas seu comportamento no corpo ainda não é totalmente conhecido pelos cientistas e o vírus está associado a diversas doenças, que vão desde câncer (problemas mais conhecidos que ele pode causar) até infarto ou uma verruga no dedo. A seguir, mostramos dez delas.
1. Doenças cardiovasculares
Um estudo publicado recentemente na revista Circulation Research demonstrou que mulheres infectadas pelo HPV de alto risco apresentaram maior propensão às doenças cardiovasculares, especialmente quando além do vírus possuem obesidade ou síndrome metabólica.
Os pesquisadores acreditam que isso se dá porque o HPV é capaz de mexer com vias de inflamação e atuar nas paredes dos vasos sanguíneos aumentando a formação de placas de obstruções arteriais, causando a aterosclerose (acúmulo de placas de gordura). A evolução dessa doença pode gerar infarto e AVC (acidente vascular cerebral). Apesar da associação, os especialistas ressaltam que ainda são necessários mais estudos para comprovar de forma concreta essas afirmações.
2. Verrugas na pele e olho de peixe
Na maioria das vezes, o HPV provoca infecções na pele e mucosas, que levam ao surgimento de verrugas. Quando do afeta as camadas mais superficiais da pele, o problema geralmente ocorre na região genital, mas também podem surgir na mão ou qualquer parte do corpo com vírus.
O que difere a verruga do olho de peixe é a forma como eles se desenvolvem. As verrugas se projetam para fora da pele, originando pequenas lesões ásperas e que geralmente não geram dor. Já a lesão do olho de peixe se desenvolve na sola do pé e não se projeta muito para fora. Ela tem pequenos pontos escuros no centro e tende a provocar incômodos, especialmente ao pisar no chão.
3. Lesões orais, na língua e orofaringe
São as verrugas ou papilomas que ocorrem nas mucosas da boca. Podem ser muito pequenas e desaparecerem lentamente, ou crescer bastante e gerar problemas sérios, como infecções extensas e dor.
O que determina a evolução dessas lesões é, sobretudo, a imunidade do indivíduo portador do vírus. Caso haja alguma condição de imunossupressão, provocada por Aids, câncer, quimioterapia, entre outros, a evolução pode ser mais grave e o tratamento mais difícil.
Muitas vezes, as verrugas geradas na boca são lesões benignas e o sistema imunológico é capaz de resolver. Agora, quando essas lesões se repetem constantemente ou não somem, é preciso buscar tratamento, que se dá de forma cirúrgica ou com medicamentos.
4. Câncer de borda de língua
Alguns dos subtipos do HPV são chamados oncogênicos, ou seja, podem causar câncer. Como são sexualmente transmissíveis, em relações orais, por exemplo, pode haver contato desses vírus com a mucosa oral e a língua, que vão gerar verrugas e lesões que podem provocar tumores. De acordo com dados de pesquisas internacionais, cerca de 25% dos casos de câncer de orofaringe (boca, língua, palato e faringe) têm relação com infecção pelo HPV.
"Esse processo é bastante complexo e costuma estar relacionado às mutações que os vírus são capazes de causar no material genético das células, levando à formação do tumor. Além disso, também pode haver um desequilíbrio do sistema imunológico do indivíduo portador da HPV, fazendo com que o processo de defesa seja falho, o que proporciona um ambiente favorável para o desenvolvimento do câncer", esclarece Dania Abdel Rahman, infectologista do Hospital Albert Sabin, em São Paulo.
Existem estágios do HPV que não são visíveis a olho nu inicialmente. Por outro lado, também há alterações visíveis ou perceptíveis já no estágio inicial por meio do desenvolvimento de lesões pré cancerígenas, chamadas neoplasia intraepitelial, que se não forem tratadas rapidamente podem culminar na formação de tumores e outras alterações.
5. Câncer no pênis
Basicamente, todos os tipos de cânceres que o HPV pode desenvolver apresentam o mesmo mecanismo: verruga ou lesão na pele ou mucosa que se não for tratada pode ser precursora de um tumor. "Isso ocorre principalmente quando há fatores de risco associados, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, outras IST e/ou quadros deficiência imunológica", esclarece João Prats, infectologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Além da verruga, outros sinais da doença são mudança de cor ou presença de nódulo em alguma parte do pênis, ferida que não cicatriza ou secreção com mal cheiro. O câncer de pênis não é tão comum, mas pode gerar amputação do órgão.
6. Câncer de vulva
De acordo com estudos internacionais, a doença representa de 3% a 5% dos casos de câncer do trato genital feminino inferior, e existe uma grande variedade de tumores raros na vulva, como melanoma, sarcomas, carcinomas de células escamosas, sendo esse último o mais frequente e relacionado ao HPV.
Assim como as outras doenças, existem estágios até chegar ao câncer. Isso porque o vírus com potencial oncogênico começa a alterar as formas das células de revestimento da vulva em graus. Então, no primeiro momento (nível 1), cerca de um terço do epitélio é acometido; no segundo grau, até dois terços; e no terceiro instante, mais de dois terços do epitélio encontram-se comprometidos. Pode acontecer dessas células atípicas crescerem e invadirem outros órgãos próximos, como a vagina, ocorrendo o chamado carcinoma invasivo.
7. Câncer de vagina
Mesmo sendo considerada uma doença rara, cerca de 80% dos casos de câncer de vagina têm relação com o HPV. Isso porque, em geral, a vagina é o local de disseminação de câncer originado em outras regiões, como o colo do útero e a vulva. A característica da doença e seus mecanismos de formação são iguais aos de outros tumores causados pelo vírus.
8. Câncer de colo do útero
Essa é a doença grave mais comum relacionada ao HPV, e 95% dos casos de câncer de colo uterino estão relacionados ao vírus humano. Mas nem toda mulher que tem PV vai desenvolver o tumor: em torno de 90% das pacientes eliminam o vírus no período de até dois anos.
"Para isso ocorrer depende muito da resposta imunitária de cada mulher, além do fato de a pessoa não ter fatores de risco, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, fatores nutricionais e genéticos, e do tipo do vírus infectado", afirma Maria Elisa Noriler, médica responsável pelo setor de ginecologia endócrina infantopuberal e climatério do Hospital Municipal Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo.
9. Câncer anal
Cerca de 90% dos casos desse tipo de doença estão diretamente relacionados ao papilomavírus humano. Porém, o câncer de ânus é bastante raro, representando de 1% a 2% de todos os tumores colorretais, de acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer).
Um dos possíveis sinais do câncer anal é a presença de lesões pré-cancerígenas, que são diagnosticadas por meio do exame de toque, anuscopia ou proctoscopia.
10. Infertilidade nos homens
Alguns estudos têm demonstrado que pacientes sem diagnóstico concreto para a causa da infertilidade apresentam maior prevalência de infecção no sêmen por HPV, o que pode sugerir uma relação. "Por outro lado, essas mesmas pesquisas são inconsistentes em demonstrar que existe uma piora da qualidade dos espermatozoides em pacientes com infecção de papilomavírus humano, o que dificulta, de certa forma, a associação desses fatores", pondera Matheus Gröner, urologista, especialista em reprodução humana assistida, médico e pesquisador no setor de reprodução humana da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Fontes: Cristhieni Rodrigues, cardiologista da unidade de controle de infecção hospitalar do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP --Universidade de São Paulo); Dania Abdel Rahman, infectologista do Hospital Albert Sabin, em São Paulo; Élcio Pires Júnior, coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro - Rede D'or, em Osasco e membro especialista da SBCC (Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular); Glauco Baiocchi Neto, diretor do departamento de ginecologia oncológica no AC Camargo Câncer Center, em São Paulo; João Prats, infectologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Matheus Gröner, urologista, especialista em reprodução humana assistida, médico e pesquisador no setor de reprodução humana da Unifesp; e Luisa Lina Villa, chefe do laboratório de inovação em câncer do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).
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