Ele perdeu perna e parte do pulmão devido ao câncer e se tornou Ironman
Resumo da notícia
- Após descobrir um câncer ósseo aos 9 anos, o soteropolitano Fábio Rigueira precisou amputar a perna esquerda
- Inspirado por seu tio, ele, que já andava de bicicleta, começou a nadar e percorrer seu caminho até o triathlon
- Aos 45 anos, ele conseguiu completar a maior prova da modalidade, conhecida como Ironman
- Hoje, ele está a caminho de Florianopólis para sua segunda participação na prova, buscando um tempo melhor
Soteropolitano e irmão mais velho entre três filhos, Fábio Rigueira sempre possuiu um espírito sociável e energia de sobra. A infância em Salvador foi repleta de amigos e brincadeiras de rua. Um dia, entre um jogo e outro, Fábio, com nove anos na época, levou um tombo que doeu mais do que o normal.
Ele foi levado ao hospital para fazer um raio X e o resultado do exame foi claro: osteossarcoma, um tipo câncer ósseo raro que começa nas células formadoras dos ossos. A doença é mais comum em crianças e adolescentes e os principais sintomas, que no começo podem não ser constantes, são dor e inchaço no membro --o que pode atrasar o diagnóstico de jovens que vivem brincando sem ter muito cuidado com pequenas lesões.
A busca da família por médicos foi rápida, mas a tentativa de realizar sessões fortes de quimioterapia para não precisar amputar a perna não funcionou. "Na época, os métodos não eram tão avançados, então, decidiram pela amputação da perna esquerda para que o câncer não se espalhasse para outros órgãos. Segui com o tratamento mesmo depois da cirurgia", conta Fábio.
Também não funcionou. Quase três anos após a operação, foram identificadas metástases no pulmão direito, o que ocasionou a perda de 2/3 do órgão. "O que me fortalecia naquele momento era o poder de ser criança, era mais feliz do que a muitas pessoas conseguiriam ser naquela situação", lembra.
O começo no esporte
"Pelo momento que estava vivendo, meu pai tentava amenizar minha dor da melhor forma possível, e todo ano me dava de presente uma bicicleta nova", conta Fabio.
As antigas iam para seu tio, que amava pedalar, se tornou triatleta e referência no circuito baiano, além de uma grande referência para o sobrinho. "Foi só com 20 anos que comecei a treinar com ele. Iniciei na natação e em dois ou três anos consegui alguns títulos, como o de vice-campeão Grande Salvador (são 14 km de nado em linha reta no mar)", rememora.
As distâncias na bike, que antes eram curtas, só por diversão ou para se locomover, se estenderam em longas viagens turísticas, somando entre 400 e 900 km por percurso.
"Mesmo sem perceber, já estava no caminho do triathlon, mas quando surgiu o sonho de realmente completar uma prova, fiquei em dúvida sobre como introduziria a corrida", explica.
O paratleta nunca conseguiu fazer o uso de prótese, e por isso, anda com muletas. "Quando ganhei a primeira 'perna', presente de um amigo, percebi que comecei a perder liberdade. Por causa do coto muito curto, passei a sentir muita dor. Nunca mais usei", lembra.
Um convite inusitado ajudou o paratleta à solucionar a dúvida. Um amigo sugeriu que participasse da montagem um time de futebol de amputados, e apesar de não ser seu esporte favorito, ele quis ajudar. "Ia pela união com o pessoal, mas acabei entrando em campo em algumas partidas. Aí, percebi que conseguia correr e só precisava de um treino específico", lembra.
A busca por assessorias de corrida começou, e em pouco tempo, o esportista escolheu a de Eduardo Filho, profissional de educação física que o conhecia desde a infância e abraçou seu objetivo imediatamente.
Enfim, Ironman
Após completar algumas provas de triathlon, aos 45 anos, Fábio encarou seis meses de treinamento forte e se tornou Ironman em Florianópolis na prova de 2018. A prova compreende aproximadamente 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42,195 km de corrida --finalizados pelo esportista em um tempo total de 14h 46 min.
Fui o primeiro brasileiro a finalizar a maior prova de duração de um dia usando muletas
O paratleta conta que ouviu de muitas pessoas que a prova era dura demais para alguém tão novo na modalidade, mas os comentários serviram como motivação. "Eu nunca pensei dessa forma. Sabia, sim, da dificuldade e da dedicação que eu tinha que ter. E foi com o meu esforço que consegui", relata.
Agora, Fabio está a caminho de Florianópolis para completar a prova da segunda vez, buscando um tempo melhor. "O desafio ainda é enorme, mas já quebrei o gelo e quero testar ainda mais meus limites. Se conseguir baixar 10 segundos, já será uma grande vitória", comenta.
Para o paratleta, completar o percurso proporcionou mais força para acreditar em seus objetivos. "Significou que na vida a gente consegue realizar qualquer sonho, sim, basta saber o que quer e acreditar em si mesmo. Eu venho de uma luta desde muito novo, então sei o que é se esforçar. É possível conseguir, basta procurar as pessoas certas", conclui.
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