Brasil vive epidemia de droga? Álcool é considerado questão mais importante
Resumo da notícia
- Ministro da Cidadania diz não acreditar nos estudos feitos pela FioCruz e afirmou que Brasil vive epidemia de drogas
- De acordo com dados da ONU, o consumo de drogas como cocaína e maconha é alto, mas existem outros países em que elas são usadas em maior quantidade
- Para os especialistas consultados, o álcool é uma droga muito mais prevalente no Brasil, o que é confirmado por estudos anteriores
- Eles alegam que as políticas públicas deveriam estar mais preocupadas com essa questão, principalmente com as propagandas feitas pela indústria
Depois de colocar em xeque a veracidade do estudo feito pela Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz) sobre o uso de drogas pela população brasileira, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, levantou uma polêmica sobre a existência de uma epidemia no país. Em entrevista ao jornal O Globo, Terra disse não acreditar na pesquisa da instituição.
Segundo especialistas ouvidos pelo UOL VivaBem para falar em crescimento no consumo de drogas é necessário estudar especificamente cada substância.
De acordo com o último estudo lançado pelo governo, o Lenad II (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas) de 2012, a droga ilícita mais consumida pelos brasileiros é justamente a maconha. Mas conforme os dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, em 2016 o consumo de maconha no Brasil era menor do que outros 50 países, aparecendo atrás da Islândia, Estados Unidos, Nigéria e outros. Na América do Sul, Chile e Uruguai aparecem como maiores consumidores.
Mesmo quando pensamos no uso de cocaína --que é apontada no Lenad II como uma droga com uso em ascensão -- a comparação com o resto do mundo deixa o Brasil em vantagem: existem outros 20 países com consumo maior do que o Brasil, como a Albânia, Austrália em, novamente, os Estados Unidos empatados em primeiro lugar.
Para os especialistas consultados, há o agravante ao falar em epidemia quando nos referimos a drogas é um termo equivocado. Segundo Mauricio Fiore, pesquisador da Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, só podemos usar esta palavra quando há um crescimento acelerado, concentrado e contínuo dos danos associados ao consumo de uma substância. "O uso do conceito de epidemia mais atrapalha do que ajuda no planejamento no campo de política de drogas", afirma.
Problema maior é o álcool
Para Renato Filev, médico colaborador e chefe do Ambulatório de Neurologia do Comportamento e da Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, ambos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em termos de números e estatísticas, a substância mais consumida e que vem tendo um crescimento exponencial é o álcool etílico. "Esse produto é que deveria chamar a atenção da saúde pública. Mas há desinteresse do legislativo e executivo em políticas de regulação", diz.
De fato, os dados comprovam esse consumo excessivo de álcool. No relatório apresentado pelo Lenad II mostrou que 50% da população adulta bebeu no último ano. Se compararmos com maconha e cocaína, por exemplo, os números foram menores: 1,7% e 2,5%. De acordo com os especialistas, a pesquisa da Fiocruz (que apesar de não ter sido divulgada oficialmente, teve seus dados vazados) mostrou resultados que seguem essa tendência.
Schultz acredita que há uma carência na regulamentação da publicidade: hoje o consumidor é bombardeado com propagandas de cerveja, que levam estereótipos de beleza, alegria e atração. "A regulação responsável é a melhor estratégia de saúde pública que menos vai gerar danos", finaliza.
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