Os órgãos têm a mesma idade da pessoa? Nem todos
Resumo da notícia
- Pesquisadores acreditavam que apenas alguns órgãos tinham células tão antigas quanto o organismo
- Mas um novo estudo mostrou que os órgãos são compostos por uma mistura de células antigas e jovens
- Órgãos como fígado, pâncreas e coração possuem células de várias idades
- Ao entender o envelhecimento dos órgãos é possível ter novos tratamentos
A crença era que células de neurônios e do coração fossem as mais antigas do corpo, mas que as demais fossem jovens e estivessem se regenerando ao longo do tempo.
Mas pesquisadores do Instituto Salk, nos EUA, descobriram que cérebro, fígado e pâncreas de ratos possuem células e proteínas com muitos anos, algumas tão velhas quanto o animal. A pesquisa foi publicada na revista Cell Metabolism.
Nós ficamos muito surpresos ao encontrar estruturas celulares que são essencialmente tão antigas quanto o organismo em que residem
Martin Hetzer, vice-presidente e cientista chefe do Salk e autor sênior do estudo
Ele completa que os resultados sugerem uma complexidade celular ainda maior dos órgãos, e que há grandes implicações em como pensamos o envelhecimento do cérebro, coração e pâncreas.
A maioria dos neurônios no cérebro não se divide durante a idade adulta e, portanto, experimenta uma longa vida útil e declínio relacionado à idade. O que se viu agora é que os órgãos são uma mistura de células novas e antigas.
Como o estudo foi feito?
- Pegou-se as células de neurônios para ser a base de comparação de idade para as outras células já que elas têm a mesma idade do organismo estudado.
- A equipe então usou uma combinação de imagens e elétrons isótopos para visualizar e quantificar a idade de células e proteínas no cérebro, pâncreas e fígado de um rato novo e de um velho.
O que significa?
Como o método utilizado pode ser aplicado praticamente em qualquer tecido do corpo, ele é um bom indicativo de como as células conseguem viver tanto e como elas perdem o controle sobre a qualidade e integridade de proteínas e importantes estruturas celulares durante o envelhecimento.
Por exemplo, as células que revestem os vasos sanguíneos são formadas junto com o organismo e não se regeneram. Isso pode abrir uma nova linha de tratamento para doenças do sistema circulatório.
Já o pâncreas, órgão responsável por manter os níveis de açúcar no sangue e secretar enzimas digestivas, tem células de diferentes idades.
Uma estrutura conhecida como ilhotas de Langerhans, por exemplo, pareceu um quebra-cabeça de células jovens e velhas interconectadas. É uma população de células idênticas que se distinguem por seu tempo de vida.
O fígado, por outro lado, é tido como um órgão que constantemente se regenera, por isso os pesquisadores esperavam encontrar células jovens. Mas a grande maioria das células hepáticas em camundongos adultos saudáveis era tão antiga quanto o animal. Isso abre novos caminhos para a pesquisa de como o órgão se regenera.
"O objetivo final é utilizar esses mecanismos para prevenir ou retardar o declínio relacionado à idade de órgãos com renovação celular limitada", conclui Hetzer.
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