Ser controlador vai além de tentar dominar os outros: veja como lidar
Resumo da notícia
- Ser controlador não envolve sempre querer dominar o outro: muitas vezes a pessoa com essa característica quer ter controle sobre o que acontece
- Por isso, essas pessoas sofrem muito quando as coisas não saem como gostariam, considerando uma falha até mesmo pessoal
- Para melhorar isso é preciso reconhecer essa característica e aceitar que nem tudo vai sair conforme o esperado e o planejado. Terapia é importante
Ser uma pessoa controladora não significa necessariamente querer ter domínio sobre os outros. Em muitos casos, a personalidade controladora também é vista em quem tenta regular sua própria vida, rotina e hábitos.
Normalmente, são pessoas perfeccionistas, metódicas e ansiosas. É aquele amigo ou colega de trabalho que se preocupa demais com tudo ao seu redor e precisa se antecipar a todas as situações para evitar qualquer tipo de falha ou problema.
Os especialistas, no entanto, são unânimes: o controlador vive uma ilusão, afinal, não é possível prever ou ter domínio de todos os aspectos da vida. "Nem mesmo a pessoa mais poderosa do mundo consegue ter controle de tudo. A gente só consegue controlar algumas coisas, como a roupa que vai vestir ou o que vai almoçar, por exemplo", disse Hélio Roberto Deliberador, professor do departamento de psicologia social da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Os sofrimentos do controle --e da falta dele!
A falsa sensação de controle traz, como consequência, enorme sofrimento. Qualquer problema pequeno ganha uma dimensão muito maior para o controlador. De acordo com Carolina Hanna Chain a psiquiatra do Hospital Sírio Libanês, pessoas controladoras são, muitas vezes, injustas com elas mesmas. "Se uma coisa não acontece da forma como ela gostaria, e isso por uma série de variáveis e nem sempre por falha individual, a pessoa coloca na própria conta mesmo assim. Ela se sente em dívida com a vida porque não atingiu algum objetivo", explica.
Por isso, pessoas controladoras se cobram muito e tem dificuldade em lidar com situações espontâneas, incluindo planos de última hora ou respostas inesperadas. Outras situações complicadas para o controladores são circunstâncias que não dependem em nada de sua ação ou capacidade, como andar de avião.
É comum também que o controlador tenha dificuldades de relacionamento. Esse jeito muito crítico consigo mesmo pode ser projetado em outras pessoas. O que significa que o controlador também pode ser extremamente crítico com as pessoas de seu convívio, interferindo em amizades, relacionamentos amorosos e no ambiente de trabalho. "Lá no fundo, o controlador tem uma insegurança afetiva e quer estar rodeado de bons relacionamentos. Mas pelo jeito crítico demais, ele pode provocar conflitos e afastar as pessoas, o que o leva ao isolamento", disse Chain.
E ai, como lidar?
Mas, então, como é possível minimizar essa necessidade de controle? "É muito importante fazer um trabalho de autoconhecimento", considera Deliberador. O primeiro passo é reconhecer os sintomas, se identificar como uma pessoa controladora, e a partir disso, trabalhar para amenizar o sofrimento.
"A vida humana não é um programa de computador. É importante entender que falhas acontecem e são naturais", completou Carolina Chain. A terapia também é fundamental nesse processo. É difícil abdicar de um controle muito rígido sem ajuda profissional. Em casos mais graves, há medicamentos que ajudam o controlador a relaxar.
Os especialistas também recomendam hábitos de vida saudáveis para diminuir a ansiedade, tais como atividades física e de lazer, pelo menos oito horas de sono por dia, além de técnicas de relaxamento e de respiração, ioga e meditação.
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