Vai de marmita? Aprenda como conservá-la e manter o sabor dos alimentos
Ela é a melhor opção para quem não abre mão de uma comida caseira e saudável, está fazendo dieta, tem algum tipo de restrição alimentar ou simplesmente quer economizar dinheiro. Mas se não for preparada e transportada do jeito certo, a marmita pode deixar de ser apetitosa e até colocar a saúde em risco. Isso porque até o momento da refeição ela passa por variações de luz e temperatura, o que pode criar um ambiente propício para o crescimento e proliferação de bactérias. E ainda pode chacoalhar e vazar durante o caminho.
Veja algumas dicas para que o almoço chegue intacto e bom para o consumo ao local de trabalho
1. Separe os alimentos na hora de preparar e armazenar
Em primeiro lugar, é importante não usar os mesmos utensílios no preparo de carnes e vegetais, como talheres e tábuas de cortar. Isso evita que um grupo de alimentos contamine o outro. Também é aconselhável colocar a refeição em uma marmita com divisórias para que os alimentos não se misturem e mantenham as mesmas características do momento em que foram preparados.
Organizar a marmita não tem segredo. Basta separar os alimentos por tipos, os secos dos molhados e os crus dos cozidos, assados e grelhados. O ideal é que os legumes fiquem em um compartimento separado, assim como as verduras, e só sejam armazenados depois de secos. As preparações mais líquidas como o feijão, as sopas, cremes, molhos e caldos, devem ficar em outras divisórias. O mesmo vale para as mais secas, como o arroz ou o filé de frango. Já as frutas picadas, a recomendação é que sejam levadas em outro pote.
2. Evite colocar os alimentos ainda quentes
Colocar os alimentos ainda quentes na marmita faz com que eles produzam vapor e fiquem úmidos. Além de perderem a textura original, correm o risco de azedar. Por isso, é necessário deixar que esfriem, com ou sem a ajuda do congelador. "Para um resfriamento rápido, a dica é colocar o recipiente no freezer por uns 20 minutos. É interessante acelerar o processo de resfriamento para impedir uma multiplicação bacteriana elevada", explica Viviani Fontana, nutricionista e conselheira do CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas 3ª Região - SP e MS).
Outro motivo para nunca tirar a comida do fogo ou do forno direto para a geladeira é que ela fica exposta à contaminação do mesmo jeito. "Na hora de fazer o alimento, a temperatura está bem alta e as bactérias ou morrem ou ficam inativas. Se colocado direto na geladeira, esse choque que acontece da temperatura fria com a quente faz com que ela rapidamente vá para cerca de 37 graus, que é uma temperatura ótima para as bactérias. Aí elas crescem lá dentro", afirma Andrea Balan, professora de microbiologia de alimentos da USP (Universidade de São Paulo). Depois de fria, a marmita deve ser fechada hermeticamente e guardada nas prateleiras superiores da geladeira.
3. Evite frituras
Com os cuidados de armazenamento a comida terá o mesmo aspecto e sabor da servida em casa. Com exceção dos alimentos fritos que, por absorverem umidade da geladeira, acabam murchando e não recuperam a crocância depois de aquecidos. Por isso, o melhor é substituí-los por versões grelhadas, cozidas e assadas --sua saúde também agradece.
4. Não tempere a salada
Quanto à salada, deve ser temperada na hora e o tomate fatiado antes de ser servido, para que não murche. Outra dica importante é não levar carnes e massas com molhos, pois eles tendem a estragar mais facilmente. O ideal é finalizar esses pratos no momento da refeição.
5. Não tenha medo de congelar
Quem não quer ter o trabalho de preparar a comida todos os dias, pode guardá-la no freezer por aproximadamente uma semana. Isso vale para os alimentos que não sofrem alteração quando colocados em temperaturas muito baixas. Na parte do refrigerador, o ideal é que ela não fique mais do que um dia. "A gente acredita que um alimento em condições controladas de refrigeração pode ser conservado por até 72 horas. É o que a legislação recomenda. Se, no entanto, a geladeira estiver muito cheia ou a porta dela for aberta muitas vezes, esse tempo tem que ser encurtado. Para umas 24 horas", diz Fontana.
No caso dos peixes e frutos do mar, esse tempo é ainda mais reduzido. Não podem ficar na geladeira mais do que 12 horas porque são alimentos propícios a terem bactérias que crescem em baixas temperaturas, de acordo com Andrea. Para completar, é bom colar uma etiqueta com a data de validade das refeições. E sempre descartar as "vencidas".
6. Fique atento ao material do seu pote
Além dos recipientes com divisórias serem os mais indicados, é preciso ficar atento ao material com que foram fabricados. As marmitas de vidro são as melhores opções porque podem ser levadas ao micro-ondas sem preocupação, têm a superfície lisa (que impede o acúmulo de bactérias), não soltam micropartículas como alguns plásticos e alumínios, não mancham e são mais fáceis de lavar. Mas se você preferir potes de plástico, certifique-se de que eles não foram produzidos com Bisfenol A (BPA), uma substância que pode contaminar os alimentos e causar doenças.
7. Invista em uma bolsa térmica
Na hora do transporte, a melhor maneira de evitar que o almoço estrague no caminho é levá-lo em uma bolsa térmica. Se tiver gelo artificial, melhor ainda. Principalmente se o seu trajeto for longo e em dias quentes, já que a luz e o calor estimulam o crescimento das bactérias. Chegando ao local de trabalho, se for possível coloque a marmita na geladeira. Assim o seu almoço se conservará saudável como no momento em que foi feito. E quando for aquecê-lo no micro-ondas, tire do pote de plástico e coloque num prato.
8. Lave bem sua marmiteira
Tão importante quanto o recipiente adequado é higienizá-lo corretamente. O ideal é lavar a marmita logo após a refeição com água, detergente e uma esponja que deve ser substituída semanalmente. Não se esqueça de verificar se o pote apresenta ranhuras e emendas, locais onde as bactérias costumam se alojar. Se for o caso, descarte-o.
Risco de intoxicação alimentar
Mesmo com todas essas precauções, não se deve levar alimentos que fermentam ou estragam rapidamente, como carnes mal passadas, ovos e maionese. Segundo Andrea, é preciso tomar muito cuidado com a carne de frango e os ovos, por causa da salmonella. Ivan França, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, cita a salmonella e a shigella como exemplos de bactérias que podem causar intoxicação alimentar. "A salmonelose é um quadro grave que pode causar doenças mais sérias e até levar o paciente para a UTI", diz.
Os sintomas mais comuns são náusea, vômito, diarreia e desidratação. Quando eles são persistentes e a pessoa não consegue se reidratar bebendo água ou soro via oral, deve procurar o médico. "Se ela estiver muito fraca e sentindo tontura, precisa ir ao hospital para receber hidratação endovenosa. Ou se tiver diarreia, vômito e febre alta, que são sintomas de diversas doenças. É um sinal de alerta", ressalta França.
Para Fontana, todo cuidado é pouco com as marmitas. "Um alimento contaminado pode gerar danos à saúde sem apresentar nenhum sinal aparente. Uma coisa é a alteração física, que são os alimentos deteriorados e às vezes apresentam cheiro e um sabor mais acidificado. Esses são descartados". Muitas pessoas levam marmita para terem uma alimentação de casa. Mas sem os devidos cuidados, essa característica se perde. Para um alimento ser saudável, ele também tem que ser seguro.
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