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Existe bullying também na vida adulta: entenda como lidar

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Imagem: iStock

Diego Garcia

Colaboração para o UOL VivaBem

18/06/2019 04h00

Nas últimas décadas muito se tem falado sobre o bullying infantil. Geralmente acontece na escola, entre os colegas. Agressões físicas, verbais, fofoca, ridicularização e isolamento fazem parte do mecanismo que levou muitos adolescentes ao suicídio nas décadas de 1970 e 80 na Europa. Muita gente, porém, sofre bullying na idade adulta.

Para a Angela Uchoa Branco, professora do Instituto de Psicologia da UnB (Universidade de Brasília), o bullying foi um termo específico que para se referir a implicâncias, perseguições e humilhações repetitivas que ocorrem entre pares ou colegas na escola. "Na vida adulta podemos dizer que existe bullying apenas quando isso ocorre entre colegas. Quando ocorrem entre chefes e empregados ou entre pessoas com diferentes graus de poder ou status, aí estamos falando de assédio moral", analisa.

Existe uma linha tênue entre bullying e assédio moral, segundo Danilo Faleiros, psicólogo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. "Emocionalmente, bullying tem uma característica mais narcisista de quem o comete. A pessoa quer se promover, ser mais forte ou melhor do que a outra". Nesses casos, o "bully" tenta destruir a outra pessoa para provar o quanto é mais poderoso. Já no assédio moral existe um sadismo, que é o prazer em ver o sofrimento do outro. "O intuito não é ser melhor que o outro, mas vê-lo sofrer", explica.

Como lidar com o problema?

Identificar uma situação de bullying é o primeiro sinal para tratar o problema. "Em geral é fácil perceber. Sempre envolve a disputa por poder, popularidade, desejo de controlar o outro, competição ou mesmo inveja", ilustra Branco.

O bullying só existe porque uma pessoa se sobrepõe à outra e obtém êxito nessa sobreposição. É como se a pessoa que pratica o bullying se sentisse recompensada pela vítima ter aceitado a agressão. A partir do momento em que a pessoa é afetada, passa a fazer parte do sistema de opressor e oprimido, diz Faleiros.

É muito difícil ter o autocontrole quando o emocional é afetado, explica o especialista. Mas após se ver dentro de um contexto de bullying, é importante centrar-se em seus valores e convicções para sair desta cadeia.

A melhor forma de não ser a vítima de bullying é não entrar no sistema, defende Faleiros. "Ou você busca seus direitos legais, ou escapa das provocações ou ainda, (quando for no trabalho), você pode se esquivar do agressor, tentar mudar de departamento ou em casos mais severos, pedir demissão", analisa Danilo. O especialista ressalta que, manter-se firme em suas convicções, não deixando se influenciar pelas provocações, faz com que o bullying cesse, já que as agressões de quem cometeu o bullying, não teve influência sobre você.

Para Branco, o mais importante é que as pessoas que observem o bullying ajam de maneira empática e inteligente para desconstrui-lo. "No caso do alvo, buscar recursos pessoais para não se deixar intimidar pelo agressor, pois o que mantém o comportamento de bullying é exatamente o agressor ver que o alvo sofre, se desespera ou fica intimidado. Buscar apoio para desenvolver a assertividade é o melhor caminho", finaliza.

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