Bronquite causa tosse e dificuldade para respirar; veja como tratar
Resumo da notícia
- Apesar do mesmo nome, a bronquite aguda e a crônica são doenças diferentes, com causas e tratamentos distintos
- A bronquite aguda quase sempre é provocada por vírus, como o da gripe
- O tabagismo é o principal responsável pela bronquite crônica, uma doença com perda progressiva da função pulmonar
- Vacinar-se é uma forma de prevenção contra a bronquite aguda, e também evita o agravamento da bronquite crônica
Brônquios são tubos que levam o ar para dentro dos pulmões. Eles se ramificam a partir da traqueia, até formarem os bronquíolos, que por sua vez alcançam os alvéolos pulmonares, estruturas onde ocorre a troca gasosa. Quando essas estruturas ficam inflamadas por algum motivo, dizemos que a pessoa está com bronquite —as vias aéreas se estreitam e surgem sintomas como tosse, catarro, falta de ar e chiado no peito.
Tipos e causas
Existem dois tipos principais de bronquite: a aguda e a crônica. Apesar do mesmo nome e de muitos sintomas em comuns, essas doenças são bem diferentes e, por isso, devem ser tratadas de forma distinta.
Bronquite aguda
Como o nome diz, é uma doença que começa de repente, e costuma durar de cinco dias a quatro semanas. Nesse caso, a inflamação nos brônquios é de origem infecciosa. Os principais causadores são vírus (como influenza ou parainfluenza). Em casos raros, germes como o Mycoplasma pneumoniae e a Chlamydia podem deflagrar bronquite. A exposição eventual a agentes irritantes, como poluentes e produtos químicos, também pode inflamar a traqueia e os brônquios, causando um quadro semelhante ao da bronquite aguda.
As bronquites infecciosas são mais frequentes no inverno e em crianças.
Bronquite crônica
É uma doença caracterizada pela inflamação crônica dos brônquios, com perda progressiva da função pulmonar. Oficialmente, o diagnóstico da bronquite crônica é definido quando a pessoa tem sintomas por no mínimo três meses ao ano, durante dois anos consecutivos. A bronquite crônica e o enfisema pulmonar são duas manifestações de DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). Ambas costumam se sobrepor, mas no enfisema já existe o alargamento de bronquíolos e a destruição da parede de alvéolos, com formação de bolhas de ar.
A maioria dos casos (80% a 90%) de DPOC é provocada pelo tabagismo. Outras causas possíveis são a exposição no trabalho a poeiras e produtos químicos, ou à fumaça produzida por fornos a lenha ou à queima de querosene ou biomassa.
O problema ocorre em indivíduos com mais de 40 anos. Segundo o Ministério da Saúde, o DPOC provoca 40 mil mortes por ano, o equivalente a três mortes a cada hora.
Sintomas
As principais manifestações da bronquite aguda são:
- Tosse (seca ou produtiva)
- Falta de ar ou dificuldade para respirar
- Chiado no peito
- Febre e/ou mal-estar
Observação: se a pessoa estiver gripada, outros sintomas podem ocorrer, como nariz entupido, dor de garganta e no corpo.
Já os principais sintomas da bronquite crônica são:
- Tosse produtiva crônica
- Escarro (pode ser claro ou purulento)
- Falta de ar ou dificuldade para respirar
- Fraqueza
Observação: os sintomas podem ser mais intensos ao acordar, durante a noite ou quando a pessoa se exercita.
Diferença entre bronquite e asma
Muita gente chama asma de bronquite, ou usa os termos "bronquite asmática" ou "bronquite alérgica", embora muitos médicos considerem esses termos ultrapassados. Apesar de também envolver uma inflamação nos brônquios, a asma é uma doença crônica inflamatória, na maioria dos casos, de origem alérgica, ou seja, deflagrada por uma suscetibilidade individual. A característica principal da asma é o broncoespasmo (estreitamento dos brônquios que pode ser intenso), uma reação a alérgenos específicos.
Um asmático pode ter seu quadro agravado pelo cigarro ou por infecções, mas essa não é a causa da doença. Ainda que questões individuais também possam exercer algum papel na bronquite aguda ou crônica, em tese, qualquer pessoa pode ter essas doenças se uma infecção chegar aos brônquios, ou se exposta ao cigarro por longos períodos, respectivamente. Mas não é todo mundo que pode ter asma —no Brasil, a condição afeta cerca de 10% dos adultos ou 20% das crianças.
Diferença entre bronquite e pneumonia
Ambas envolvem uma inflamação nas vias respiratórias, com tosse, catarro, falta de ar, chiado e febre. Mas a pneumonia é mais espalhada pelo pulmão, enquanto a bronquite é limitada aos brônquios. A pneumonia também pode ser causada por vírus (inclusive o da gripe), mas, na maioria das vezes, está relacionada a bactérias e, por isso, precisa ser tratada com antibióticos. Esta última também costuma provocar febres mais altas, dores no peito e respiração ofegante, podendo levar a pessoa à morte se não tratada. A radiografia de pulmão pode ajudar o médico a fazer o diagnóstico diferencial.
Diferença entre bronquite e bronquiolite
A bronquiolite é uma infecção nos bronquíolos, quase sempre causada pelo VRS (Vírus Respiratório Sincicial), que acomete bebês e crianças pequenas. Também causa dificuldade para respirar.
Diagnóstico
As bronquites podem ser identificadas a partir da análise dos sintomas, histórico do paciente e ausculta (uso do estetoscópio para ouvir o coração e a respiração) e a oximetria, para checar os níveis de oxigenação. O médico também pode solicitar exames de imagem, como a radiografia de tórax ou tomografia, além da cultura de escarro.
Nas suspeitas de bronquite crônica é comum a realização do teste de espirometria. Nele, o paciente precisa expirar o máximo de ar possível num dispositivo, para verificar se há alguma obstrução.
Tratamentos
- Bronquite infecciosa
A maioria dos casos de bronquite infecciosa é autolimitada, ou seja, cede após alguns dias ou semanas só com cuidados gerais como repouso, ingestão de líquidos em abundância, manejo da febre (se necessário) e afastamento de substâncias irritantes, como a fumaça do cigarro. Vaporizadores ou umidificadores de ar também podem ser úteis, mas instruções do fabricante devem ser seguidas para se evitar a proliferação de micro-organismos.
O uso de broncodilatadores ou corticoide inalatório é indicado apenas em situações específicas. O antibiótico só é prescrito quando há suspeita de infecção bacteriana. Remédios para inibir a tosse à base de codeína devem ser evitados, ou indicados pelo médico apenas para alívio temporário quando a tosse é muito intensa.
- Bronquite crônica
Já o tratamento da bronquite crônica é permanente e envolve diversas frentes para aliviar os sintomas, controlar ou evitar as exacerbações (períodos em que as manifestações são mais intensas) e impedir a progressão da doença.
É frequente a indicação de uso regular de broncodilatadores e, às vezes, de anticolinérgicos. A inalação com corticoide deve ser adotada apenas nas exacerbações ou nos casos mais graves. Infecções podem exacerbar a doença, por isso é importante que os pacientes sejam vacinados e procurem o médico quando há gripes e resfriados.
A prática de atividade física com orientação específica para o paciente é fundamental para melhorar a falta de ar e a fadiga. Também existem programas de reabilitação pulmonar para DPOC, que ajudam os pacientes mais graves a manter a rotina diária e a manejar as crises de falta de ar. A oxigenoterapia, ou seja, o uso de oxigênio durante algumas horas ao dia, é indicada em casos específicos de DPOC grave.
Quem tem bronquite não deve fumar
Parar de fumar é essencial para quem sofre de bronquite. A participação em programas de cessação aumenta bastante as taxas de sucesso dos pacientes. Esses tratamentos envolvem a abordagem cognitivo comportamental (para mudar crenças e comportamentos associados a elas), e podem acompanhar medidas farmacológicas para alívio da abstinência.
Como ajudar quem sofre de bronquite?
É importante levar o paciente ao pronto-socorro sempre que apresentar dificuldade para respirar, especialmente se os lábios ou unhas ficarem azulados. Crianças, idosos, gestantes e indivíduos com doenças crônicas devem receber orientação médica sempre que têm alguma infecção respiratória.
No caso da bronquite crônica, é importante que a família e/ou cuidador também seja orientado para ajudar nas tarefas diárias e para saber como agir quando os sintomas se agravam. Como em qualquer outra doença crônica, a depressão pode surgir, e nesse caso quem está em volta pode perceber o quadro e avisar o médico.
Como prevenir a bronquite
- Vacine-se A imunização contra a gripe e pneumococos, entre outras, evitam bronquites infecciosas e também doenças que podem agravar o estado dos pacientes com bronquite crônica.
- Lave as mãos corretamente A higiene das mãos é uma forma importante de se evitar o contato com micro-organismos que causam infecção.
- Não fume Essa é a principal medida para evitar a bronquite crônica e também sintomas mais graves em casos de infecções respiratórias.
- Atenção à exposição ocupacional Se você trabalha com poeiras ou outras substâncias tóxicas, use sempre máscaras de proteção.
- Pratique atividade física regular Os exercícios ajudam a melhorar a capacidade respiratória e a imunidade e são importantes para a qualidade de vida de quem sofre de bronquite crônica.
- Tenha uma dieta equilibrada A nutrição adequada também é importante para a imunidade.
- Siga sempre as orientações médicas, e não interrompa o uso de medicamentos por conta própria.
Fontes: Flávia Velasco, pneumologista da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia); Maria Alenita Oliveira, pneumologista da SBPT; Marcelo Vivolo Aun, diretor da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia); Alexandre Naime, infectologista e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia); Nelson Ejzenbaum, pediatra e neonatalogista, membro da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria); Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH); Ministério da Saúde
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