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AVC em jovens está aumentando? Doença é mais perigosa antes dos 45 anos?

O AVC acontece quando vasos que levam sangue até o cérebro entopem ou se rompem
Imagem: O AVC acontece quando vasos que levam sangue até o cérebro entopem ou se rompem

Rodnei Corsini

Colaboração para o UOL VivaBem

04/07/2019 04h00Atualizada em 27/04/2020 21h47

Resumo da notícia

  • O AVC é uma das doenças que mais mata no mundo e a idade é um dos seus principais fatores de risco
  • No entanto, estudos mostram que o número de jovens que sofre a doença está aumentando em alguns lugares do mundo
  • Hábitos ruins, como má alimentação, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e estresse estão entre os responsáveis pela elevação do problema
  • Não dá para cravar que um AVC é mais perigoso em jovens, mas alguns fatores podem fazer com que o problema gere maiores complicações

A idade está entre os principais fatores de risco do AVC (acidente vascular cerebral), logo, o problema é menos comum em jovens do que em idosos. No entanto, pesquisas mostram que o número de pessoas mais novas com a doença tem aumentado em algumas partes do mundo.

Um estudo feito nos EUA e publicado no Journal of American Heart Association, por exemplo, revela que entre 2000 e 2010 houve uma elevação de 44% nos casos de AVC em indivíduos com idade entre 25 e 44 anos. No Brasil, uma pesquisa publicada no Plos One aponta que ocorreu aumento pouco significativo nos casos de derrame entre 2008 e 2012 em pessoas com idade entre 15 e 49 anos. Mas nem por isso devemos deixar de nos preocupar com o problema. Afinal, o derrame é uma das doenças que mais mata no mundo e, quando não leva ao óbito, tende a deixar sequelas que afetam consideravelmente a qualidade de vida da pessoa.

Quais as causas de AVC em jovens?

A rotina cada vez mais estressante, a obesidade e hábitos de vida pouco saudáveis, como sedentarismo, má alimentação —repleta de frituras, fast-food e produtos ultraprocessados — e o uso excessivo de álcool e de drogas estão entre os principais responsáveis pelo AVC em jovens (e também em idosos), segundo José Renato Bauab, neurologista do Hospital do Coração (HCor).

Um derrame em um jovem é mais grave?

Vale lembrar que um AVC acontece quando vasos que levam sangue até o cérebro entopem ou se rompem. Isso provoca paralisia da atividade cerebral na área que ficou sem circulação sanguínea, o que causa déficits e complicações nas funções do corpo. A gravidade e as sequelas geradas pelo derrame dependem de alguns fatores, como seu tipo (isquêmico ou hemorrágico), sua localização e sua extensão no cérebro. Por isso, não dá para cravar que todo derrame é mais perigoso em jovens do que idosos.

Porém, o aumento da pressão intracraniana, decorrente do edema (inchaço) que o cérebro apresenta na fase aguda do AVC, costuma trazer maior repercussão e maior risco de morte em jovens. Isso acontece porque essas pessoas têm menor complacência ao aumento da pressão intracraniana. "Com o passar da idade, há redução no volume do cérebro, fazendo com que exista maior espaço dentro do crânio, permitindo assim maior tolerância ao inchaço em idosos", explica Eli Evaristo, neurologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Outro fator que pode tornar um AVC mais severo em pessoas abaixo de 45 anos é que, conforme a idade avança, o cérebro tende a "criar" novos vasos sanguíneos, para driblar problemas na circulação do sangue trazidos pelo diabetes, hipertensão etc. Isso traz uma proteção natural ao tecido cerebral, pois quando um vaso se rompe ou entope no AVC, há outros "caminhos" que permitem que o sangue continue sendo distribuído.

Quais são as principais sequelas de um AVC?

Como falamos, as sequelas não estão diretamente relacionadas com a idade. No entanto, como os jovens estão em uma fase da vida mais ativa do que idosos, mesmo as menores repercussões podem trazer grandes modificações na rotina. "A repercussão funcional de um AVC é grande. Cerca de 70% dos sobreviventes têm algum prejuízo funcional causado pela doença e cerca de 30% têm incapacidade para locomoção de forma independente", diz Eli Evaristo.

Um derrame pode trazer problemas como:

  • Comprometimento da movimentação do corpo (déficit motor);
  • Comprometimento da sensibilidade física (dormência);
  • Dificuldade na fala e na compreensão (afasia);
  • Déficit de memória;
  • Agnosia visual (incapacidade da pessoa de reconhecer objetos e pessoas pela visão, apesar de ela não ter sido comprometida);
  • Alteração da coordenação e do equilíbrio;
  • Lesões no tronco cerebral (atinge centros responsáveis por atividades vitais, como a respiração);
  • Outras alterações neuropsicológicas (alterações comportamentais, depressão e transtorno de estresse pós-traumático).

Como é a reabilitação e o tratamento?

Quanto mais jovem é a pessoa acometida por um AVC, maior é a capacidade de regeneração. "O cérebro de alguém mais jovem consegue mais facilmente fazer com que áreas que não trabalhavam em determinada função a assumam — chamamos isso de plasticidade neuronal", explica a neurologista Gisele Sampaio, da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

As estratégias para reabilitação, em princípio, são as mesmas para jovens e idosos:

  • Fisioterapia;
  • Fonoaudiologia;
  • Suplementos/medicamentos;
  • Aparelhos de reabilitação neurológica com auxílio tecnológico e realidade virtual;
  • Neuromodulação;
  • Fisiatria.

O que ajuda a evitar um AVC?

A principal forma de prevenir o problema é combatendo os fatores de risco modificáveis. Portanto, o recomendado é praticar atividades físicas regularmente, manter uma boa alimentação, reduzir o estresse, controlar o peso corporal, não fumar e evitar o consumo excessivo de álcool.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que havia sido informado nesta reportagem, apesar de uma pesquisa mostrar que o número de casos de AVC em jovens aumentou em Joinville (SC), no Brasil a incidência da doença em pessoas com idade entre 15 e 49 anos não teve grande variação, conforme mostra outro estudo que foi acrescentado ao texto. As informações já foram corrigidas.