Hipertensão resistente: os riscos quando pressão não baixa com tratamento
Resumo da notícia
- A hipertensão resistente ocorre quando a pressão não baixa mesmo com mudança de hábitos e a utilização de três remédios corretamente
- O problema tem múltiplas causas, sendo que a principal é a dificuldade do paciente em excretar o sal
- A condição geralmente apresenta poucos sinais e é importante o paciente seguir o tratamento correto, feito com medicamentos
A hipertensão é diagnosticada pelos médicos quando a pressão sanguínea ultrapassa de forma recorrente os 140/90 mmHg (ou o popular 14 por 9). Seu tratamento normalmente está associado ao uso de medicamentos e a mudança de hábitos (prática de exercícios, dieta, dormir bem, não fumar).
Quando a alteração no estilo de vida e a utilização de três remédios na dosagem correta não são suficientes para controlar a doença e a pressão permanece acima dos 14 por 9, ocorre a chamada hipertensão resistente.
Segundo dados de 2017 do Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), 24,3% dos brasileiros são hipertensos. Desses, a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) estima que 12% tenham a forma resistente da doença.
"A hipertensão, e também a sua forma resistente, tem múltiplas causas, sendo a mais importante a dificuldade do paciente de excretar o sal. E essa retenção salina pode acontecer por diversos motivos", afirma o cardiologista Rui Povoa, presidente do Departamento de Hipertensão da SBC.
Como identificar o problema
Os médicos dizem que o primeiro passo para verificar se um paciente tem hipertensão resistente é checar se ele está seguindo corretamente as orientações. "Muitas vezes, a pessoa é que é resistente. Ela é que não aderiu ao tratamento. Então, precisamos eliminar essa possibilidade antes de adotar outros medicamentos", afirma o médico Frederico Abreu, coordenador de cardiologia do Hospital Santa Lúcia.
Antes do diagnóstico, é preciso ainda afastar a síndrome do avental branco, que é aquele nervosismo que alguns pacientes sentem toda vez que vão aferir a pressão em um ambiente médico, o que pode acabar alterando o resultado.
Para garantir que não haja distorções, os médicos costumam pedir um exame para registrar esses dados durante 24 horas. Se os resultados confirmarem a hipertensão resistente, é preciso passar para outra etapa: verificar se o problema tem causas secundárias.
"Em alguns casos, um tumor na glândula suprarrenal ou uma obstrução na artéria renal podem elevar a pressão arterial", afirma a médica Paola Smanio, gestora do Centro Diagnóstico de Cardiologia do Fleury Medicina e Saúde. Nessas situações, o tratamento dessas condições já ajuda a controlar a hipertensão.
Os médicos dizem, no entanto, que as causas secundárias são a explicação de uma pequena parte dos quadros de pressão alta resistente. E aí pode não haver uma explicação para essa condição e o tratamento indicado inclui o uso de um quarto remédio.
"É preciso ter a habilidade de conscientizar o paciente, que muitas vezes é assintomático, sobre a importância de tomar os medicamentos corretamente, de ter disciplina, porque é um tratamento complexo", afirma Abreu.
Perfil mais comum
De modo geral, a doença é causada por uma série de fatores, que vão desde a genética até os hábitos do paciente. "Filhos de pais hipertensos têm 75% de chances de ficar hipertensos; e o mesmo acontece com a forma resistente. Mas não é só isso. A hipertensão é uma mistura de hereditariedade e meio ambiente", diz Povoa.
Pessoas obesas, sedentárias, fumantes e que exageram na ingestão de alimentos ultraprocessados e com muito sal são os mais afetados. Além disso, estresse e diabetes estão associados ao aumento da pressão arterial.
A hipertensão é mais comum entre idosos (60,9% das pessoas com 65 anos têm hipertensão, segundo o Vigitel) e afrodescendentes.
Os pesquisadores também já sabem que há uma relação entre a apneia do sono e o aumento da pressão arterial. "A apneia afeta a qualidade de oxigenação do cérebro durante o sono, e uma das consequências disso é a hipertensão", explica Smanio. Resultado: esses pacientes têm risco maior para eventos cardiovasculares, como infarto e AVC.
Sinal de alerta
Os sintomas iniciais da hipertensão são dor de cabeça, especialmente na nuca, falta de ar e palpitações. O problema é que nem sempre eles aparecem e os pacientes podem entender como se estivesse tudo bem. "Muitas vezes, a pessoa ignora os sintomas, acha que é outra coisa. Além disso, com o passar do tempo, existe uma adaptação do organismo, então quem convive com pressões muito elevadas pode ficar assintomático", diz Abreu.
Apesar de silenciosa, a pressão alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço muito grande para fazer com que o sangue seja distribuído pelo corpo. Isso significa uma sobrecarga não só para o sistema circulatório, mas também para os rins, que precisam filtrar o sangue, e para o cérebro.
Em longo prazo, fazer o organismo trabalhar no limite aumenta os riscos de infarto, AVC (acidente vascular cerebral) e insuficiência renal.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, em média, 388,7 mortes por dia no Brasil estão relacionadas à hipertensão. Só no ano de 2017, foram registrados 141.878 óbitos por conta da doença.
"Essa é uma doença silenciosa, por isso é importante realizar um check-up periódico, especialmente se você tem familiares com pressão alta. E se for diagnosticado com o problema, é preciso fazer o controle adequado", alerta Smanio.
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