Pessoas que acreditam estar obesas podem desenvolver depressão, diz estudo
Resumo da notícia
- Pessoas que acreditam estar acima do peso têm mais chances de desenvolver depressão e ter pensamentos suicidas
- A percepção de peso corporal explica a relação entre Índice de Massa Corpórea (IMC) e saúde mental
- Resultados reforçam a importância do acompanhamento psicológico de pessoas acima do peso
O estigma social de quem está acima do peso tem influência no desenvolvimento de doenças como depressão e ansiedade. Mas um novo estudo divulgado este mês sugere que esse efeito pode aparecer inclusive em pessoas com peso saudável, mas que se percebem como obesas ou acima do peso.
Liderada por cientistas da Universidade de Liverpoool, na Inglaterra, o estudo, publicado pelo periódico Clinical Psychology Review, traz uma revisão de 32 estudos anteriores conduzidos desde 1991 sobre a relação entre estar acima do peso e o aparecimento de sintomas da depressão.
O resultado é que quanto mais os participantes se percebem como acima do peso ou obesos, maiores eram as chances deles desenvolverem sintomas da doença e ainda apresentarem pensamentos suicidas - exatamente como acontece com os pacientes comprovadamente obesos.
De acordo com a revista New Scientist, "o medo de perceber-se como parte de um grupo estigmatizado afeta diretamente a nossa necessidade de pertencimento e aceitação, e pode assim afetar a saúde mental", disseram, em comunicado, os cientistas, liderados por Ashlegh Haynes, da Universidade de Liverpool.
Os cientistas, no entanto, ressaltaram que essa ligação ainda não está clara - ou seja, é possível também que a tendência a desenvolver depressão possa afetar o julgamento de uma pessoa, fazendo com que ela perceba-se como acima do peso.
Como o estudo foi feito
- O time de cientistas utilizou três arquivos eletrônicos e selecionaram 32 estudos dentre 10.398 pesquisas sobre o tema.
- Os estudos analisados foram conduzidos nos Estados Unidos, Holanda, Coréia do Sul, China, Hong Kong e Japão com amostras que variaram entre 106 e 109 mil voluntários.
- Nesses estudos, participantes ranqueavam suas percepções sobre o próprio peso em categorias como muito ou ligeiramente abaixo do peso; correto ou normal; ligeiramente acima do peso ou muito acima do peso e obeso. Ao mesmo tempo, o peso correto de todos era calculado utilizando a conta do Índice de Massa Corpórea (IMC).
- Os estudos também mediam sintomas depressivos por meio de questionários, entrevistas clínicas ou por diagnóstico.
- A associação entre obesidade e doenças mentais foi observada independentemente da origem do estudo, da idade dos participantes (crianças x adultos, por exemplo) e gênero.
- Também não fez diferença o fato do paciente estar objetivamente acima do peso ou não; apenas perceber-se como tal já o predispunha ao problema.
Por que isso é importante?
Um relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2017, aponta que a depressão afeta 4,4% da população mundial (5,1% das mulheres e 3,6% dos homens). No Brasil, a prevalência é um pouco maior que a média: de 5,5%, número que, nas Américas, só é superado pelos Estados Unidos.
A própria OMS reconhece que os casos do problema cresceram 18% na última década e, até 2020, considera-se que ela será a doença mais incapacitante em todo o mundo.
Recentemente, cientistas da Universidade do Sul da Austrália e da Universidade de Exeter, no Reino Unido, já haviam estabelecido uma ligação direta entre a obesidade e o desenvolvimento da depressão.
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