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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Não é só músculos: treino com peso reduz perda de memória em ratos

O treino resistido ajudou a combater a inflamação no cérebro, que está associada a perda de memória conforme envelhecemos - iStock
O treino resistido ajudou a combater a inflamação no cérebro, que está associada a perda de memória conforme envelhecemos Imagem: iStock

Do UOL VivaBem

27/07/2019 11h30

Que malhar é ótimo para construir e manter os músculos, praticamente todo mundo sabe. Mas um novo estudo feito com ratos confirma que o treino com pesos também é capaz de promover mudanças na estrutura celular cerebral, o que ajuda a melhorar o raciocínio e combater os efeitos da inflamação no órgão, o que pode reduzir ou até reverter a perda de memória conforme envelhecemos.

Na pesquisa, após analisar os roedores, os cientistas da Universidade do Missouri (EUA) descobriram que o cérebro dos animais que "levantaram peso" estava repleto de enzimas e marcadores genéticos capazes de iniciar a criação e garantir a sobrevivência de neurônios, além de aumentar a plasticidade (que é "habilidade" do cérebro em se remodelar). Isso pode a ajudar a reduzir o risco de demências, como Alzheimer, e outras condições neurodegenerativas.

Como o estudo foi feito

  • Como não é fácil fazer com que ratos levantem halteres, os cientistas colocaram os animais para subir uma escada de 100 cm carregando sacos, que foram pregados em suas orelhas com fitas adesivas.
  • Para testar os efeitos da atividade física no cérebro, os pesquisadores injetaram em um grupo de animais uma substância que induz a inflamação cerebral, criando uma condição semelhante a um comprometimento cognitivo leve ou demência precoce. Já o grupo controle não recebeu a substância e parou de malhar
  • Metade desses ratos com inflamação cerebral seguiu fazendo o exercício na escada --inclusive carregando sacos cada vez mais pesados nas orelhas, como você, que aumenta o peso no supino conforme evolui no treino. A outra parte ficou sem praticar a atividade resistida.
  • Todos os roedores foram soltos em um labirinto iluminado, que tinha apenas uma parte escura (ratos buscam se esconder em lugares sem luz), para aprenderem o caminho até ela.
  • Nos primeiros testes, os bichos que não receberam a substância inflamatória (grupo controle) foram os mais rápidos e precisos no labirinto.
  • Porém, com o passar do tempo, os ratos que faziam musculação, apesar da deficiência cognitiva induzida, alcançaram e em alguns casos até ultrapassaram o grupo controle. Já os ratos com inflamação no cérebro que não malharam continuaram muito atrás de todos os outros.

"Os resultados mostraram que o treino com pesos realmente foi eficiente para restaurar a capacidade de raciocínio dos animais", afirma o fisiologista e doutor Taylor Kelty, um dos responsáveis pelo estudo.

Obviamente, como o trabalho foi feito com ratos, ainda não dá para cravar que o mesmo efeito ocorre em humanos e mais estudos devem ser realizados para comprovar isso. "No entanto, é seguro recomendar que todas as pessoas façam musculação. Isso é bom pelas razões que já conhecemos e ainda parece ter um efeito neuroprotetor", sugere Kelty.