Apoiar mães é essencial para que haja amamentação adequada
"Após uma complicação no pós-parto, eu fiquei três dias sem conseguir amamentar, mas consegui superar. Tive muito apoio do meu companheiro, da minha mãe e da minha irmã para que meu filho não largasse meu peito. Para mim, foi incrível ter esse apoio ", descreve a assistente social, Rosângela da Silva de 35 anos.
O leite materno gera inúmeros benefícios para mãe e filho. Além do valor nutritivo para os bebês, ele protege as crianças contra infecções, alergias, algumas doenças crônicas e cânceres infantis.
Mas já pararam para pensar na importância que é esse momento entre mães e bebês? E o quanto pode ser difícil para a mulher doar não só o leite, principalmente quando existe uma rotina de dona de casa ou trabalho?
Por isso, durante o período de amamentação, é fundamental que a mãe esteja amparada. "Nos primeiros meses de amamentação são muitas mudanças acontecendo. Apesar de parecer muito natural, o processo é intenso para o bebê e a mãe. É preciso ter tranquilidade para esse momento e ter apoio dentro e fora de casa é fundamental para que esse processo ocorra de maneira mais calma possível", explica coordenadora de Saúde da Criança e Aleitamento Materno, Janini Ginani.
A maternidade passa por diversas fases: pré-natal, parto, puerpério e a amamentação. Mas, apesar de todas as vantagens do ato de amamentar, nem sempre as mulheres conseguem levar adiante esse momento. Por isso, é necessário promover suporte, principalmente emocional. "Essa rede de apoio foi fundamental para que eu conseguisse fortalecer esse laço entre meu filho, eles me ajudaram na ordenha e para continuar estimulando a produção de leite", conta Rosângela.
Mesmo que a mulher já tenha vivenciado a maternidade, não existe manuais e, cada novo ciclo que se inicia com um filho será uma experiência única na hora da amamentação. E essa nova mãe precisa estar entre pessoas que a deixem mais segura. "A criança não deve ter horários estabelecidos para as mamadas, então, a família e o companheiro têm que apoiar a mulher para que ela possa permanecer o máximo de tempo possível em dedicação exclusiva", explica a coordenadora do ministério.
Uma das funções do leite materno é construir o sistema imunológico do bebê, já para mãe, auxilia na redução de peso, na recuperação do tamanho normal do útero, diminui o risco de hemorragia e anemia, além disso, ajuda na redução dos riscos de diabetes e de desenvolver câncer de mama e ovário.
Chegando em casa
O pós-parto é cansativo! São horários trocados, adaptação da casa, parentes ansiosos para conhecer o novo membro da família. E essa nova rotina pode dificultar nesse processo da amamentação. Ter o apoio do companheiro cuidando da casa ajuda muito. "O papel do pai é fundamental, porque a gente às vezes não consegue ter tempo para tomar um copo d'água, ou para se alimentar bem, o pai muito presente apoiando, preparando todas as estruturas de suporte me ajudou muito", conta a assistente social.
A técnica do ministério ressalta também que é preciso que os familiares atendam ao pedido da mãe, porque ela também está se adaptando a chegada do pequeno. "A família e o companheiro tem um papel muito importante para favorecer a amamentação exclusiva. O companheiro e a família podem contribuir nas tarefas domésticas, se ocupar dos cuidados com o bebê para a mãe poder descansar, se alimentar. Existem muitas formas de contribuir com o bem-estar da mãe nesse momento de inteira dedicação", comenta Janini.
Outro ponto que influencia na hora de amamentar é o local, que precisa passar conforto. "Isso vale para a família e também para toda a sociedade. A mulher tem direito de amamentar seu bebê com tranquilidade onde estiver", destaca a coordenadora.
Pré-natal e profissionais de saúde
O pré-natal faz toda diferença para esse período. É durante o acompanhamento antes do parto que a mulher deve ser informada sobre a amamentação para esclarecer as questões que surgirem. "Nesse período em que ela recebe algumas orientações de aleitamento materno, já é preparada para algumas situações que podem ocorrer e até mesmo para identificar mudanças que vão acontecer nesse processo", alerta a coordenadora.
Depois da chegado do filho, algumas dificuldades podem surgir nos primeiros dias de aleitamento materno. "Com relação ao posicionamento, a pega, como colocar o neném para mamar. Bancos de leite e salas de apoio à amamentação são locais de referência para buscar esse apoio qualificado", reforça Janini.
Rosângela relembra que mesmo com pós-parto complicado, ela se sentiu mais segura com as orientações das enfermeiras. "As enfermeiras me ajudaram muito nesse processo, falaram sobre a pega correta e me ensinaram uma posição confortável para amamentar", relata.
Volta ao trabalho
Todos esses benefícios para a saúde do bebê e da mãe fazem com que a Organização Mundial da Saúde recomende o aleitamento exclusivo durante seus primeiros seis meses de vida, e como complemento até dois anos ou mais, mesmo após a introdução alimentar.
Por isso é importante que o ambiente de trabalho incentive o aleitamento, pois além de fortalecer a saúde do bebê e da mulher, essa prática também contribui para construir um mundo mais sustentável. "Uma creche próxima ou mesmo no local de trabalho para que a mulher consiga amamentar seu bebê ou salas de amamentação apropriadas para que ela possa realizar a coleta e o armazenamento do leite durante a jornada de trabalho auxiliam na manutenção da amamentação exclusiva até os seis meses", complementa a coordenadora.
Além disso, amamentar é a forma de proteção e alimentação mais econômica do mundo, pois, a mãe que amamenta o filho não compra leite e fórmulas infantis, o que evita a produção de embalagens.
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