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Ter amigos e vida social ativa aos 60 anos reduz em 12% o risco de demência

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Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

05/08/2019 17h41

Um estudo feio com mais de 10 mil pessoas descobriu que quem tinha uma vida social ativa aos 60 anos tinha 12% menos risco de desenvolver demência anos depois. E não pense que poucos amigos ou família fazem diferença. Os cientistas chegaram a essa porcentagem justamente quando compararam essas pessoas socialmente ativas àquelas que viam apenas um ou dois amigos a cada poucos meses e, para piorar, ver parentes não mostrou a mesma associação benéfica. Os resultados foram publicados no periódico Plos Medicine na sexta-feira (2).

Benefícios semelhantes foram vistos para aqueles que viam amigos quando tinham 50 e 70 anos, embora a associação não fosse forte o suficiente para ser estatisticamente significativa.

A explicação para a relação entre a vida social e o risco de ter demência ainda não tem exatamente uma explicação concreta, mas os pesquisadores têm uma teoria: o contato social faz com que áreas da memória e da linguagem sejam estimuladas no cérebro, o que pode construir a chamada reserva cognitiva.

"Os resultados deste estudo adicionam outro caminho potencial pelo qual as pessoas podem tomar medidas dentro de suas vidas para melhorar sua saúde cerebral e reduzir o risco de demência", diz Andrew Sommerlad, da University College London, principal autor do estudo.

Segundo ele, precisamos estar conscientes de que estamos em uma sociedade em que o isolamento social e a solidão estão se tornando mais comuns. "Esperamos que, trabalhos feitos pela comunidade e governantes sejam feitos para facilitar a conexão entre as pessoas mais velhas", disse Sommerlad.

Como o estudo foi feito

  • Os pesquisadores analisaram 10.228 pessoas que participaram de um questionário entre 1985 e 2017 sobre a frequência de contato social com amigos e parentes. Os participantes tinham entre 35 e 55 anos quando começaram a ser avaliados.
  • O contato social foi medido seis vezes. O estado de demência foi verificado a partir de três bancos de dados clínicos e de mortalidade, e a cognição foi avaliada cinco vezes por meio de testes de memória verbal, fluência verbal e raciocínio.

  • Os resultados mostraram que uma maior frequência de contato social aos 60 anos estava associada a um menor risco de desenvolver demência e que essa associação estava ligada ao contato social com amigos, e não com parentes.

Como evitar a solidão na terceira idade

1) Mantenha-se ativo fisicamente

Fazer exercícios traz inúmeros benefícios à saúde mental e física. Portanto, é importante se dedicar à prática de atividade física (aeróbica, de preferência três vezes por semana ou mais). Existem estudos com população de idosos em que a realização de atividade física reduziu a chance de o idoso desenvolver depressão. E não são necessários exercícios muito elaborados: incluir caminhadas na rotina já pode ser muito bom para a saúde física e mental. Fazer parte de um grupo que pratique exercícios é uma boa alternativa.

2) Mantenha-se ativo intelectualmente

A solidão tem uma relação com o Alzheimer. Um estudo publicado em 2017 no periódico International Journal of Geriatric Psychiatry mostrou que a solidão estava ligada à piora da função cognitiva ao longo de um período de 12 anos. Para manter o cérebro ativo e evitar esse declínio cognitivo, é importante aprender novas atividades. Que tal aprender a tocar um instrumento musical, uma nova língua, a costurar, um tipo de artesanato, fotografia, ou mesmo aprender a navegar na internet?

3) Medite

É importante destacar que não se trata de uma atividade religiosa, mas sim de uma prática com base científica. Muitos estudos mostraram que a prática regular da meditação pode alterar as estruturas cerebrais. É uma valiosa ferramenta que pode ajudar o indivíduo a aprender a lidar com a vida como ela é, trazendo mais qualidade de vida, resiliência e bem-estar.

4) Amplie sua rede social

Ter amigos estimula o idoso a sair de casa e a manter a mente ativa, não contando apenas com a presença da família. Fazer cursos, trabalhos voluntários e até organizar encontros semanais ou quinzenais com amigos e frequentar grupos de terceira idade ajudam.

Informações de matéria do dia 28/03/2018.