Topo

Crossfit é vilão e causa mais lesões que outras modalidades?

Diana Cortez

Colaboração para o VivaBem

14/08/2019 04h00

Muita gente tem medo de fazer crossfit por achar que o exercício causa muitas lesões. No entanto, se você quer aproveitar todos os benefícios da modalidade --que costuma trazer ótimos resultados para quem deseja perder gordura e definir os músculos --, não se assuste com isso.

Sim, o risco de se machucar ao praticar a modalidade existe, mas pesquisas revelam que a taxa de lesão é semelhante a outros métodos de treinamento, e menor do que muitos esportes de contato, como o popular futebol e o judô.

Crossfit não causa mais lesões

Um estudo brasileiro realizado por Jan Willem Cerf Sprey, médico ortopedista e especialista em medicina esportiva da Santa Casa de São Paulo, publicado na revista Orthopaedic Journal of Sports Medicine, descobriu que 31% dos praticantes de crossfit já sofreram alguma lesão desde que começaram a treinar.

Ao comparar esse índice com modalidades como levantamento de peso, musculação, ginastica olímpica, corrida e triatlo, os cientistas perceberam que o percentual de atletas competitivos e recreacionais que se machucaram foi similar. Já no futebol, 60% das pessoas relataram que tiveram alguma lesão, e isso apenas no período de um ano.

Um outro trabalho científico, publicado no The Journal of Strength & Conditioning Research, encontrou resultados semelhantes e apontou que, a cada mil horas de treino, acontecem 3,1 lesões no crossfit, enquanto no futebol essa taxa é de 7,8; e no judô, de 16,3.

"A conclusão é que o crossfit pode lesionar assim como qualquer outro esporte com características semelhantes, e machuca menos do que esportes de contato, como futebol, rúgbi, basquete, vôlei e handebol", coloca Sprey.

Como não se machucar no treino?

O crossfit ganhou fama de ser um esporte que provoca muitas lesões devido à alta intensidade em que muitos exercícios são realizados e ao fato de ter uma proposta estimulante, que faz com que a pessoa busque se superar a cada treino, inclusive em relação a outros alunos.

No entanto, assim como na musculação, no treino funcional, no pilates, no sppining, na corrida etc., no crossfit é possível controlar a carga e a intensidade dos exercícios e até diminuir a complexidade de alguns movimentos, para que o praticante não exija demais do corpo.

"Se a aula for realizada dentro do limite de cada um, com orientação e adaptando exercícios para cada faixa etária, perfil e experiência do praticante, vai ser benéfica", coloca Eduardo Malavolta, ortopedista especialista em ombros do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

A supervisão de um profissional de educação física também é essencial. Uma pesquisa da University of Rochester School of Medicine and Dentistry (EUA) avaliou o nível de envolvimento dos treinadores de crossfit nas aulas e identificou que aqueles que oferecem mais orientação tiveram uma taxa menor de alunos com lesões. "Isso mostra que é fundamental o acompanhamento de um profissional que se preocupa em corrigir o movimento do aluno a todo momento", fala Adriano Almeida, médico do esporte e ortopedista do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Inclusive, vale lembra que, muitas vezes, em um box de crossfit o professor consegue dar maior atenção aos atletas durante a realização dos exercícios (pois a turma tem um limite de alunos) do que em uma academia lotada no horário de pico.

Além de evoluir gradualmente no esporte e não exceder a capacidade de realização de esforço --seja por um excesso de carga ou de repetições, seja por um gesto inadequado --, para reduzir o risco de lesão é essencial respeitar o período de descanso entre os treinos (que geralmente é de 48 horas) e cuidar da alimentação e da hidratação, pois esses são fatores importantes para uma recuperação muscular adequada.