Jovens e mulheres têm mais propensão a esconder abuso e depressão do médico
Viver uma relação abusiva, sofrer um abuso sexual, lutar contra a depressão ou ter pensamentos suicidas são situações que devem ser abordadas de forma delicada em uma conversa. Dificilmente, no entanto, o(a) sobrevivente se sente à vontade para falar sobre o assunto —principalmente com seus médicos.
Em um novo estudo publicado no periódico JAMA Network Open, entre 40% e 47,5% dos pacientes entrevistados que passaram ou passam por uma ou mais dessas situações não informam a seus médicos por vergonha, medo de serem julgados ou por não querer dar continuidade a um possível tratamento após compartilhar esse tipo de informação.
A análise mostrou ainda que os jovens e as mulheres eram o público mais propenso a esconder essas informações. A pesquisa foi feita em colaboração entre cientistas da University of Utah Health, da Middlesex Community College, da University of Michigan e da University of Iwoa.
Como o estudo foi feito?
- Os cientistas analisaram informações de participantes adultos recrutados entre março e novembro de 2015 nos Estados Unidos.
- Eles usaram duas frentes de recrutamento: o site de crowdsorcing Amazon's Mechanical Turk (MTurk) e a consultoria Survey sampling International (SSI).
- Os cientistas pediram aos participantes para responder se eles já haviam escondido alguma informação importante do médico. Se a resposta fosse sim, era necessário explicar o motivo.
- Eles então analisaram quantos dos participantes decidiram esconder informações sobe quatro situações específicas: depressão, suicídio, violência doméstica e abuso sexual.
- Entre os que disseram lutar com pelo menos uma das situações em suas vidas dentro do grupo do site MTurk, 47,5% disseram não revelar as informações ao seu médico de confiança. Esse valor foi de 40% entre os participantes pelo SSI.
- Em ambos os grupos, os motivos mais usados para reter essas informações foram vergonha, não querer ser julgado ou ouvir um sermão, e não querer se envolver em uma situação em que precise de acompanhamento médico de longo prazo.
- Em ambos os grupos, os jovens e as mulheres foram os que mais disseram preferir guardar essas informações para si.
Por que isso é importante?
Para os médicos poderem ajudar seus pacientes, é necessário que eles primeiro saibam com quais situações seus pacientes estão lutando. Pessoas que sofreram abuso sexual, por exemplo, têm mais chance de desenvolver estresse pós-traumático e doenças sexualmente transmissíveis, além de outras doenças secundárias.
Entender o que leva essas pessoas a guardarem para si esses problemas, portanto, é fundamental para que os médicos possam ajudá-los oferecendo recursos como medicamentos e tratamento psicológico.
O estudo também levanta a bola sobre a forma como muitos médicos falham ao subestimar as queixas do público jovem e feminino —justamente os mais propensos a guardarem as informações para si.
Este não é o primeiro estudo feito pelo time; em 2018, eles já haviam mostrado que 60% a 80% dos pacientes não revelam informações relevantes sobre seus problemas diários com comida e exercícios, levantando questionamentos a respeito da relação entre médicos e pacientes.
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