Esclerose múltipla: conscientização reforça a importância do diagnóstico
No primeiro semestre de 2016, o estudante de fisioterapia Manoel Feitosa Neto, então com 21 anos, apresentou problemas de visão depois de uma cirurgia no maxilar. Após alguns exames, foi diagnosticado com esclerose múltipla no HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), filiado à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). "Após o início do tratamento, passei a levar uma vida normal", enfatiza.
A esclerose múltipla é uma doença neurológica inflamatória crônica. Segundo o chefe do Serviço de Neurologia do HC-UFPE, Márcio Andrade, "esta é uma doença complexa e de diagnóstico difícil. Oferecer um tratamento e acompanhamento especializado para os pacientes é muito importante".
No tratamento, há os medicamentos imunossupressores, que reduzem a eficiência do sistema imunológico, impedindo o ataque ao sistema nervoso. Há ainda os imunomoduladores, como o tomado por Manoel Neto. Ele recebeu treinamento da equipe do HC-UFPE e aplica em si próprio, semanalmente, o medicamento distribuído gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). "Tomo o medicamento e a cada cinco meses vou ao HC para acompanhamento. Fiquei internado cinco dias no hospital e minha vista direita está estabilizada, reduzida em apenas 30%", completa.
É importante também tratar dos sintomas, como os urinários e a fadiga. A neurorreabilitação, por exemplo, colabora na adaptação e recuperação e na prevenção ao longo do tempo de deformidades físicas. Entre as terapias de neurorreabilitação, estão: psicologia, neuropsicologia, fisioterapia, arteterapia, fonoaudiologia, fisioterapia, neurovisão e terapia ocupacional. "Por orientação médica, comecei a praticar atletismo, minha vida hoje é melhor do que antes da doença", afirma Manoel.
O HC-UFMG (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais), outra unidade filiada à Ebserh, possui um serviço especializado na área. O Ciem (Centro de Investigação em Esclerose Múltipla) atende cerca de 45 pessoas por semana. De acordo com o coordenador do Ciem, Marco Aurélio Lana, o Centro tornou-se referência internacional devido à "abordagem multidisciplinar e ao emprego das mais avançadas estratégias terapêuticas, além de sua estrutura de funcionamento, integrando profissionais da saúde de diversas áreas, seus protocolos de tratamento e suas pesquisas científicas".
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De causa desconhecida, a esclerose múltipla não tem cura. Os pacientes podem apresentar sintomas como fadiga intensa, depressão, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio da coordenação motora, dores articulares e disfunção intestinal e da bexiga.
Há cerca de 35 mil portadores da doença no país, segundo a Abem (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla). A maior quantidade de casos se dá no Hemisfério Norte e em países escandinavos. A doença pode provocar lesões cerebrais e medulares, e acometem "predominante mulheres, pessoas brancas, de 20 a 40 anos e que vivem em regiões frias, distantes da Linha do Equador", esclarece Rosana Scola, chefe do Serviço de Doenças Neuromusculares e Desmielinizantes da Unidade de Neurologia e Psiquiatria do CHC-UFPR (Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná), também filiado à Ebserh.
A forma mais comum da doença é a Esclerose Múltipla Remitente Recorrente, cuja evolução se dá em surtos nos quais os sintomas ocorrem subitamente, deixando sequelas ou não. Essa forma é diferente do que ocorre na Esclerose Múltipla Primária Progressiva, que evolui sem surtos, mas com sintomas progressivos acumulados. Já a Esclerose Múltipla Secundaria Progressiva evolui com sintomas lentos e progressivos.
"Os pacientes com surtos são atendidos inicialmente pelo atendimento de emergência e posteriormente na especialidade, para dar continuidade as orientações. Atendemos também as intercorrências de pacientes, como os surtos na forma remitente recorrente", relata Rosana Scola. O CHC-UFPR é referência no tratamento da doença no estado, por onde passam cerca de 20 pessoas por semana.
Percebendo os sintomas, deve-se procurar um médico neurologista, para se buscar um diagnóstico já que há uma série de doenças inflamatórias e infecciosas com alguns sintomas semelhantes. "O diagnóstico é realizado por meio de um exame neurológico detalhado realizado por um especialista e auxiliado com exames de Imagem e do líquido cefalorraquidiano", ressalta Franciluz Bispo, neurologista do HU-UFPI (Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí), unidade da Rede Ebserh que também é referência no estado em Neurologia, atendendo portadores de esclerose múltipla do meio-norte do Brasil.
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