Vacina contra a dengue está em fase final de testes em humanos
A dengue é um problema de saúde pública. Por isso, além de intensificar ações de vigilância para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, o Governo Federal aposta no desenvolvimento de uma vacina contra a doença.
Desenvolvida pelo Instituto Butantan, de São Paulo, com o apoio do Ministério da Saúde, a vacina está em fase final de testes e com bons resultados em humanos, com o processo se mostrando seguro em voluntários. "Há mais de 20 anos que se fala em controle de dengue, mas as pessoas não ligam muito, só quando tem epidemia e depois esquece, eu sei da dificuldade para combater a dengue, por isso me voluntariei", conta Solange Mascherpe, funcionária pública que participou de uma das fases de teste.
Solange trabalha no Centro de Controle de Zoonoses de Rio Claro, interior de São Paulo, e há dez anos faz parte do grupo de prevenção de doenças. Uma delas é justamente no vetor do mosquito da dengue, e isso fez com que ela se candidatasse, em 2015, como voluntária dos testes para a vacina contra a dengue. "Vi o trabalho do Butantan e do Hospital das Clínicas e pensei que essa poderia ser uma maneira de tentar ajudar", lembra.
Essa vacina terá o potencial de proteger uma quantidade cada vez maior de pessoas com apenas uma dose e terá eficácia contra os quatro sorotipos dos vírus da dengue. O objetivo do teste, conhecido como fase 2, é analisar se o tratamento produz efeitos colaterais sem a doença. "No meu caso, deu certo. Alguns dias depois deu reação normal na pele, mas não tive mais nada", relatou a servidora.
Na primeira fase de testes, a vacina é aplicada em um número relativamente pequeno de pessoas, geralmente de 50 a 100 participantes. Nesse momento, o objetivo principal é avaliar a segurança da vacina que está em estudo. Na segunda fase, o número de pessoas é maior e é quando se dá a continuidade do monitoramento do perfil de segurança do produto. Além disso, é feita uma análise do ponto de vista imunológico, ou seja, é avaliado como a vacina estimula o sistema imunológico na proteção contra o organismo causador da doença —no caso, o vírus da dengue.
Segundo Alexander Precioso, diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan, todas as informações são analisadas criteriosamente e é importante saber que essas etapas envolvem uma série de fatores, como a incidência da doença, objetivos que se quer alcançar, se está apta ou não. "Em todos os casos, os voluntários são comunicados do que está sendo analisado e feito", explica o diretor.
Foi o que aconteceu com Solange. "Eu tomei a vacina e fui acompanhada semanalmente, depois quinzenalmente e mensalmente. Isso será durante os cinco anos após a vacina, ou seja, até ano que vem eles vão acompanhar para saber como meu organismo está reagindo", afirma. "Vou lá tirar sangue para fazer uma avaliação, saber como está sendo a reação imunológica. Além disso, eles ligam sempre perguntando se está tudo bem e se tive algum sintoma", complementa.
Atualmente, o estudo conta com 17 mil voluntários nas cinco regiões do Brasil. A expectativa é que essa vacina possa ser indicada tanto para pessoas que já foram infectadas por um dos quatro subtipos da dengue quanto para aquelas que nunca tiveram a doença.
Medidas de proteção
Mesmo com a vacina em fase final, é importante que as medidas de proteção contra o mosquito continuem sendo realizadas para evitar, por exemplo, a proliferação do Aedes aegypti em águas paradas. "É fundamental a conscientização, as pessoas precisam saber da importância de eliminar o mosquito. Eu trabalho com isso e sei o quanto é difícil, as pessoas negam que tem criador em casa. A vacina será importante, mas não pode deixar de ter o controle do vetor", reforça Solange.
Por isso, uma forma de prevenção é eliminar o mosquito acabando com possíveis criadouros e mantendo o domicílio sempre limpo. Além disso, é muito importante sempre permitir o acesso do agente de controle de zoonoses em sua residência ou estabelecimento comercial.
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