Remover ou não pelos pubianos não tem relação com chances de contrair IST
Depilar todos os pelos pubianos não diminui ou aumenta os riscos de desenvolver alguma IST (infecções sexualmente transmissíveis). Deixar os fios crescerem também não tem relação com as chances de contrair essas doenças. A conclusão é de um estudo publicado no periódico Plos One na quarta-feira (4).
A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade Estadual de Ohio (EUA), entrevistou 214 estudantes universitárias sobre suas preferências de depilação e realizou testes para clamídia e gonorreia nas participantes.
Os resultados mostraram que pouco mais de 98% das estudantes relataram algum nível de remoção de pelos e 53,6% retiraram totalmente os pubianos no último ano semanalmente ou diariamente. Ao todo, menos de uma em cada dez das participantes teve clamídia ou gonorreia, mas os pesquisadores não encontraram nenhuma ligação entre os tipos de depilação e a prevalência de qualquer uma dessas infecções.
Segundo os autores do estudo, as descobertas não apoiam a necessidade de abordar a aparência dos pelos pubianos como um fator de risco para IST. Mas consideram que estudos futuros sobre esse tópico poderiam usar uma amostra maior e mais representativa para permitir estimativas mais precisas e maior generalização.
Depilar ou não depilar, eis a questão
De acordo com a Carolina Sumam, médica pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e especialista em dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), retirar os pelos da axila, da região pubiana ou de qualquer outra parte do corpo é uma opção da pessoa. "Não é uma questão de higiene e sim de estética", diz.
Teoricamente, os pelos servem para proteção da pele. Os que nascem na axila, no tórax, na barba e na virilha são respostas aos hormônios sexuais e protegem a pele e as glândulas locais. "Por isso, eliminar os fios pode causar infecções e irritações", explica Sumam.
Os microtraumas provocados pela lâmina ou até pela cera também favorecem a penetração de micro-organismos no corpo. Essas bactérias e fungos podem causar foliculite --infecção dos bulbos em que o cabelo cresce, chamados folículos -- ou até verrugas virais, causadas pelo HPV quando a pele entra em contato com superfícies contaminadas.
Apesar dos possíveis riscos, não é preciso criar pânico da depilação. A ginecologista Silvana Maria Quintana, chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRPUSP), explica que não existem estudos que comprovem que a retirada dos pelos da região íntima aumenta o risco de infecções.
Sumam concorda: "A remoção dos pelos interfere muito pouco no desenvolvimento de doenças, desde que você mantenha uma higiene adequada".
A ginecologista, inclusive, ressalta que aparar os pelos não traz prejuízos e a retirada do excesso pode até facilitar a higiene da região. O problema existe quando as mulheres retiram totalmente os fios pubianos. "Como médica, não indico a depilação completa, porque o pelo existe para manter a flora bacteriana saudável", diz Quintana. "Mas é óbvio que se a paciente se sentir bem em retirar os fios eu não contraindico. É uma opção dela."
Quintana ainda alerta que as pessoas não devem constatar que não ter pelos é mais higiênico, como aconteceu no caso da atriz Bruna Linzmeyer, criticada por deixar os pelos na virilha aparentes em uma foto publicada no Instagram (abaixo).
Foque na camisinha e não nos pelos
O preservativo é o método anticoncepcional que apresenta maior variação entre a taxa de proteção no uso perfeito (98%) e na vida real (82%), de acordo com um estudo publicado no periódico científico Contraception. Isso é um indício de que boa parte das pessoas não utiliza a camisinha de maneira certa.
Um dos erros mais cometidos é usar o preservativo somente no fim da transa, quando o homem vai ejacular. Segundo especialistas, isso é arriscado, pois mesmo antes do orgasmo o pênis libera secreção que pode conter esperma. Outras falhas comuns, que aumentam o risco de estouro (e de gravidez), são não saber colocar o preservativo e armazená-lo de forma inapropriada —deixar muito tempo na carteira, no porta-luvas do carro (exposto ao calor) ou na bolsa, perto de objetos pontiagudo (pentes, chaves, grampos de cabelo etc.).
Vale lembrar que a camisinha é o único e mais seguro método para evitar Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST). A OMS também enfatiza a importância da educação sexual para a prevenção.
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