Além da depressão: transtornos mentais são a principal causa de suicídio
Resumo da notícia
- Depressão é a doença mais associada ao suicídio, mas outros transtornos mentais também podem levar a pessoa a cometer essa atitude extrema
- Transtorno bipolar, ansiedade e abuso de substâncias são fatores que aumentam os riscos de suicídio
- Entre os mais jovens, a impulsividade na hora de lidar com problemas do dia a dia também pode ser um fator relevante
- Os especialistas recomendam ouvir quem está nessa situação sem julgamentos e incentivar a busca por ajuda profissional
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que, todos os anos, 800 mil pessoas tiram suas vidas em todo o mundo. De acordo com a entidade, em grande parte dos casos, os transtornos mentais --particularmente depressão e abuso de substâncias -- são fatores que contribuem para tomar essa atitude extrema.
"De fato, muitos transtornos mentais geram intensa dor emocional, fortes sentimentos de culpa, vazio, angústia e raiva, o que pode levar a pessoa a acreditar que o suicídio seja uma solução para colocar um fim nessa situação", afirma Eduardo Martinho Junior, médico coordenador do ADRE (Ambulatório para o Desenvolvimento dos Relacionamentos e Emoções) do IPq (Instituto de Psiquiatria) da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e pesquisador no Hospital McLean, da Harvard Medical School, nos EUA.
Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria estimam que 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. Em números absolutos, a depressão é a doença mais associada ao suicídio, mas ela não é a única. "Transtornos de humor, como o transtorno bipolar, também podem levar o paciente a tirar a própria vida", afirma o especialista, que falou com exclusividade ao VivaBem.
O médico também cita os transtornos psicóticos, de personalidade, o abuso de substâncias e até mesmo os transtornos de ansiedade como capazes de levar o paciente ao limite e, em último caso, a cometer suicídio.
Entre os jovens, Junior lembra que o componente da impulsividade também é um fator relevante. "Na adolescência, há importantes mudanças hormonais, e o cérebro passa por uma remodelação que torna mais difícil o controle de impulsos e a regulação das emoções", explica. "Com isso, conflitos familiares, problemas de comunicação social, vivências de abuso e outras situações extremas aumentam muito o risco de suicídio nessa faixa etária", diz.
Como ajudar um parente ou amigo
Nem todos os pacientes que têm a intenção de cometer suicídio dão sinais. Mas alguns sintomas podem servir de alerta: falar muito sobre morte e vontade de morrer, expressar desesperança em relação ao futuro, ter comportamentos autodestrutivos e isolamento social podem indicar um intenso sofrimento psicológico.
Nesse caso, é importante levar os sentimentos da pessoa a sério, demonstrar preocupação e ouvir atentamente o que ela tem a dizer, caso ela queira se abrir. Também procure incentivar a pessoa a buscar ajuda com um profissional de saúde mental para que ela inicie um tratamento e seja corretamente orientada.
Como lidar com a dor de perder alguém para o suicídio?
A morte de alguém próximo por suicídio é sempre um baque. Neste momento difícil, é importante vivenciar o luto e aceitar que aquela decisão não foi sua. "A mente vai naturalmente procurar causas para explicar a situação, mas dificilmente será possível compreender claramente todos os motivos", diz Junior.
Ele lembra que sentimentos como culpa e raiva são comuns nesses momentos, mas para tudo há limite. "É importante que a pessoa busque ajuda médica se sentir que não está conseguindo lidar com a situação de forma saudável", reforça.
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