Dá para lidar com idiotas sem ser estúpido também; especialistas dão dicas
Resumo da notícia
- Não existem fórmulas e sim tentativas. Uma delas é analisar a situação e observar quando você está sendo envolvido em algum jogo de poder
- Fuja do embate: pessoas assim buscam o conflito e confrontar não vai resolver a situação
- Manter a calma e responder tranquilamente, quando possível, uma resposta ríspida ou agressiva, pode reverter a situação
Quase todo mundo já passou por uma situação desagradável ou humilhante protagonizada por alguém considerado inconveniente, estúpido, babaca ou idiota. A sociedade utiliza vários termos para designar essas pessoas inconvenientes que gritam, desrespeitam e menosprezam as outras, abusam de sua hierarquia, dão respostas ríspidas ou humilham outros na frente de todos, roubam créditos pelo sucesso alheio, jogam a culpa pelos seus fracassos para outras pessoas, invadem privacidades, falam mal e fazem de tudo para fazer a outra pessoa se sentir um lixo. A psicologia, porém, define esses indivíduos como pessoas difíceis.
Para o psicólogo e professor de psicologia da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), Cláudio Edward dos Reis, não existe um consenso, mas um julgamento do que se entende sobre esse comportamento, que segundo ele, parte de uma ou várias limitações do indivíduo. Para compensar essa limitação, que pode ser profissional, no campo pessoal ou cognitivo, a pessoa cria estratégias para, de alguma forma, se sobressair dos demais.
"Dependendo do tipo de limitação que a pessoa tiver, ela vai criar uma estratégia para estabelecer relações", explica Reis. Uma delas é a agressividade. Outra pode ser a omissão, o isolamento ou o boicote. Para ele a utilização dessas estratégias é, em parte, consciente, porque a pessoa sabe da sua limitação, e em parte é inconsciente, porque ela começa a representar e depois ela acaba se tornando vítima da própria representação.
Como lidar com pessoas assim?
Não existe uma fórmula de sucesso, existem tentativas, explica Reis. "A primeira delas é perceber a situação e quando essa situação faz parte de um jogo de poder", analisa. O professor descarta o confronto direto pois o indivíduo não estaria em um padrão de "normalidade". No lugar, ele indica ouvir em silêncio e até mesmo se afastar em alguns casos, pois, geralmente essas pessoas querem o embate.
O psicólogo Linniker Matheus Soares de Moura aposta na comunicação assertiva: expressar os pensamentos e sentimentos sem prejudicar, ofender ou machucar os direitos e sentimentos do outro, agindo justamente de forma oposta a agressividade. "Muitas vezes a gente está recebendo uma palavra dura, uma humilhação, uma crítica desnecessária e de uma forma totalmente desproporcional e o melhor é tentar ouvir, se acalmar e tentar não deixar a raiva passar pela frente da razão", argumenta.
Outra dica que pode ser eficaz segundo Reis, é confiar no que você pensa, pode, sabe e lembrar inclusive, que você tem limitações. Em algumas disputas não é de bom termo você entrar no debate, então se mantenha alheio. Você não pode exigir do outro aquilo que ele não pode dar. "Eu preciso ter essa atitude mais centrada, manter um distanciamento e quando isso não for possível, manter a integridade, sem ferir aquilo que se acredita" finaliza.
Como identificar pessoas difíceis
Pessoas babacas ou estúpidas possuem comportamentos que seriam socialmente indesejáveis e, se não na maior parte, na maioria do tempo, não possibilitam a interação saudável com o outro. Moura afirma que pessoas difíceis de lidar precisam trabalhar suas habilidades sociais, porém, existem outros elementos que podem levar alguém a agir de forma estúpida, como "fatores de personalidade, traços de agressividade e impulsividade elevados".
Em geral, você percebe que a pessoa destoa de um padrão aceitável de comportamento social. Por esses comportamentos, elas acabam se destacando e sendo rotuladas e interpretadas como pessoas que têm pouca empatia. "Podem também ser classificadas como pessoas ruins e chatas, o que acaba manchando a imagem social dessas pessoas", analisa Moura.
Relações abusivas
"É muito comum no ambiente de trabalho encontrar relatos do que nós chamamos de relacionamentos abusivos", diz Moura. O psicólogo explica que esses relacionamentos acontecem em todos os espaços sociais em que acabam se criando relações de hierarquia e de poder. No trabalho não é diferente. "Quem recebe a resposta mais dura por uma agressão verbal e humilhação com certeza tem a sua saúde mental afetada de alguma forma", completa Moura.
A agressão verbal tem repercussões psicológicas tanto quanto a física. Moura relata que muitos pacientes que sofreram abuso no trabalho trazem traumas relacionados a palavras, frases e até mesmo olhares emitidos por seus chefes ou superiores. Um dos problemas psicológicos mais comuns dessas relações é a síndrome de Burnout, que pode desencadear depressão, crises ansiosas e muitos outros transtornos psiquiátricos.
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