12 formas de ajudar o cérebro a nos deixar mais felizes
A sensação de felicidade dispensa explicação, porém é efêmera. Não existe felicidade plena, e sim momentos felizes. E em tempos tão difíceis conseguir manter essa sensação de maneira mais regular é um grande desafio. Irritabilidade, raiva, intolerância tão presentes em nosso cotidiano podem atrapalhar a produção de neurotransmissores que promovem a sensação de alegria e bem-estar. E é preciso manter-se alerta e até dar uma ajudinha ao cérebro adotando comportamentos que possam desencadear os efeitos da serotonina, endorfina, dopamina e oxitocina.
Esse quarteto pode deixar qualquer pessoa em estado de graça. E a boa notícia é que, por meio de algumas ações no dia a dia, é possível dar uma mãozinha para os neurônios produzirem tais substancias que nos deixam mais felizes. A sensação positiva pode acontecer prontamente, mas ela não irá se manter continuamente. O melhor mesmo é apostar em uma mudança de hábito, mas é importante destacar que é preciso persistir 21 dias para que o ajuste de comportamento se consolide.
O cérebro funciona como uma máquina que precisa de combustível para funcionar corretamente. Portanto, o estado emocional depende dessa máquina em pleno funcionamento. E identificar a ação de cada substância ajuda a conquistar momentos de alegria e prazer.
Serotonina
Conhecida como o neurotransmissor do bem-estar, sua produção é estimulada sempre que a pessoa está realizando algo que gosta ou se sente reconhecida. A serotonina promove bom humor e relaxamento. Já sua escassez contribui para a sensação de solidão e pode levar à depressão. Por isso, investir em uma psicoterapia ajuda a aumentar sua produção, pois é possível resgatar o interesse por coisas importantes e até elevar a autoestima.
Ações a serem adotadas:
1. Exercite-se - mesmo as atividades leves ajudam a promover relaxamento fazendo a pessoa sentir-se bem.
2. Relembre momentos felizes - veja fotos antigas de situações positivas como uma festa ou viagem ou converse com alguém querido para falar de coisas boas vivenciadas juntos.
3. Tome sol - mesmo que seja apenas meia hora por dia, pois a luz natural é essencial para a produção de vitamina D, que também eleva o nível de serotonina.
Endorfina
É considerada a morfina do corpo, uma espécie de analgésico natural. Ela provoca euforia quando o organismo está sendo submetido a uma situação de dor. Por isso, ingerir alimentos picantes é uma das formas de obter uma carga de endorfina.
Ações a serem adotadas:
4. Assistir a filmes tristes - um estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, confirmou que um bom drama daqueles que faz chorar ajuda a produzir endorfina. É uma resposta emocional a um momento de dor.
5. Atividade física intensa - para fazer a pessoa tentar superar seus limites. Só é importante ter cuidado para não se machucar, pois após a euforia pode vir o desconforto.
6. Trabalhar em equipe - a união social também garante o aumento das endorfinas, pois a sensação de pertencimento a um grupo e o esforço por representá-lo aciona a circuitaria cerebral relacionada com o controle da dor e com a percepção do prazer, por meio da endorfina.
Dopamina
Um estudo sobre efeitos da dopamina no cérebro publicado na revista Neuron relatou que a substância tem mais a ver com motivação e relação custo-benefício do que com o próprio prazer. É ela que te empurra para conquistar aquela promoção no trabalho ou conseguir emagrecer mais uns quilinhos. Essa substância química é, na prática, acionada quando se dá o primeiro passo em busca de um objetivo.
Ações a serem adotadas:
7. Definir metas de curto prazo - essa é uma maneira de estimular a produção de dopamina, pois existe algo a ser conquistado/superado.
8. Meditar - ela facilita a concentração e o estado de presença para acalmar a mente, afinal a prática também promove um desafio de busca interior e de compreensão mais ampla sobre a vida.
9. Aprender algo novo - todo o processo de aprendizado exige esforço em busca de uma meta, que tem relação com a dopamina, além de ativar o mecanismo de recompensa do cérebro.
Oxitocina
É considerada o neurotransmissor dos vínculos emocionais, portanto, é motivada por um abraço ou aquele olhar carinhoso. Os contatos virtuais não conseguem ativá-la, afinal ela precisa desse afago. É um composto cerebral importante na construção da confiança, algo imprescindível para estabelecer vínculos afetivos.
Ações a serem adotadas:
10. Receba uma massagem - o toque é um forte estimulador desse neurotransmissor, pois promove uma sensação de acolhimento.
11. Faça uma atividade voluntária - boas ações conectam pessoas, portanto estimulam o cérebro a produzir oxitocina. Presentear também uma ação estimulante.
12. Brinque com o bichinho de estimação - um cafuné no gatinho ou cachorro também ativa o neurotransmissor.
Cuide do seu cérebro
Assim como é importante cuidar do corpo, também é essencial zelar pelo funcionamento cerebral e retardar a sua degeneração. E seu bom funcionamento não depende de uma ou outra substância, mas de um conjunto funcionando de forma adequada. Na prática, todos os cuidados com o organismo como uma boa alimentação, atividade física regular, gerenciamento do estresse e aquela boa noite de sono irão se refletir na saúde cerebral de forma positiva.
Por isso, mais que se preocupar em acionar os neurotransmissores da felicidade é importante compreender seus efeitos em longo prazo. As mudanças de hábito e/ou a pratica de ações saudáveis irão contribuir para uma experiência mental positiva que, simultaneamente, irão refletir em mais qualidade de vida e bem-estar. Ao estimular os neurônios a produzirem serotonina, endorfina, dopamina e oxitocina —neurotransmissores responsáveis pelos momentos felizes —, é possível ativar regiões do cérebro que promovem estados de ânimo e alegria. E isso é detectado por meio de situações favoráveis e de contentamento.
Fontes: Denis Bichuett, professor da disciplina de Neurologia na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia; Fernando Gomes, médico neurocirurgião e neurocientista e Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia; e Wander Pereira, Mestrado e Doutorado em Psicologia na Universidade de Brasília (UnB) e docente da disciplina de Felicidade, pioneira no Brasil e na América Latina.
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