Tomar metilfolato (ácido fólico) ajuda no combate à depressão?
O ácido fólico é um suplemento muito associado a grávidas —com toda razão, afinal é fundamental para a formação do tubo neural (estrutura embrionária que dá origem ao cérebro e à medula espinhal) e desenvolvimento do sistema nervoso do bebê. Mas a substância, ou melhor, o metilfolato, produzido no organismo a partir do ácido fólico e do folato (vitamina B9), também é essencial para a saúde de qualquer pessoa, e não apenas a física, como também a mental.
Nos últimos anos, inclusive, a literatura científica tem demonstrado uma conexão entre a deficiência do metilfolato e distúrbios psiquiátricos, sobretudo a depressão. Por isso, o consumo adequado de vitamina B9 —em sua forma natural (folato) ou sintética (ácido fólico) — pode ser indicado em alguns casos específicos para ajudar no tratamento da doença.
Como o metilfolato ajuda no combate à depressão
O metilfolato é um cofator essencial para a produção dos neurotransmissores serotonina, dopamina e norepinefrina. Essas substâncias desempenham papel fundamental na regulação do humor e o baixo nível delas no organismo está associado a quadros de depressão. Portanto, manter a ingestão adequada de vitamina B9, que para indivíduos adultos é de 400 microgramas por dia, é importante para auxiliar no combate à doença.
E há estudos que comprovam isso. Um deles, realizado por cientistas norte-americanos da Universidade do Alabama, do Centro de Medicina Familiar Cone Health, da Clínica Affairs e da empresa Analytic Services Inc, avaliou 554 pacientes tratados durante três meses com 7,5 mg e 15 mg de metilfolato (que é vendido como suplemento). Os resultados, nos dois casos, foram melhoras significativas nos sintomas e no funcionamento autorrelatado da doença e maior satisfação com o tratamento.
Em outra pesquisa, essa comandada pelos Departamentos de Psiquiatria do Massachusetts General Hospital, da Escola de Medicina de Harvard, os dois dos Estados Unidos, e do Centro Médico Samsung, na Coreia do Sul, portadores de depressão bipolar tomaram 15 mg diariamente de metilfolato por seis meses. Ao final, 60% dos pacientes apresentaram 50% de melhora nos sintomas e 40% tiveram a remissão da doença.
Apesar das boas notícias, os especialistas consultados pelo VivaBem pontuam que nem toda pessoa que sofre de depressão deve fazer uso do elemento. Sua indicação é para os casos mais graves, quando o paciente não apresenta melhoras após a utilização de vários medicamentos, e a substância só deve ser prescrita pelo médico após a realização de exames (de sangue ou genético). Além disso, o consumo de metilfolato não substitui a terapia antidepressiva tradicional, apenas pode ser útil como coadjuvante, melhorando a resposta ao tratamento e reduzindo as chances de recaída.
Causas da deficiência de metilfolato
Como falamos, o metilfolato é produzido no organismo a partir da vitamina B9, substância indispensável para diversas funções importantes do corpo, como síntese e reparação do DNA e do RNA, divisão e crescimento celular e produção de novas proteínas.
A versão natural do nutriente (folato) esta presente em vegetais folhosos verde-escuros, principalmente brócolis, espinafre e couve, carnes vermelhas, feijões, lentilha, cereais integrais, laranja, ovos, leite e derivados. Já a forma sintética é encontrada em medicamentos, suplementos e produtos alimentares enriquecidos (pães e farinhas, por exemplo) como ácido fólico ou até mesmo metilfolato.
Sua falta ocorre por diversos mecanismos: ingestão alimentar insuficiente, utilização inadequada do suplemento, aumento na necessidade (na gestação, por exemplo), uso de determinados medicamentos (contraceptivos orais e antiepiléticos são alguns), consumo excessivo de álcool, tabagismo e presença de doenças, como renais, inflamatórias intestinais e certos tipos de câncer.
Além disso, há um grupo de pessoas que, por conta de uma falha metabólica genética, não conseguem converter o ácido fólico ou o folato em metilfolato —o defeito é causado pelo polimorfismo C677T da enzima metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR).
Fontes: Maria Del Rosario Alonso, médica nutróloga e integrante da diretoria da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia); Valéria Pagnin, professora do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da UFF (Universidade Federal Fluminense); Grazielle Silva de Lima, nutricionista membro da diretoria do IBNF (Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional); e Luiz Scocca, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo) e membro da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) e da APA (Associação Americana de Psiquiatria).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.