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Fissura labiopalatina dificulta alimentação; tratamento é multidisciplinar

No Brasil, uma em cada 650 crianças nasce com fissura labiopalatina, de acordo com dados da USP - iStock
No Brasil, uma em cada 650 crianças nasce com fissura labiopalatina, de acordo com dados da USP Imagem: iStock

Do Jornal da USP

28/09/2019 12h12

No Brasil, uma em cada 650 crianças nasce com fissura labiopalatina, segundo dado do HRAC/Centrinho (Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais) da USP (Universidade de São Paulo), em Bauru. A abertura na região do lábio e/ou palato é uma condição congênita em que há comprometimento da fusão dos processos faciais durante a gestação.

Ela apresenta grande variabilidade clínica, podendo envolver desde uma pequena cicatriz labial até fissuras completas e bilaterais, que atingem o palato e são mais complexas. Pode ocorrer de forma isolada, estar associada a outras malformações ou ainda fazer parte de um quadro sindrômico.

Uma combinação de fatores genéticos, relacionados à hereditariedade familiar, e outros chamados ambientais podem contribuir para a formação das fissuras labiopalatais.

As principais implicações que as fissuras podem trazer são dificuldade na alimentação, alterações na arcada dentária e na mordida, comprometimento do crescimento facial e do desenvolvimento da fala e audição.

O tratamento é um processo que envolve a atuação de equipe interdisciplinar, das áreas de cirurgia plástica, odontologia, fonoaudiologia, entre outras especialidades, todas indispensáveis à reabilitação, que engloba aspectos funcionais, estéticos e emocionais.

O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP é pioneiro em suas áreas de atuação e considerado centro de referência no tratamento das anomalias craniofaciais congênitas, síndromes associadas e deficiências auditivas, com assistência disponibilizada via SUS (Sistema Único de Saúde). O acesso de novos pacientes é por meio das centrais de regulação, a partir de avaliação inicial em unidade básica de saúde.

Conhecer para entender

Para dar visibilidade e ampliar o conhecimento do público sobre essa malformação, a Smile Train, instituição filantrópica internacional, promove, entre 30 de setembro e 4 de outubro, a 2ª Semana Pan-Americana de Fissura Labiopalatina, com atividades em diversos países do continente americano.

O HRAC da USP participa do evento com diversas atividades especiais, voltadas aos pacientes, estudantes e também à população. Durante a semana, o hospital irá priorizar cirurgias relacionadas ao tratamento da fissura labiopalatina, como as cirurgias plásticas reparadoras e as de enxerto ósseo alveolar (que reconstituem o osso do arco dentário).

No dia 2 de outubro, das 14 às 18 horas, haverá um workshop sobre o tratamento multidisciplinar das fissuras labiopalatinas voltado a estudantes de graduação dos cursos de Odontologia, Fonoaudiologia e Medicina da FOB (Faculdade de Odontologia de Bauru) da USP.

A cidade também será palco do encerramento da Semana Pan-Americana de Fissura Labiopalatina, no dia 4 de outubro (data em que é celebrado o Dia Mundial do Sorriso - primeira sexta-feira de outubro).

No período da manhã, das 9 às 11 horas, haverá atividades lúdicas (arte com balões e pintura facial) para as crianças atendidas no HRAC, com participação do grupo de voluntários Fábrica de Sorrisos. Confira a programação aqui.

O hospital é um dos 40 centros que recebem apoio financeiro da Smile Train no Brasil, por meio das cirurgias realizadas, com parceria iniciada em 2017.

A Smile Train é uma instituição filantrópica internacional, sediada em Nova York (Estados Unidos), que há 20 anos apoia o tratamento da fissura labiopalatina. Com atuação em mais de 90 países, contribui ainda com a capacitação de médicos para prestarem assistência a esses pacientes.