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Longevidade

Práticas e atitudes para uma vida longa e saudável


Memória fica fraca com a idade? Veja 5 dicas para deixar a sua afiada

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Imagem: iStock

Diego Garcia

Colaboração para o VivaBem

18/10/2019 04h00

Resumo da notícia

  • O envelhecimento do cérebro, assim como dos outros órgãos do corpo, é inevitável; o declínio da memória é uma consequência
  • É possível adiar a perda de memória aumentando a atividade cerebral
  • Estudar, ler, fazer exercício físico, ter vida social e cuidar da alimentação e do sono são dicas para manter a memória ativa

Não é à toa que nos acostumamos a associar envelhecimento com esquecimento - e até nos divertimos com isso. Com o passar dos anos, a memória, assim como outros processos do corpo, sofre um desgaste e pode começar a falhar. "A velocidade de transmissão do impulso nervoso entre os neurônios diminui com o envelhecimento. Com isso, as habilidades cognitivas podem não ter a mesma eficiência de quando a pessoa era mais jovem", afirma o neurocientista e neurocirurgião Fernando Gomes, colunista do VivaBem.

Lucas Porcello Schilling, neurologista e pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul, explica que o declínio da memória começa a ser perceptível a partir dos 50 anos, intensificando-se após os 60. Mas isso não quer dizer que todo mundo terá problemas de esquecimento ao envelhecer. Schilling afirma que uma pessoa ativa intelectualmente, que estuda e lê bastante, por exemplo, tende a postergar o surgimento de falhas de memória. Portanto, quanto mais utilizada, mais eficiente se torna essa aptidão cognitiva.

O médico compara o cérebro a uma cidade com vários bairros: o bairro da memória, o da linguagem e o da atenção, entre outros. Enquanto o trânsito nas ruas flui, é possível chegar aonde quiser. Se alguma coisa acontece e trava uma via, o fluxo para e fica impossível acessar os bairros. O mesmo acontece do ponto de vista cognitivo.

Tipos de memória

Nosso cérebro possui estruturas muito organizadas. A memória, por exemplo, é dividida em de curto e longo prazo. Cada uma, por sua vez, tem várias categorias de organização.

A memória de curto prazo tem relação mais direta com a capacidade de atenção imediata, que é influenciada pela eficiência dos órgãos do sentido, como visão e audição. É ela que nos ajuda a memorizar a vaga onde deixamos o carro no estacionamento do shopping, o nome de alguém que acabamos de conhecer ou o resultado de um cálculo matemático feito mentalmente.

A memória de longo prazo é onde ficam guardados fatos e episódios de nossa vida (formatura da escola e da faculdade, casamento, nascimento de filhos, uma viagem etc.), aprendizados como dirigir, andar de bicicleta e escrever, além de dados e conhecimentos aprendidos como históricos.

Com o passar dos anos, as duas memórias passam a funcionar com menos eficiência. A diminuição relativa na entrada de novas informações sensoriais é um dos fatores para isso. Quando comparadas às habilidades de alguém jovem, a atenção e a memória de curto prazo de um indivíduo acima dos 50 ou 60 são piores. "O que é interessante é que alguns tipos de memória, como a do vocabulário (de longo prazo), por exemplo, permanecem preservadas até uma idade avançada. Por isso muitos idosos são bons em fazer palavras cruzadas", diz Schilling.

Como manter a memória ativa?

Organize seu estilo de vida, buscando ter uma alimentação saudável (dieta mediterrânea é uma ótima em nutrientes que ajudam a preservar a saúde do cérebro), fazer exercícios físicos diários (atividades mistas combinando musculação, tarefas aeróbicas e alongamento são desafiadoras) e dormir um sono reparador. Um estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro detectou que a irisina, hormônio liberado durante o esforço físico, pode até reverter a perda da memória causada por Alzheimer - o que reforça a importância da atividade física.

Treine o tempo todo. Aproveite mesmo pequenas oportunidades (montar a lista do supermercado ou ligar para pessoas conhecidas sem recorrer à agenda do celular) para exercitar a memória. Leitura e estudo também são muito positivos. Aprenda um idioma ou alguma coisa nova, faça cursos de disciplinas e atividades apenas porque se interessa pelo assunto.

Cultive relações saudáveis. Manter atividades sociais é importante sempre. Estar junto com amigos e pessoas queridas, e trabalhar para não perder esse tipo de vínculo ao longo da vida, é importante para manter a saúde mental e a memória.

Recorra a lembretes. Agenda, calendário, despertador e notificações, sejam as ferramentas do celular ou objetos físicos, são aliados da memória porque facilitam o acesso a informações sem tanto esforço. A linha de pensamento é: ajude seu cérebro para que ele ajude você.

Domine a ansiedade. Estar em estado permanente de alerta e expectativa reduz sua capacidade de entrar em amplo contato com novas informações. Colocar atenção plena nas atividades que realiza ajuda a se lembrar das coisas porque lembre-se: memória depende de atenção.

Falhas acontecem

Lapsos de memória ocorrem em todas as fases da vida e não devem surpreender tanto a partir de determinada idade. Pode ser considerado normal para um idoso, por exemplo, não conseguir se lembrar de algum nome ou palavra, mas chegar a ela depois de alguns segundos ou de uma deixa. "Se a pessoa tiver algum grau de demência, não deve conseguir de recordar nem com pistas, pois a falha está no processo de retenção ou fixação da informação", explica Gomes.

O neurocientista complementa que, como a memória depende da atenção, diversos fatores podem interferir nela - ansiedade, estresse, depressão, por exemplo. Além disso, a memória tem etapas: se uma falha, a habilidade fica comprometida. São elas:

Primeira etapa: atenção e contato inicial com a nova informação; acontece principalmente nos lobos frontais.

Segunda etapa: consolidação e mudança na estrutura das conexões neurais e na eficiência das sinapses; hipocampo e os lobos temporais são envolvidos.

Terceira etapa: evocação e lembrança da informação à luz da consciência nos lobos frontais.

Quando se preocupar?

Schilling afirma que nem sempre é fácil distinguir entre um nível de declínio da memória considerado normal da idade e quando é motivo para se preocupar, pois pode haver relação com Alzheimer ou demência, por exemplo. Quando falhas e esquecimentos que antes não ocorriam passam a ser frequentes, pode ser um alerta. "Se há prejuízo nas atividades do dia a dia, com necessidade de repetição de ações por ineficiência da memória, é aconselhável buscar orientação médica", sugere Fernando Gomes.