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Parasita da toxoplasmose causa lesão típica e se espalha pela retina

A toxoplasmose provocar uveíte, uma inflamação intraocular que compromete a visão de forma permanente - iStock
A toxoplasmose provocar uveíte, uma inflamação intraocular que compromete a visão de forma permanente Imagem: iStock

Rosemeire Talamone

Jornal da USP

20/10/2019 04h00

Causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, a toxoplasmose é uma infecção que afeta vários órgãos, além de provocar problemas oculares graves, como a uveíte - inflamação intraocular. Essa inflamação pode levar à formação de cicatrizes e comprometer a visão de forma permanente.

A forma como os parasitas da toxoplasmose se espalham pela retina e causam essa lesão ocular era pouco conhecida pela comunidade científica. Mas após observar 263 pacientes brasileiros, pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) identificaram que a maioria das pessoas apresentava lesões consideradas "típicas", com a hiperpigmentação causada pelo parasita. Já nas análises laboratoriais, feitas pelos pesquisadores da Universidade Flinders, na Austrália, foram esclarecidos alguns aspectos da resposta das células retinianas infectadas pelo toxoplasma.

Segundo a professora Justine Smith, da Universidade Flinders, a pesquisa demonstra como as células da retina respondem a uma infecção por toxoplasma e ajudam a espalhar parasitas pela retina. "Em um dos maiores grupos de pessoas com toxoplasmose ocular estudados até o momento, vemos que a infecção causa uma lesão típica em mais de 90% dos olhos infectados", diz Justine.

"As células retinianas infectadas pressionam as células retinianas vizinhas e não infectadas a crescerem demais e esse processo cria uma lesão distinta que, inclusive, contribui para o diagnóstico", explica o professor João Marcello Furtado, da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) da USP.

Células mais suscetíveis à infecção

A pesquisa mostra que as células do epitélio pigmentado da retina (que atuam como barreira a infecções do olho), quando infectadas com T. gondii secretam as proteínas VEGF e IGF1 e reduzem a produção da glicoproteína TSP1; isso promove a proliferação de células não infectadas e, como resultado, torna essas células mais suscetíveis à infecção.

O professor Furtado diz que a manipulação de proteínas no olho pode ter aplicações terapêuticas para limitar a gravidade da doença. "Não há cura para a toxoplasmose, que geralmente é transmitida pela ingestão de alimentos contaminados. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda medidas de segurança alimentar que incluem lavagem das mãos, uso de água limpa na preparação de alimentos e cozimento adequado", aconselha Furtado.

O estudo Base Molecular das Alterações Epiteliais dos Pigmentos Retinianos que Caracterizam a Lesão Ocular na Toxoplasmose foi publicado na revista Microorganisms. Também participaram do estudo Shervi Lie e Liam M. Ashander, da Universidade de Flinders, e Bárbara R. Vieira, Sigrid Arruda e Milena Simões, da FMRP.

(com informações de Yaz Dedovic, do Escritório de Comunicação e Engajamento da Universidade de Flinders)


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