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Câncer de Bruno Covas é raro em pacientes jovens; saiba mais sobre a doença

Câncer pode ser assintomático  - Eduardo Knapp/Folhapress
Câncer pode ser assintomático Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

Priscila Carvalho

Do VivaBem, em São Paulo

29/10/2019 07h39Atualizada em 30/10/2019 17h06

Resumo da notícia

  • O prefeito de São Paulo Bruno Covas recebeu o diagnóstico de câncer no trato digestivo
  • A doença surpreendeu a equipe médica porque o prefeito é saudável
  • Esse tipo de câncer é raro em pacientes abaixo dos 60 anos

O prefeito de São Paulo Bruno Covas (PSDB) recebeu um diagnóstico de câncer no trato digestivo e terá que passar por quimioterapia. Os detalhes foram divulgados nesta segunda-feira (28).

Durante entrevista à imprensa, os médicos do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde o político está internado, informaram que ele está com câncer na área de transição entre o esôfago e estômago —chamada cárdia— e há ainda metástase no fígado e nos linfonodos.

O diagnóstico surpreendeu a equipe médica porque o prefeito é saudável, pratica exercícios físicos regularmente e não tem histórico familiar de câncer nessa região. O avô dele, o ex-governador de São Paulo Mario Covas, morreu em 2001 em decorrência de um câncer na bexiga.

De acordo com os médicos, o político foi submetido a uma laparoscopia diagnóstica, uma cirurgia por vídeo que coletou material para biópsia. O resultado desse exame deve sair dentro de alguns dias e munirá a equipe de mais informações sobre o tumor.

O tipo de câncer de Bruno Covas nasce no sistema digestivo e é chamado de adenocarcinoma. Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), ele é responsável por cerca de 95% dos casos de tumor no estômago.

Quando ocorre metástase, processo pelo qual as células cancerígenas se espalham por outras partes do corpo, já denota um estágio avançado da doença.

Segundo Renata D'Alpino, oncologista e coordenadora dos Tumores Gastrointestinais e Neuroendócrinos do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, nesse tipo de câncer, o fígado é um dos órgãos mais comuns para o desenvolvimento de metástase.

A especialista ressalta ainda que esse tipo de tumor é raro em pacientes abaixo de 60 anos de idade. Porém, a incidência de jovens que estão recebendo o diagnóstico da doença está aumentando. O prefeito de São Paulo tem apenas 39 anos.

Câncer pode ser assintomático

Assim como ocorreu com Covas, o câncer pode surgir sem nenhum tipo de sintoma relacionado à região abdominal. Vale lembrar que o prefeito foi internado inicialmente no dia 23 por causa de uma erisipela, no dia 25 passou por um diagnóstico de trombose venosa das veias fibulares —exames posteriores mostraram um tromboembolismo pulmonar— até o câncer ser detectado.

Quando há indícios do problema, a doença se manifesta com náuseas, perda de peso, anemia e dor abdominais.

Obesidade é fator de risco

Obesidade e doenças que provocam refluxo aumentam o risco do problema. No passado, Covas chegou a pesar 103 quilos. Em 2017, passou por uma reeducação alimentar e começou a praticar atividade física para perder peso.

Embora ele tenha se tornado uma pessoa mais saudável, hábitos ruins do passado podem elevar o risco de o câncer aparecer mais adiante.

"O tumor pode ter sido provocado por fatores genéticos ou hábitos ruins como tabagismo, dieta rica em sal, consumo de alimentos embutidos e sedentarismo", diz Gustavo Sanches Faria Pinto, oncologista clínico do Departamento de Neoplasias Gastrointestinais do Hospital de Amor Barretos, instituição especializada no tratamento do câncer no interior de São Paulo.

Qual a ligação entre câncer e trombose?

Na semana passada, o tucano procurou o hospital após sentir-se mal. Ele teve trombose venosa das veias fibulares e uma erisipela, mas as duas condições já estão em remissão.

O problema era um dos indícios provocados pelo câncer. Isso por que pacientes que com câncer tem um risco aumentado de sofrer um trombo na perna."O risco de trombose é sete vezes maior se alguém tem um tumor", diz Marcelo Kalil, presidente da regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia (SBACV).*

Quimioterapia é o tratamento mais indicado

Agora, o prefeito passará por quimioterapia —que começa já nesta terça-feira (29)— e os resultados do tratamento serão avaliados em um período de seis a oito semanas. Durante o procedimento, mais testes serão realizados para avaliar a gravidade do tumor e deixar a terapia mais individual.

Em alguns casos, os médicos podem recorrer à imunoterapia ou continuar com a quimioterapia, mudando os medicamentos.

*Dados utilizados em matéria publicada em 25/10/2019