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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Fibrose pulmonar: "Saía de casa com oxigênio extra para não morrer"

Ika84/iStock
Imagem: Ika84/iStock

Giulia Granchi

Do VivaBem, em São Paulo

03/11/2019 04h00

Em dezembro de 2013, Renato Menezes, na época com 59 anos, começou a sofrer com tosses recorrentes, falta de ar e fadiga. Incomodado com os sintomas, o mineiro foi ao pneumologista, que pediu uma tomografia. "De cara, ele confirmou que eu tinha fibrose pulmonar. Tive sorte", conta.

A rapidez do diagnóstico, que não é comum, foi benéfica para Renato, pois ele pode começar o tratamento prontamente. Porém, mesmo com os medicamentos, após cinco anos, a doença evoluiu. O mineiro precisou sair de sua casa em Belo Horizonte e seguir para São Paulo, onde passou a fazer parte da fila por um novo pulmão. "Depois de cinco meses, fui priorizado e, para minha felicidade, consegui o transplante", lembra.

De acordo com o mineiro, sua vida mudou completamente após o procedimento. Antes, ele fazia o uso de cilindro de oxigênio —começou utilizando 2 litros e, quando foi para cirurgia, já consumia 15 litros.

Renato e fisioterapeutas - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Renato e fisioterapeutas durante o tratamento
Imagem: Arquivo pessoal
"Andava em casa com aparelhos elétricos, mas para sair, tinha que usar o cilindro. Precisava sempre me lembrar de levar uma boa reserva de oxigênio, porque, se acabasse, existia o perigo de morte", conta Renato.

Atualmente, o mineiro faz apenas o acompanhamento médico e afirma viver com conforto, sem sequelas e com muita liberdade —já pode dirigir e consegue realizar suas atividades sozinho.

Sintomas comuns geralmente dificultam diagnóstico

Casos como o de Renato, em que a fibrose pulmonar idiopática (FPI) é identificada rapidamente, não são tão comuns. Isso porque, além de rara, os principais sintomas da doença (tosse, falta de ar e fadiga) são extremamente comuns em outras doenças respiratórias ou cardíacas, que assim como a fibrose pulmonar idiopática acometem mais pessoas acima dos 60 anos.

"Se é uma pessoa sedentária, que foi fumante ou já é de idade... Os sinais não costumam ser valorizados e o habitual é a pessoa levar meses ou até anos para chegar a um diagnóstico correto. Muitas vezes, quando descobrem, a doença já estava avançada", afirma Mauro Gomes, médico pneumologista e chefe de equipe de pneumologia do Hospital Samaritano de São Paulo.

Mesmo fazendo a tomografia, é necessário que os médicos eliminem a suspeita de outros tipos de fibrose. "Existem mais de 100 variações da doença. É possível distinguir alterações que indicam quadros específicos pela tomografia, mas, para outros casos, é necessário investigar o histórico do paciente, já que algumas são causadas por medicamentos, exposição a mofo e até refluxo. Se a dúvida persistir, o profissional pode pedir uma biópsia de pulmão", expõe Gomes.

Como a doença age

A FPI é uma doença crônica, não inflamatória e sem cura. Ela provoca cicatrizes (chamadas de fibroses) no pulmão, enrijecendo o tecido saudável. Com a perda da elasticidade, a capacidade de oxigenação do sangue do órgão é prejudicada, dificultando a respiração.

De acordo com Adalberto Rubin, chefe do Departamento de Pneumologia da Santa Casa de Porto Alegre, os médicos não sabem exatamente por que a doença surge, mas observam que, em alguns casos, os pacientes possuem histórico familiar, como é o caso de Renato, que tem dois casos na família —o de seu pai e sua irmã.

Tratamento

O tratamento mais comum é feito com medicamentos antifibróticos, mas também costuma ser recomendado que os pacientes realizem exercícios de reabilitação pulmonar e pratiquem atividades físicas de acordo com a orientação médica.

"Se a doença progride, pode surgir a necessidade de suplementação de oxigênio ou até transplante de pulmão", explica Rubin.

Cuidados que um paciente que vive com a doença deve tomar

Os pacientes devem evitar a exposição às substâncias que podem agravar o problema, como poluentes, mofo e produtos químicos. "Se outros problemas de saúde surgirem, também precisarão de bom tratamento. O refluxo de estômago, por exemplo, pode afetar o pulmão se o ácido chegar até lá. Gripes e pneumonias também podem piorar os sintomas", indica Gomes.

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